terça-feira, 31 de outubro de 2017

Citomegalovírus


Pertencente à mesma família do vírus da herpes, o citomegalovírus é um vírus que pode causar uma infecção no sistema nervoso central, digestivo e também na retina. Presenteem grande parte das pessoas, este apenas se manifesta quando o sistema imunológico está comprometido. Praticamente todas as pessoas possuem o vírus, mas nem todas acabam manifestando a doença citomegalovirose, causada por ele.
Citomegalovírus
Foto: Reprodução

Citomegalovirose

A doença causada pelo citomegalovírus recebe o nome de citomegalovirose. As pessoas, como dissemos anteriormente, em sua maioria, possuem o vírus em seu corpo, mas somente são afetadas aquelas que estão com as defesas diminuídas. Isso é muito comum em pessoas que estão em tratamento de câncer ou ainda da Aids. A citomegalovirose, no entanto, não possui uma cura: o vírus permanece latente no corpo quando o indivíduo é infectado. É muito comum vermos gestantes descobrindo o vírus no organismo devido aos exames do pré-natal. Mas não é, normalmente, um problema a se preocupar, pois não causa alterações no bebê – principalmente caso a mulher tenha sido infectada antes de engravidar (chances de menos de 1% de transmissão para o bebê), mas é importante seguir orientações médicas e fazer os exames pré-natais.
O diagnóstico é feito por meio de um exame de sangue pelo qual é possível evidenciar os anticorpos contra o vírus. Quando o resultado for reagente CMV IgM, indica que a infecção é aguda e quando for CMV Igg, permanece por toda a vida.

Como acontece a transmissão?

O contato com secreções como da tosse e da saliva ou ainda contato íntimo e compartilhamento de copos, talheres e toalhas com uma pessoa infectada pode ser o suficiente para a contaminação, uma vez que a transmissão desse vírus é muito fácil.
A transmissão pode acontecer ainda por meio de transfusão de sangue ou ainda por transmissão da grávida para o feto. É importante, no entanto, que você saiba: é muito difícil, praticamente impossível, viver sem ser infectado em algum momento pelo vírus.

Quais os sintomas e o tratamento?

Sintomas

Entre os sintomas do citomegalovírus, podemos encontrar a febre, dor de cabeça e de garganta, podendo ainda – quando a doença estiver em fase mais avançada – afetar o fígado e o baço. Os sintomas, no entanto, normalmente não aparecem quando um paciente é infectado, mas sim quando está com o sistema imunológico comprometido. Por isso a infecção normalmente é descoberta durante exames de sangue.
A doença pode trazer algumas complicações como a coriorretinite – podendo levar a cegueira -, comprometimento do fígado ou do intestino, ou ainda do sistema nervoso central – podendo gerar ausência de movimento das pernas, mielite ou encefalite. As complicações, no entanto, são mais comuns em pacientes muito debilitados.

Tratamento

O tratamento é feito com medicamentos que combatem os sintomas e, em casos mais graves, os médicos recorrem a um medicamento antiviral utilizado por um período de aproximadamente 30 dias.

A doença e a gestação

Como citamos anteriormente, quando a mulher é infectada antes da gestação, há poucas chances de isso interferir ou ainda ser transmitido ao bebê. No entanto, quando a contaminação acontece durante a gestação, o vírus traz riscos maiores de complicações podendo envolver febre e inchaço dos gânglios linfáticos. A transmissão para o bebê pode ser evitada por meio de um antiviral consumido pela mãe.
Hepatite por citomegalovírus
Dr. Stéfano Gonçalves Jorge

EPIDEMIOLOGIA
   O citomegalovírus (CMV) e o vírus Epstein-Barr (EBV) pertencem às sub-famílias beta e gama dos vírus da herpes. Eles apresentam pouco tropismo, ou seja, não afetam um órgão específico, mas espalham-se pelo corpo através dos leucócitos periféricos após a infecção. Podem causar hepatite como principal manifestação clínica, mas geralmente esta hepatite é assintomática.
   Estima-se que 50% da população mundial tenha evidência de infecção recente ou antiga por CMV ou EBV, mais ainda nos pacientes com hepatite. Na grande maioria das hepatites com estes achados, nenhum dos dois vírus é responsável pela hepatite.
   O CMV pode ser adquirido em qualquer idade. Entre 0,3 e 2,0% dos bebês apresentam infecção congênita. Pela transmissão por secreções, incluindo leite materno, secreções genitais, saliva e urina, cerca de 40% dos adultos jovens (em países industrializados) já foram infectados, com esta taxa crescendo ao ritmo de 1% ao ano até a 6a. década de vida. Virtualmente todas estas infecções primárias são assintomáticas, com ocasional quadro gripal.
   Mesmo desenvolvendo anticorpos, o indivíduo não se torna imune a reativação da doença (nos episódios de redução da imunidade, como na quimioterapia, na AIDS e no transplante hepático) ou a novas infecções. As principais fontes de reinfecção são derivados de sangue e órgãos transplantados. Mesmo em transplantados com sinais de infecção por CMV, a principal fonte é a reativação da doença pelos imunossupressores.
DIAGNÓSTICO
   Os sintomas são pouco característicos, geralmente cursando com febre e dores articulares. A presença de trombocitopenia (diminuição de plaquetas) sugere doença mais grave. A utilização da sorologia pode levar a muitos erros diagnósticos. A presença de anticorpos da classe IgM, normalmente positivos em infecções agudas, não podem ser utilizados em pacientes com infecção congênita ou imunossupressão, onde a infecção por CMV é mais crítica. O diagnóstico por detecção do vírus é mais confiável, com diversas técnicas disponíveis. Recomenda-se a utilização de amostras de urina, saliva e sangue (cultura de leucócitos).
Exames
Interpretação
Anticorpo IgM
Anticorpo produzido nas infecções agudas
Anticorpo IgG
Anticorpo produzido após a fase aguda e não significa doença nem imunidade contra ela, apenas que a pessoa já teve contato com o vírus ( que pode continuar no organismo )
Detecção do vírus
Diversos métodos são capazes de detectar a presença de vírus, mas só são necessários em imunossuprimidos, aonde é necessário diferenciar uma reativação da infecção de outras doenças
   Na biópsia hepática, a infecção congênita aparece como "hepatite neonatal de células gigantes", sendo que essas células gigantes multinucleadas são uma resposta inespecífica do fígado. O achado característico da hepatite pelo CMV são inclusões grandes e únicas no núcleo das células, chamadas de "olhos de coruja" (Cowdrey tipo A). Elas podem ser encontradas  nos hepatócitos e nas células de Kupffer, mas são mais comuns nas células do epitélio biliar. Em pacientes com sistema imunológico comprometido, no entanto, as inclusões são mais comuns nos hepatócitos e a doença é mais agressiva. Foram descritos em diversos estudos fibrose hepática provavelmente secundária à infecção por CMV, que pode portanto ser uma causa de fibrose portal não-cirrótica.

Inclusão típica do CMV em "olho de coruja" ( www.medlib.ed.utah.edu )
COMPLICAÇÕES
   Apesar dos relatos de fibrose hepática na CMV congênita, geralmente os pesquisadores concordam que a hepatite por CMV não se cronifica. Assim, embora possa estar associado a fibrose hepática, não evolui até cirrose.
TRATAMENTO
   Os medicamentos mais utilizados na hepatite pelo CMV são o ganciclovir e o valganciclovir. No entanto, o desenvolvimento de resistência pelo vírus e a supressão da medula óssea são fatores limitantes comuns no tratamento. Se ocorre resistência, o foscarnet torna-se a opção de tratamento nas hepatites severas, mas também seu uso é limitado, pois é tóxico ao rim. Por esses motivos, só indica-se o tratamento em pessoas com deficiência imunológica, pois nas demais a infecção é auto-limitada. Não se recomenda rotineiramente o tratamento de recém-nascidos com infecção congênita.
BIBLIOGRAFIA
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  • Como o Citomegalovírus afeta a Gravidez e o bebê

    ​O citomegalovírus contraído na gravidez deve ser tratado o mais rápido possível para evitar a contaminação do bebê através da placenta ou durante o parto.
    Geralmente, a grávida entra em contato com o citomegalovírus antes da gravidez e, por isso, possui anticorpos capazes de combater a infecção e evitar a transmissão. No entanto, quando a infecção acontece pouco tempo antes ou durante a gravidez, há chances de transmitir o vírus para o bebê, podendo provocar parto prematuro e até malformações no feto, como microcefalia, surdez, retardo mental ou epilepsia.
    O citomegalovírus na gravidez não tem cura, mas normalmente é possível iniciar o tratamento com antivirais para evitar a transmissão para o bebê.
    Como o Citomegalovírus afeta a Gravidez e o bebê

    Como tratar o citomegalovírus na gravidez

    O tratamento para citomegalovírus na gravidez pode ser feito com ingestão de remédios antivirais, como Aciclovir, ou injeção de imunoglobulinas, receitados pelo obstetra para evitar a transmissão para o bebê.
    Durante o tratamento para citomegalovírus na gestação, o médico deve realizar exames regulares para acompanhar o desenvolvimento do bebê. Saiba mais sobre o tratamento do citomegalovírus na gravidez em: Tratamento para citomegalovírus na gravidez.

    Diagnóstico do citomegalovírus na gravidez

    O diagnóstico do citomegalovírus na gravidez é feito com o exame de sangue CMV durante a gestação, podendo o resultado ser:
    • IgM não reagente ou negativo e IgG reagente ou positivo: a mulher já teve o contato com o vírus há mais tempo e o risco de transmissão é mínimo.
    • IgM reagente ou positivo e IgG não reagente ou negativo: infecção aguda pelo citomegalovírus, é mais preocupante, o médico deverá orientar.
    • IgM e IgG reagentes ou positivos: deve ser realizado um teste de avidez. Caso o teste seja inferior a 30%, há maior risco de infecção do bebê durante a gravidez.
    • IgM e IgG não reagentes ou negativos: nunca houve contato com o vírus e, por isso, deve-se evitar qualquer tipo de contato.
    Quando existe suspeita de infecção no bebê, pode ser retirada uma amostra de líquido amniótico para avaliar a presença do vírus. Porém, segundo o Ministério da Saúde, o exame no bebê só deve ser feito depois dos 5 meses de gravidez e 5 semanas após a infecção da gestante.

    Sintomas de citomegalovírus na gravidez

    Os sintomas de citomegalovírus na gravidez podem ser axilas inchadas e doloridas, dor muscular e febre acima de 38º C.
    Contudo, a maioria das gravidas não apresenta nenhum sintoma e a infecção só é diagnosticada no exame de sangue de rotina.

    O que fazer para evitar o citomegalovírus na gravidez

    Para evitar o citomegalovírus na gravidez a grávida deve seguir algumas recomendações, como:
    • Usar camisinha no contato íntimo;
    • Não ir trabalhar, principalmente se trabalhar em locais públicos;
    • Lavar as mãos logo após trocar a fralda a um bebê ou sempre que entrar em contato com as secreções da criança, como saliva, por exemplo;
    • Não beijar crianças muito jovens na bochecha ou boca;
    • Não usar objetos que são da criança, como copos ou talheres.
    As crianças são os principais responsáveis pela transmissão do citomegalovírus, por isso, estas recomendações devem ser seguidas pela grávida durante toda a gestação, principalmente se trabalhar com crianças.

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