segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

NEUROSE EM ADOLESCENTES


A minha pesquisa é focada na Neurose.
                            Antes de colocá-la, faço um breve resumo sobre a psicanálise.
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  PSICANÁLISE
 É a ciência que estuda o inconsciente da pessoa, seus sonhos, para assim descobrir a solução de seus conflitos internos e um melhor auto-conhecimento. Freud foi quem criou a Psicanálise. Sigmund Freud, nascido em 1856 na Austrália, era médico neurologista. Começa a trabalhar com Charcot que trata doenças mentais através da hipnose e a partir daí vai aprofundando seus conhecimentos nesta área. Em 1900, publica a Interpretação dos Sonhos que é considerado um marco na história da psicanálise. O seu interesse era achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos.
                Ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originavam da inaceitação cultural, ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente. Notou também que muitoos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual.
                 Não é possível abordar diretamente o inconsciente, o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas conferências, nos recomenda a interpretação dos sonhos como o meio mais simples e a base mais sólida de conhecer o inconsciente. Freud morre
em 1939 em Londres.

NEUROSE
    Neurose deriva da palavra grega neuron (nervo) com o sufixo oasis (doença ou condição anormal). Entretanto foi mais influenciado por Sigmund Freud e Carl Jung mais de um século depois. Trata-se de uma doença emocional, afetiva e de personalidade também conhecida como psiconeurose ou distúrbio neurótico, é um termo que refere-se a qualquer desequilíbrio mental que causa angústia e ansiedade, porém ao contrário da psicose e algumas outras desordens mentais, não impede ou afeta o pensamento racional. Neurose é particularmente associada ao campo da psicanálise.
                      O termo neurose , foi cunhado em 1769 pelo médico escocês Willian Cullen, foi popularizada na França por Philippe Pinel em 1785 e retomado por Sigmund Freud a partir de 1893, o termo é empregado para designar uma doença nervosa cujos sintomas simbolizam um conflito psíquico recalcado, de origem infantil.
                       Com o desenvolvimento da psicanálise, o conceito evoluiu até finalmente encontrar lugar, no interior de uma estrutura tripartite mental. Em consequência disso, do ponto de vista freudiano, classificam-se no registro da neurose a histeria e a neurose obsessiva, as quais é preciso acrescentar, a neurose atual, que abrange a neurose de angústia, a neurastenia e a psiconeurose, que abarca a neurose de transferência e a neurose narcísica.
                       Como doença, a neurose representa uma variedade de condições psiquiátricas, nas quais a angústia emocional ou conflito inconsciente são expressados através de várias perturbações que podem ser físicas, fisiológicas e/ou mentais.
                       O sintoma definitivo é ansiedade. Tendências neuróticas são comuns e podem se manifestar como depressão, ansiedade aguda ou crônica, tendências obsessivas-compulsivas, fobias e até desordem de personalidade. Neurose não pode ser confundida com psicose, a qual refere-se a perda de contato com a realidade.
                       
Segundo a psicanálise,a maioria das pessoas é afetada pela neurose de alguma forma. Um problema psicológico desenvolve quando a neurose começa a interfirir no funcionamento normal do indivíduo, causando ansiedade. A neurose pode ter raízes nos mecanismos de defesa do ego (somente naqueles com pensamentos e comportamentos que produzem dificuldades para viver).

                                NEUROSE DE ABANDONO
  O novo perfil da sociedade, por passar por mudança profunda sociocultural, vem causando insegurança e ansiedade. A maioria das notícias são ruins. Temos sempre a sensação de que políticos, cientístas e economistas agem atirando por todos os lados. Havendo assim buscas por doutrinas que preencham esse vazio dentro das pessoas. Percebemos uma sintomatologia não específica como angústia, neurose de abandono, agressividade, masoquismo e uma insegurança afetiva, que provavelmente é gerada por uma distância afetiva familiar, mesmo não tendo havido de fato um abandono. Há uma necessidade ilimitada de amor, de afirmação, uma infinita busca da segurança perdida. A nossa sustentação primeira é o relacionamento familiar, as demais são sociais, escola, trabalho, uma rede pela qual nos articulamos segundo a individualidade e formação de cada um. Todos nós procuramos laços afetivos, quem nos valorize e nos admire.
                             A responsabilidade da família na educação de seus filhos não pode ser negligenciada, estabelecendo limites e regras, garantindo também que sejam respeitados e cumpridos. É de extrema importância a participação dos

pais na vida cotidiana dos filhos, a escola necessita de buscar a participação dos pais nas atividades escolares e estreitar a parceria com as famílias. Deve haver essa parceria sem transferência de responsabilidade entre escola e família, para garantir os melhores resultados e o pleno sucesso na formação do sujeito, cidadão atuante, participativo, conhecedor dos seus direitos e dever

Neurose de angústia
  Neurose de angústia, do medo ou síndrome do pânico, é uma condição clínica cujo tratamento não depende de medicamentos, mas sim da exercitação do poder da mente pelo próprio indivíduo que deve enfrentá-la lutando corajosamente para livrar-se de tais acontecimentos físicos e mentais, ao invés de alimentar as habituais fugas, estratégicas mas covardes, que só servem para fortalecer e aumentar a intensidade e frequência de tais manifestações neuróticas, que atuam tão desastrosa e negativamente sobre o psiquismo, prolongando o sofrimento.
                                A neurose de angústia, medo ou sindrome de pânico, representa um litígio entre o consciente bem ajustado a um corpo são e o seu subconsciente dominado por inseguranças e incertezas.

                             Neurose de caráter
  Os pacientes com neurose de caráter, descarregam seus impulsos, desejos e fantasias no mundo externo, enquanto os neuróticos que apresentam sintomas, satisfazem seus impulsos através da própria pessoa.
                Os neuróticos de caráter executam estranhas ações, para as quais as vezes encontram justificativas, outras vezes não, geralmente não é possível distinguir o racional do irracional em seu comportamento. Passam anos antes que a motivação irracional seja reconhecida, podendo ter arruinado a si mesmo e a sua família.
                Enquanto o neurótico de sintoma sofre devido a sua doença, o neurótico de caráter nem está consciente de estar doente e, através de seus atos, obtém satisfação para suas tendências inconscientes.
                O caráter é uma combinação de muitos traços, hábitos e atitudes do ego. Para obter uma ideia mais precisa do caráter de um indivíduo, devemos considerá-lo a partir de vários pontos de vista, através de um ângulo descritivo, genético, estrutural, dinâmico, econômico e libidinos

 Neurose de fracasso
                A neurose de fracasso, leva o indivíduo a privar-se da satisfação obtida pelos seus esforços.
                 Algumas pessoas de grande sucesso na carreira, cometem determinados atos que muitas vezes as levam ao fracasso, pela simples razão de que não se permitem desfrutar os benefícios que o sucesso pode trazer-lhes.
                 É preciso não ter medo do sucesso, o homem é provido de vocação, ou de acontecimentos luminosos. É necessário observar os diferentes medos que precedem este medo de transcedência.
                 O medo do sucesso: o sucesso proficional provoca uma grande ansiedade, criando um sentimento de culpa, produzindo um estado de melancolia que podem durar vários anos. Essas pessoas são descritas como aquelas a quem o sucesso destrói, pelo medo de não conseguir obter sempre o sucesso em tudo.
                 Um estudo foi realizado sobre pessoas que sonham, que idealizam o sucesso, a plenitude, no momento da realização, inconscientemente, arranjam para falhar. É um processo muito doloroso e inconpreesível.
                 O psicólogo vê, como uma causa profunda do medo de vencer, o sentimento de indignidade, essa depreciação de si mesmo talvés seja a herança de inúmeros julgamentos que nos foram dirigidos. Quando se repete a uma criança que ela nunca será nada, ela integrará esta programação e se um dia ela chegar ao sucesso, inconscientemente, pensará que este sucesso não será justo.
                  O medo da diferença: É também um complexo, onde o medo de ser rejeitado por aqueles que são diferentes venha a afetá-los. Muitos passam por uma castração voluntária, renunciando ao seu poder, a sua originalidade, a sua independência, pelo medo da rejeição. Há aqueles que representam papel que lhes é pedido, mas o ser verdadeiro não está neles, causando um mal estar, que pode gerar uma doença.
                 
Então podemos afirmar que, um grupo saudável, é capaz de ter a participação de pessoas muito diferentes, que pensam de maneiras diferentes e que se enriquecem com suas diferenças. Quando um ensinamento pode florecer sob diferentes formas, ele encontra aplicações em ambientes e mundos diferentes.
                  O medo de mudanças: O abandono dos antigos hábitos, a perda do conhecido, cria, cria um clima de insegurança. Não há realmente segurança senão no previsível mesmo que isto signifique infelicidade. É preciso reconhecer o fracasso, coragem para assumí-lo e sabedoria para aprender com ele.

 Histeria 
  Histeria é um tipo de neurose que se caracteriza predominantemente, pela transformação da ansiedade, para um estado físico. As pessoas que sofrem de histeria, apresentam uma situação de pânico intensa apresentada em forma de sintomas. As reações histéricas apresentam manifestações no corpo e na mente, no corpo são alteradas as funções sensoriais e motoras, já na mente são alteradas a memória, as percepções e a consciência. Sua origem vem desde os primórdios da humanidade, é citado como exemplo, os relatos de histeria presente em documentos egípcios, escritos há 4 mil anos. Esse documento descreve casos de mulheres que apresentavam diversos sintomas associados, geralmente dores por todo o corpo, associados a incapacidade de caminhar e até mesmo abrir a boca. Na antiguidade atribuía-se como causa, alguma alteração uterina. Acreditava-se que, devido ao descaso por parte do parceiro ou por fatalidade do destino, o útero se deslocava no interior do corpo da mulher, afetando o funcionamento dos outros órgãos e causando os sintomas. Por isso o nome "histeria" derivado do grego "hister" que quer dizer útero. Para a prevenção da histeria, recomendava-se práticas de relação sexual.
                       O paciente histérico caracteriza-se, geralmente por apresentar traço denominado "histriônico". Essa palavra estranha significa teatralidade. Assim, esse paciente costuma ter comportamento afetado, exagerado e exuberante, como se estivesse representando um papel. A pessoa é extrovertida, dramática e eloquente, busca sempre chamar a atenção, e seu comportamento varia de acordo com as reações das pessoas "a plateia". Eles costumam apresentar emoções exageradas, apresentam acesso de mau humor, choro e acusações, quando deixam de ser o centro das atenções. No início as pessoas costumam se encantar por esse indivíduo, mas a necessidade de ser sempre o centro das atenções, acaba minando essa admiração.
                        Atualmente, a histeria passou a representar um distúrbio da mente. O homem histriônico costuma apresentar quadros atípicos de histeria, de forma

que muitas vezes o diagnóstico realizado é outro. Sabe-se que, nos homens, a exigência de um evento traumático que desencadeie é essencial.
                        A histeria é encarada como uma neurose, podendo manifestar-se com sintomas diversos, estranhos, muitas vezes transitórios.
                        De uma forma geral, os sintomas que o paciente apresenta, são muito influenciados pelo seu meio cultural, já que esses indivíduos costumam ser muito sugestionáveis. Assim, embora a doença seja involuntária (o oaciente não controla o surgimento dos sintomas), parece que existe um componente intencional inconsciente. Vale lembrar que esses pacientes não costumam aceitar que existe um componente emocional no surgimento do quadro, atribuindo os sintomas apenas a alterações orgânicas que ele acredita existirem de verdade.
                        Existe uma associação entre histeria e depressão cada vez mais reconhecida, e estima-se que em aproximadamente 40% dos casos de histeria apresentam também o diagnóstico de transtorno depressivo.
                        Quem sofre de histeria, geralmente possui problemas em manter um relacionamento, seja de qualquer espécie, vive constantemente o drama da infidelidade de relacionamento.
                        Os sintomas da histeria são paralisias histéricas, anestesias e analgesias histéricas, perturbações, perda de fala e rouquidão. Podem ocorrer também pseudocrises (semelhante a crise epilética), amnésia, ilusões e alucinações.
                        O tratamento da histeria, normalmente é a psicoterapia, possibilitando que a pessoa entenda seus próprios sentimentos e simbologias, além de aprender a lidar com eles coordenadamente.
                                                                                                   Neurose infantil
  A psicanálise com crianças é confrontada com a questão da infância como um tempo de desenvolvimento, marcado pela dependência estrutural da criança a adultos em função de pais. É muito mais frequente sermos procurados como psicanalistas por pais, escolas, pediatras que trazem uma queixa referente a criança. A criança se constitui na estrutura familiar e sua entrada em análise se relaciona ao lugar que ocupa no desejo e no discurso parental, se não escutarmos a demanda trazidas pelos pais e não acolhermos sua transferência, a análise da criança não se torna possível. A criança chega ao psicanalista como portadora de uma história que lhe foi legada e a qual ela se identifica inicialmente, até como estratégia de sobrevivência. Os sintomas infantis são uma confirmação do fracasso do ideal de seus pais, uma maneira de afirmar, a sua revelia sua própria subjetividad.
          A clínica psicanalítica com crianças apontaria para duas vertentes: para a posição "infantil" de dependência e alienação estrutural da criança frente aos seus cuidadores fundamentais, assim como para a possibilidade de constituição de sua neurose infantil como resposta aos significantes enigmáticos e obscuros que vem do campo do inconsciente dos pais.
          A neurose infantil pode indicar o ponto culminante do processo de construção da realidade psíquica em que os sintomas constituem uma tentativa da interpretação e de subjetiva.

 Neurose Narcísica
  Narcisismo, um estado de amor por si mesmo.
De princípio, Freud afirma não haver neurose narcísica na infância. Sua argumentação é centrada na relação entre o desenvolvimento do Eu e de seus objetos. Para ele, as neuroses são apresentadas de acordo com o momento de sua aparição, na vida do sujeito.
          A neurose de angústia é seguida da histeria de converção, que surge em torno dos quatro anos, a neurose obsessiva na pré adolescência, a demência precosse se manifesta na puberdade e a melancolia-mania, assim como a paranóia, tem sua eclosão próxima a maturidade.
          É interessante ressaltar a escala de desenvolvimento, para situar a neurose narcísica. A paranóia tem sua gênese remetida a escolha homosexual e narcísica de objeto, a melancolia a uma fase narcísica e a demência precosse ao auto-erotismo.
          Para explicar a escolha de objeto nos homosexuais, Freud afirmou que estes tomam a si mesmo com objeto sexual, já que procuram jovens que se pareçam com eles, e a quem possam amar como suas mães o amaram.
          Freud toma o narcisismo como complemento libidinal do egoísmo.

 Neurose obsessiva compulsiva
  Freud afirma que os sintomas do neurótico obsessivo, bajulam seu amor próprio, fazendo sentir-se melhor que outras pessoas, por se considerar mais limpo ou especialmente consciencioso, Freud completa que há combinação da proibição com a satisfação.
          O neurótico obsessivo compulsivo, tem consciência da absurdidade de alguns de seus pensamentos.
          Algumas pecularidades do neurótico obsessivo como a onipotência e a necessidade de incerteza e da dúvida em sua vida. Devido a onipotência dos seus pensamentos, os neuróticos obsessivos são compelidos a superestimar os efeitos de seus sentimentos hostis sobre o mundo externo e esforçam-se por protelar qualquer decisão e são incapazes de chegar a uma decisão, especialmente em matéria de amor, atribuindo como origem destas dificuldades o conflito entre amor e ódio durante a infância.



                           Neurose de transferência
          Segundo Freud, é um conceito técnico por assinalar uma modalidade especial do desenvolvimento do tratamento psicanalítico e segundo essa modalidade, a enfermidade originária se transforma em uma nova, que se canaliza para o terapeuta e para a terapia. A neurose de transferência se contrapõe a neurose narcísica e é, portanto, um conceito psicopatológico.
           Durante um tratamento psicanalítico, se rompe regularmente a produção de sintomas. Porém a produtividade da neurose não se extingue com ele, mas atua na criação de uma ordem especial de produtos mentais, inconscientes na sua maior parte, ao que podemos dar o nome de transferências.. Assim, pois, os sintomas mudam (diminuem ou aumentam) em relação a situação analítica, os efeitos, e em especial a ansiedade, se dirigem ao analísta recrudecem velhos sintomas e hábitos, as reações afetivas tendem a se canalizar para a análise e não fora. A neurose de transferência, enfim, é definida como reconhecimento da presença do analista e do efeito da análise.


                                 Melancolia
  A melancolia, pode ser considerada como uma das manifestações da estrutura psicótica, por outro lado, pode ser interpretada como uma neurose narcísica, neurose na qual o sujeito sofre fragilização da imagem de si. Um deslocamento da libido para o próprio eu, porém, esse eu seria faltante.
          Freud elabora suas teorias sobre a melancolia no texto "Luto e melancolia". A semelhança entre o luto e a melancolia, estariam mais relacionadas pelo desânimo, a falta de interesse pelo mundo externo, a perda de capacidade de amar e a inibição de toda e qualquer atividade. A primeira diferença estaria relacionada a auto-estima. Na melancolia haveria uma perturbação da auto-estima, o sujeito se considera moralmente desprezível, se culpando pela perda, no luto isso não existe, há a perda, mas não há esse sentimento de culpa, na melancolia há uma tendência suicída, enquanto no luto há a perda, mas não de si mesmo.
          A melancolia está relacionada também ao narcisismo, que é um fator fundamental para a constituição do sujeito.
          Na melancolia o ideal do eu torna-se tirano. O discurso melancólico, consistiria em ele se botar para baixo, "Eu sou o fracasso, e por isso machuco aqueles que estão a minha volta". Cria-se a partir disso uma lógica extremista de tudo ou nada, como se tudo fosse uma questão de vida ou morte, porém, coexistindo com a não existência dos afetos e um constante negativismo.
 
Sonhos
  Freud, listou as operações de distorção que seriam aplicadas para reprimir, que os desejos se formassem nos sonhos como recordáveis. Por causa dessas distorções, o conteúdo manifesto dos sonhos diferia tanto do sentido latente que poderia ser alcançado através da análise. Essas operações incluíram: condensação (sonhos breves e lacônicos), deslocamento (objeto do significado emocional é separado do seu objeto ou conteúdo real e ligado a um diferente que não levante suspeitas para censura), representação (o pensamento é traduzido em imagens visuais) e simbolismo (um símbolo substitui uma ação, pessoa ou idéia). A essas operações pode-se adicionar a "elaboração secundária", que é o resultado da tendência natural da pessoa, dar sentido ao que recordou do conteúdo manifesto do sonho. Freud considerava o pesadelo como resultado de falhas na elaboração do sonho.
          Jung, acreditava que a psique era um organismo auto regulatório no qual as atitudes conscientes eram compensadas nos sonhos pelo inconsciente.
          Os sonhos são verdadeiramente, uma estrada real que leva aos recessos inconscientes da mente. O fato é que o estudo dos sonhos não proporciona apenas a compreensão dos processos e conteúdos mentais inconscientes, em geral, revela, principalmente os conteúdos mentais que foram repreimidos ou de qualquer forma excluídos da consciência e de sua descarga pelas atividades defensivas do ego.

  Desordem de personalidade
  A pessoa com desordem de personalidade, evita contatos sociais e qualquer situação que possa causar embaraço e ansiedade. O seu comportamento é autodestrutivo e autodepreciativo, tendem a responsabilizar outras pessoas por sua aflição e desenvolve um esquema de autoproteção.
          Alguns sinais e sintomas são encontrados nessas pessoas: tendem a viver sozinhas, evita contatos com estranhos, desenvolvem pelo menos uma fobia, são conscientes de que abdicaram de certas experiências na vida para evitar o sofrimento, frequentimente fantasiam acerca de situações que evitam e que gostariam de vivenciar. Poderia ser profissionalmente bem sucedido se não desse as costas para as oportunidades que aparecem.
          As vezes a desordem de personalidade é confundida com timidez, envolve pessoas que ainda tentam enfrentar situações que geram medo, enquanto que na desordem de personalidade a pessoa está focada na evitação da ansiedade. Ansiedade social é quando a pessoa evita contatos sociais, enquanto, na desordem de persoalidade a pessoa abdica de convívio afetivo duradouro. Fobia social quando a pessoa sofre crises de ansiedade devdo a exposição a muitas situações, evitam para se proteger, mas querem viver em sociedade e ter as mesmas oportunidades, enquanto, na desordem de personalidade as pessoas optam para uma vida solitária. Personalidade introvertida, embora tem semelhanças externas com a desordem de personalidade, dentro da pessoa há diferenças. A principal é que a pessoa de personalidade introvertida não sente ansiedade quando é necessário manter contato social.
          O tratameno indicado é a psicoterapia.
          Quando há o abandono do tratamento ou vão de um terapeuta para outro, os casos podem ficar anos e anos andando em círculo.

 Alguns significados na Psicanálise
  Alucinação É a percepção real de um objeto que não existe. Entre possíveis causas das alucinações se incluem as reações a drogas e medicamentos, síndromes associadas ao stress, fadiga, perturbações do sono (sua privação), infecções (febres) e entre as psicoses destacando-se a paranóia e esquizofrenia. A classificação mais usual dos tipos de alucinação, se baseia nos cinco órgãos dos sentidos, auditivos, visuais, táteis e olfativos.     
         Arquético Imagem que contém características distinguíveis e que personifica, em si, um dado valor, dom, predicado do caráter ou alma humana.
          Catarse De origem grega, é uma palavra utilizada em diversos contextos, uma delas, a psicanálise. Sob a ótica da psicologia, catarse é o experimentar da liberdade em relaçao a alguma situação opressora.
          Chiste De origem alemã, significa "gracejo", a palavra chiste é definida por Freud, como uma válvula de escape de nosso inconsciente, que o utiliza para dizer em tom de brincadeira, aquilo que realmente pensa. Freud acreditava que utilizar o humor e a ironia no dia a dia deixava o cotidiano mais leve e a realidade mais tolerável.
          Doenças Psicossomáticas As doenças psicossomáticas agem de forma intensa na saúde do corpo. As emoções e sentimentos mais fortes são percebidos pelo hipotálamo, estas funções alteram a conexão do hipotálamo com a hipófise,causando assim doenças respiratórias, de pele, circulatórias e gastrointestinais, levando a crer que quando há doenças psicossomáticas, tem componentes psiquicos, provocando manifestação de doenças orgânicas ocasionadas por problemas emocionais.
          Estrutura Tripartite da mente Estrutura da personalidade. Inspirado por Platão, Freud em sua teoria sobre a personalidade atribuiu funções físicas para as partes ou órgãos da mente. Tais partes foram nomeadas de Id, Ego e Superego.
          Fobia Temor exagerado em situações, objetos, animais ou lugares. Sob o

ponto de vista clínico, faz parte do espectro das doenças de ansiedade.
          Neurastenia É uma doença nervosa que se manifesta pelo enfraquecimento do sistema nervoso. É provocadp pela permanência prolongada em ambientes mal ventilados, esgotamento mental, exposição a emoções fortes. Os sintomas são, depressão, tremores injustificados, formigamento nas mãos, dormência dos membros inferiores, dificuldade de concentração, irritação e cansaço fácil. O prognóstico positivo na neurastenia avança na medida em que o indivíduo consegue enfrentar seus conflitos e vencer as dificuldades. Já um prognóstico mais sombrio acontece quando os sintomas estão associados a distúrbio de caráter e o indivíduo resiste a mudar sua posição para uma atitude mais otimista e corajosa. Enfim, a neurastenia aborda diversos sintomas característicos de muitas doenças e que em seu conjunto permite formar uma síndrome com debilidades físicas e mentais.
          Neurose Desordem mental, causando tensão, não interferindo no pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Causa ansiedade, fobias, impulsos e obsessões, passíveis de serem tratadas pela psicoterapia.
          Repressão A repressão consiste em afastar, uma determinada coisa do consciente, mantendo-a no inconsciente. Ainda assim, o material reprimido continua fazendo parte  do psique, apesar de inconsciente continua causando problemas. Segundo Freud, sintomas histéricos com frequência tem sua origem em alguma antiga repressão. Algumas doenças psicossomáticas, tais como asma, artrite e úlcera, também poderiam estar relacionadas com a repressão.
          Subjetividade O mundo interno de todo e qualquer ser humano. Este mundo é composto por emoções, sentimentos e pensamentos. Através da nossa subjetividade construímos um espaço relacional, ou seja, nos relacionamos com o outro.
         
         
                                Depressão
A depressão caracteriza-se por um grande desinteresse pela vida, podendo levar ao suicídio ou a uma incapacidade de funcionamento quer físico quer mentalmente.
          O estado de depressão pode acontecer na infância, na adolescência, na vida adulta ou mesmo após o parto, dando a sensação de incapacidade de lidar com algo, sente que não vale a pena viver ou lutar, levando-o a afastar-se de tudo e de todos.
          As principais causas da depressão são: emocional, física, física e emocional, desarranjos hormonais ou carências nutricionais.
          A depressão afeta o apetite e o sono. O tratamento é feito através de psicoterapia e antidepressivos.

Neurose Infantil

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É de fácil constatação a neurose de abandono numa criança quando seu pai ou mãe se afasta por alguns instantes. O desespero que esta demonstra parece nos dizer o quanto tem medo de que venha a ser abandonada por estes.
Pergunta-se: estaria isso ligado a incerteza de não ser amada? Um outro fator que poderíamos considerar seria se esta criança é filha de pais, que por razões variadas, acabam se tornando muito ausentes. E,ainda deve ser considerado o próprio trauma do nascimento, ocasião em que se deu a expulsão do útero, que num parto não tão tranquilo seria mais agravado talvez ocasionando essa neurose de abandono. Muitas são as possibilidades, mas é fato a evidência dessa neurose em muitas crianças.

AVALIAÇÃO DAS NEUROSES INFANTIS, SEGUNDO ANNA FREUD
De acordo com Anna Freud, a presença ou a ausência de sofrimento não pode ser tomada como fator decisivo quando se decide acerca de um tratamento de uma criança. E, alega que há muitos distúrbios neuróticos sérios que as crianças suportam com ânimo firme; além de outros menos sérios que provocam sofrimento.
Segundo ela, somente quando os sintomas da criança são conturbadores para o meio em que vive e, afetam diretamente os pais, há uma probabilidade maior destes procurarem um profissional da psicanálise para tratar de seus filhos ( a exemplo  das crianças que urinam na cama, pois  são levadas mais regularmente às clinicas do qualquer outra categoria de casos).
E, completa dizendo que os pais se mostram mais preocupados, por exemplo, com os estados de agressividade e de destrutividade dos filhos do que com as inibições; os atos obsessivos são considerados mais leves do que as crises de ansiedade, embora, na verdade, representem eles, um estágio mais avançado do mesmo distúrbio; os estágios iniciais da passividade feminina nos meninos, embora frequentemente decisivos para sua futura anormalidade, são quase que invariavelmente deixados despercebidos.

Em virtude disso, Anna Freud sugere que o analista avalie a seriedade de uma neurose infantil, não em virtude da criança de uma forma especial qualquer, ou em um dado momento, mas em virtude do grau em que não permita à criança o seu desenvolvimento posterior.

A CRIANÇA E SEU LUGAR EQUIVOCADO NO SEIO FAMILIAR
Prazer no desprazer e a necessidade da intervenção paterna
Ocorre que muitas mães não se desvincularam de seu papel de filha e ainda não assimilaram sua condição materna; por consequência, o filho acaba por não ter espaço para ser filho. Essa situação traz um desconforto e também um certo prazer, visto que o filho passa a desempenhar uma função de companheiro. Prazer porque lhe é agradável tal posição e, desprazer, justamente por não lhe ser dado o direito de desempenhar sua condição de filho.
Com isso o filho acaba por se tornar objeto da mãe, um vínculo que para ser quebrado depende da atuação paterna, desempenhando seu papel de pai e marido.

O sintoma da criança como revelador da estrutura familiar
O sintoma é a expressão de um desejo que foi reprimido, por outro lado, pode demonstrar algo que ficou bloqueado no desenvolvimento da relação inconsciente da criança com seus pais. E, durante o processo terapêutico, o terapeuta deve permitir que sobrevenha tudo o que o sujeito em formação não teve no curso do seu desenvolvimento.
São inúmeras as razões que levam pais ou responsáveis a procurar terapia para suas crianças, dentre as quais, destacamos:
Ø  Baixo rendimento escolar;
Ø  Comportamentos agressivos;
Ø  Timidez;
Ø  Enurese noturna;
Ø  Hiperatividade;
Ø  Dificuldades de interagir com outras crianças ou familiares;
Ø  Depressão;
Ø  Obesidade.
Caso tais comportamentos estejam associados à falta de habilidade para lidar com situações adversas difíceis,como a separação dos pais ou mudança de escola, a terapia, valendo-se de uma metodologia adequada, irá auxilia-la na aquisição de novos comportamentos eficientes para lidar com as situações geradoras do estresse emocional.
É importante que o analista observe por meio de uma atenção flutuante os sintomas apresentados pela criança, o que significa dizer que deve procurar captar tudo que o analisando quer dizer sem se focar num único tema.
Ainda na hora de analisar os sintomas apresentados pela criança, o analista deverá abster-se de pré-julgamentos, a fim de, seja possível uma interpretação condizente ao caso e, deverá ter o cuidado de nunca ver seu paciente como a um filho, além é claro, de atentar para o fato de que as crianças possuem grande sensibilidade para assumirem os sintomas e a angústia específica de seu grupo familiar e, os confrontará juntamente com seus próprios conflitos.

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO PROCESSOTERAPÊUTICO DA CRIANÇA

O fato é que a escolha do profissional e a decisão pelo tratamento do filho se dão em razão de uma transferência dos pais em relação ao terapêuta e, é em razão dessa transferência que surge nos pais a confiança de entregar sua criança aos cuidados desse profissional.
O analista pode se tornar um objeto transferencial dos próprios pais de seu paciente, isto se deve ao fato de que para muitos pais, procurar um tratamento psicológico para seus filhos significa que eles falharam em sua paternidade e maternidade. Eles passam a atacar suas próprias falhas que criticaram em seus pais e suas mães. O fato é que as transferências dos pais em relação ao analista podem ser facilitadora do trabalho analítico ou pode vir a dificultá-la, ocorrendo até mesmo uma retirada inesperada da criança da análise, caso o analista não identifique e considere a transferência dos pais do paciente, estabelecendo uma escuta do que esses pais trazem e do que lhe é tão difícil de ser elaborado. Por outro lado, a transferência dos pais pode ser utilizada na reorganização dos lugares na dinâmica familiar.
É, portanto, de fundamental importância que os pais estejam incluídos no processo terapêutico da criança, visto que possibilitará ao terapeuta perceber os sentimentos destes em relação à criança. Se assim não for, o tratamento da criança torna-se praticamente inviável.
Ao envolvimento dos pais no processo terapêutico da criança através de sessões de orientações, dá-se o nome de modelo triádico. Dentre outros motivos, destacamos as seguintes razões, pelas quais, a participação efetiva dos pais é importante:
Ø  Possibilita ao analista detectar a causa dos sintomas apresentados pela
Ø  criança;
Ø  Os pais aprendem formas alternativas de ajudar o filho, visto que passam a entender melhor o que ocorre no contexto familiar;
Ø  Os pais ouvindo-se narrar os fatos, terão condições de se conscientizarem que também precisam da ajuda de um analista.
É preciso que os pais fiquem atentos aos possíveis sintomas e os comunique ao Psicanalista:
Ø  Observe durante alguns dias o comportamento da criança em várias situações: família, escola, clube, etc;
Ø  Procure detectar a partir de quando esse comportamento passou a se manifestar e, em quais circunstâncias e com que intensidade;
Ø  Analise quais tipos de tentativas foram feitas para solucioná-lo e, por quais pessoas e, em quais situações;
Portanto, deve haver uma intervenção orientada pelo terapeuta em todo ambiente no qual a criança interage, o que inclui, demais familiares, escola, etc.
A forma como os pais se posicionam é um fator determinante no processo terapêutico do paciente infantil. E, pode ser comum aos pais expressarem ansiedade sobre análise de seus filhos, e que, sentimentos de competição, possessividade e de culpabilidade surjam durante o processo, o que denotará o que a criança presencia na vida de seus pais e, que está sendo exibido por meio dos sintomas que apresenta. Por esta razão, faz-se necessário ao terapêuta identificar, esclarecer e elaborar as transferências que forem surgindo, a fim de levar os pais a se conscientizarem de suas próprias dificuldades, o que por sua vez, irá ajudar no êxito do tratamento.
No decorrer do tratamento, a criança pode passar a ter comportamentos tidos como inconvenientes por seus pais, por estarem se libertando de sua dependência emocional, ou mesmo, fazendo com que seus pais vejam que suas próprias dificuldades alimentavam-lhe o sintoma. E, os pais poderão ter dificuldades de lidar com esse tipo de situação, passando então, a negar o que está ocorrendo, transferindo para a figura do analista sua hostilidade, por não ter o profissional transformado seu filho naquilo que convinha às suas expectativas pessoais. Quando os pais tentam manipular e controlar seus filhos através do analista, solicitando essa “ajuda”, este pode ser um dado importante sobre a dinâmica dessa família e das necessidades inconscientes dos pais que estão procurando se realizar através de seus filhos. Esse fator que pode parecer, por um lado, um obstáculo ao tratamento, por outro pode ser usado como material a ser trabalhado, fornecendo ao terapeuta uma oportunidade de denunciar esse tipo de conduta dos pais e fazer com que reflitam a respeito.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

INTRODUÇÃO A CARIDADE DOGMÁTICA


ESTUDO DIRIGIDO SOBRE A CARIDADE
MODULO I
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SUMÁRIO

1 Introdução.......................................................................................03
2caridade............................................................................................04
2.1 A caridade, virtude suprema.................................................... 04
2.2 A caridade como prática.............................................................05
2.3 A caridade e esperança...............................................................06
2.4 A caridade e o pecado................................................................08
2.5 A caridade e os desafios do mundo moderno...........................09
2.6 Outras visões e práticas sobre a caridade................................10
Considerações Finais..........................................................................12
Referências.........................................................................................13


1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho, não tendo objetivo de ser exaustivo, procurará mostrar uma investigação acerca da caridade, uma das virtudes teologais. Antes de aprofundar o sentido da caridade vamos conhecer um pouco de como surgiu as virtudes, para assim compreender melhor a virtude da caridade.
Vejamos como as virtudes foram abordadas na história da Igreja de acordo com o dicionário de teologia.


Filão, filósofo hebreu da religião, e Clemente Alexandrino, tentaram reconhecer nas Escrituras do A.T. (Sab 8, 7) a doutrina grega das virtudes cardeais. Santo Ambrósio expressou por primeiro a idéia de que Cristo é o fundamento das virtudes cardeais; São Jerônimo, seu contemporâneo, fala delas como uma quadriga que leva direto a Cristo, o cocheiro fiel. Agostinho, Gregório Magno, João Damasceno, Alcuíno, Rábano Mauro, Pedro Lombardo são os maiores portadores da tradição, e conduziram adiante a idéia de expor os deveres humanos em uma série lógica de virtudes. Enfim, Santo Tomás de Aquino fez oficialmente desta idéia o princípio da estrutura e da divisão de uma doutrina moral filosófica-teológica que inclui seja as quatro virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza, temperança) seja as três virtudes teologais (Fé, Esperança Caridade-Amor). Por motivo da acuidade e coerência da apresentação de Santo Tomás, ela tornou-se já clássica. Fundamentando-se sobretudo em, Aristóteles, Santo Tomás expôs também explicitamente o conceito de virtude em todos os seus elementos e o inseriu na antropologia teológica.


Podemos observar que a caridade como virtude teologal não é algo novo, mas já era aprofundado pelos padres desde o início da Igreja. Assim, este trabalho tem por finalidade mostrar o que é a caridade, qual é a visão da Igreja e em que fundamentos se baseia a caridade dentro dela; a prática da caridade na vida dos santos, que têm como fundamento principal o amor que vai gerar a caridade. Outros aspectos que abordaremos são a caridade e a esperança; caridade e o pecado. Daí passaremos a conhecer os desafios da caridade dentro do mundo moderno, em que os pontos importantes da caridade facilitam a compreensão dos pontos decisivos e necessários para a vida dos homens, que procuram dar sentido à prática virtuosa, de forma evangélica segundo os frutos da caridade no mundo. E, por fim, abordaremos outras visões e práticas da caridades em outras religiões.
Em outras palavras, este trabalho pretende apresentar que a caridade, antes de tudo, representa a vida do mundo em Cristo, zelando também pelo mundo do homem. Através da caridade, várias virtudes serão frutos da vocação em Cristo.

2 CARIDADE

“Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1 Cor 13,13)

2.1 A CARIDADE, VIRTUDE SUPREMA

Seguindo a mesma temática da caridade na visão da Igreja falaremos sobre a caridade como virtude suprema. Em suma, caridade suprema na perspectiva do cristianismo resume no “amor”. Amor de Deus que nos criou, amor de Deus que dá seu filho pra nos salvar (doação na cruz), pelo qual, nos ensinou toda a condição de amarmos a Ele, a nos mesmo e ao próximo. Isto porque Cristo é O revelador da caridade de Deus e é Nele que o amor de Deus se manifesta em nos.
Amor a Deus: a primeira obrigação maior que o ser humano tem é amar a Deus, “e amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a tua alma, de todo a teu entendimento, e com toda a tua força.” (Marcos 12,30) Isto quer dizer que temos que amar a Deus sobre todas as coisas. Ele nos criou, é infinitamente digno de ser amado e nos amou bem antes de existirmos.
O amor a nós mesmos:
Dentro da virtude da caridade está presente também a amor a si mesmo: mas é evidente que deve ser um amor ordenado, buscando os verdadeiros bens da alma e do corpo em relação á vida eterna. Se alguma vez desejássemos algo que nos afasta de Deus, nós não estaríamos amando-nos de verdade, por nos afastarmos de nosso fim real que é o único que nos pode fazer felizes.

Amor ao próximo: a caridade para com o próximo pressupõe respeitar seus direitos de justiça, mas exige também praticar as obras de misericórdia, ajudando-os em suas necessidades e espirituais, a saber: ensinar aquele que não sabe, dar bom conselho a quem necessitar, corrigir aquele que erra, perdoar as ofensas recebidas, consolar os tristes, sofrer com paciência os defeitos alheios e rogar a Deus pelos vivos e defuntos. E também as materiais, a saber: visitar e cuidar dos enfermos, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar pousada ao peregrino, vestir o nu, redimir o cativo e enterrar os mortos. Observando estas obras não excluímos a ninguém nem mesmo nossos inimigos e consequentemente imitamos o que Jesus fez.
Assim, concluímos que a caridade é a virtude mais importante do cristão, enquanto peregrinamos nesta terra, e será também a nossa ocupação no céu, onde não existirá mais a fé, porque veremos Deus face a face, nem existirá a esperança, porque teremos chegado à meta final, somente permanecerá a caridade, isto é, “o amor”.

2.2 A CARIDADE COMO PRÁTICA

Como vimos anteriormente, a caridade cristã é totalmente baseada na Sagrada Escritura. São Paulo Apóstolo diz que “a caridade de Cristo nos compele.” (2 Cor 5,14). Assim, a caridade torna-se o complemento da Lei da justiça, porque amar ao próximo é fazer todo bem possível, que desejaríamos que fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus. “Amai-vos uns aos outros, como irmãos”.
Santo Afonso Maria de Ligório, no século XVIII, em sua obra A Prática do Amor a Jesus Cristo, cita São João Crisóstomo que diz também que os frutos gerados em uma pessoa possuem o amor de Deus:

Quando o amor de Deus se apodera de uma pessoa, produz um insaciável desejo de trabalhar pela pessoa amada; tanto que seja o tempo que, por muitas e grandes que sejam as obras que faça, e por mais longo que seja o tempo dedicado a seu serviço, tudo lhe parece nada. Sempre se aflige por fazer pouco para Deus, e se fosse lícito morrer e consumir-se inteiramente por ele, de bom grado a faria. Por isso, faz sempre que se considera inútil. O amor ensina a pessoa o que Deus merece, e na claridade desta luz divina vê todos os defeitos de suas ações, de tudo teria confusão e sofrimento, se conhecendo que todos os seus trabalhos são bem poucas coisas para um tão grande


Assim, se fôssemos apresentar os pensamentos e as práticas de caridade, passaríamos horas e horas, mas aqui vale ressaltar a figura de Santa Terezinha do Menino Jesus, que tinha a caridade como doação a Jesus, em amá-lo e amar aos irmãos, através do serviço e da oração. A sua prática de caridade tornou-se presente dentro do próprio convento. Conta-se que Santa Terezinha “consistia, sobretudo na completa disponibilidade para com as irmãs. Nunca se mostrava enfastiada quando procurada para algum serviço a fazer ou para alguma ajuda a dar. Ao contrário, embora muito ocupada, mostrava-se contente. Quando, realmente, não podia atender ao pedido, recusava-se com tanta delicadeza a ponto de fazer desaparecer todo sinal de tristeza do rosto de quem não podia ser contentado.” Santa Terezinha, através da caridade, fez uma prática de amor a Deus e a sua comunidade religiosa.
Também podemos destacar a figura de Santa Edith Stein ou Edith Terezsa Hedwig Stein que, a beira da morte no campo de concentração, não deixou de fazer a caridade em nome de Deus e dos irmãos como disse Julius Markan, comerciante hebreu de colônia, que era encarregado de vigiar os prisioneiros:

Entre os prisioneiros que me foram entregues no dia 5, irmã Tereza Benedita me impressionou por sua grande calma e pela paz que difundida em torno de si [...] Irmã Tereza se interessava pelos pobrezinhos, lavava-os e penteava-os, ia buscar comida para eles e cuidava deles em tudo. Durante todo o tempo de sua permanência no campo, dedicou-se a lavar e fazer limpeza, ocupando-se continuamente de obras de caridade, suscitando admiração de todos.


Exemplo de Santidade mesmo nos momentos de dor e sofrimento se doando na caridade no amor perfeito a Deus e ao próximo.

2.3 CARIDADE E ESPERANÇA

A caridade não existe por si mesma, ou melhor isolada, e assim são as virtudes teologais uma depende da outra. A fé só tem sentido acompanhada da caridade e a caridade deve ser acompanhada da esperança.
A caridade ou o “amor” deve ser pensada não somente em socorrer materialmente ou fisicamente os irmãos pobres por várias circunstancias ou doentes e deficientes, mas também espiritualmente. A solidariedade parte no âmbito social seria um grupo, uma entidade, procurando também várias pessoas e não só uma pessoa isolada é uma forma de compromisso com próximo. Portanto, as urgências particulares nunca podem ser esquecidas.

Nunca só a graça. Também contam os componentes humanos. A fé não se define como disposição divina que atua sobre a pessoa deixando-a, por assim dizer, de fora. Não. A atividade humana continua legítima e, até mesmo, necessária, sem ela a fé não será fé (Gl 5,6). Deus e a pessoa, o divino e o humano, a criatura e criador, perfazem um todo incomensurável. A graça não torna inútil a natureza humana. O ser humano colabora intimamente com o criador. Crer é ato autenticamente humano, conforme à liberdade, conforme à vontade, correspondente à dignidade da pessoa. Santo Tomás de Aquino ensina: “crê é um ato da inteligência que assente à verdade divina a mando da vontade movida por Deus através da graça”. (S.Th. 2-2,2,2,9).
Deus age e a pessoa reage: escuta, observa, duvida, interroga, amadurece. E procura uma resposta adequada a proposta divina. Depois de coração sincero acredita e se entrega pela fé. Apropria-se de Deus no mais íntimo do seu ser. A pessoa dá a resposta à proposta de Deus pela fé. Responde pelo temor de Deus, pela obediência amorosa à palavra de Deus, pela confiança absoluta, pelo o testemunho, pela perseverança e em fim pela esperança.
A fé feita só de palavras, de conceitos não tem valor, não proporciona vida e salvação por ela anunciadas. As maiores dificuldades da fé não são racionais, mas, existenciais: o medo do risco de se comprometer com todas as conseqüências que o compromisso implica.as verdades da fé afetam a vida de quem crê naquilo que esta vida tem de mais profundo. Quem crer tem que aderir ao bem, pois sua vontade está aliada a ele. A fé cria o dever de amar o bem, porque além de ser um ato religioso de encontro pessoal com Deus é, também, uma opção decisiva face aos valores criados. Implica, portanto, o dever de obedecer em tudo o Senhor.
Saber, portanto, cada um ler sua história em que se está envolvido com um olhar de fé. A fé pode ser posta à prova. Caminha na noite das crises de sentido. Enfrenta as fragilidades das mediações. Mas, sabe viver com a perplexidade, ou seja, a ausência de certezas e de paradigmas satisfatórios, a busca de caminhos novos, a abertura ao imprevisível, a atenção e a escuta. Compartilha a própria perplexidade como forma de esperança. Resiste como forma de esperança.
Percepção e intuição que devem estar presentes e animar todas as esperanças e os anseios da pessoa de fé. O cerne da esperança cristã hoje é o futuro relacionamento de amor dos filhos com o Pai tendo Jesus como único mediador e caminho (Jo 14, 1-12). As promessas de Cristo não deixaram de ter sentido. É em torno dele, pedra angular, que se organiza o êxito da aventura de cada pessoa. Deus não mudou. Estamos nas mãos daquele que é fiel. Mas, se temos confiança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens. (1cor 15,19). “Sem esperança escatológica é impossível viver a vida cristã. Ela seria pura repressão, a mais perversa e refinada.”
O amor é a forma pela qual se expressa a fé. Importa sentir-se incluído naquilo que se professa. Fé e amor, fé e caridade, entrelaçamento e mútua pertinência intrínseca, não obstante, em distinção meramente lógica, ser a função da inteligência anterior à da vontade. A fé ama e a caridade crê e sustenta a esperança.
É na estrutura da fé que as pessoas se sustentam nos seus momentos mais graves. Quando há dúvida no saber, o que há duvida para explicar, a pessoa de fé procura viver com sentidos estas realidades e esperar, abandonando-se ao mistério último, crendo. A fé liberta de todo medo, dá ao cansado e vencido nova força; ao desesperado profundo estímulo, e todos júbilo e redenção. Porque Deus é nosso parceiro e aliado, devemos sentir iluminados por esta fé, esta certeza e esta esperança.

Ajudar as almas: zelo apostólico, caridade pastoral, o imã unificador e totalizador de suas ações, ajudar as almas, minimamente, em nada mesmo, significa descuido das dimensões sociais e comunitárias ou não espirituais. O amor ao irmão se revela como síntese última da vida humana e sua refinada expressão teologal.
A essência do cristianismo consiste no anúncio da presença atuante de Jesus Cristo, no exato ensinamento e doutrina a seu respeito, por força do seu Espírito em sua Igreja que é seu corpo.
Na fé, intelecto e vontade são reciprocamente imanentes. Formam aquela união indivisível, indispensável para o ato de fé. Aliás, a fé a esperança e a caridade interdependem mutuamente em razão do objetivo que buscam; o próprio Deus. Quem crer é em essência uma pessoa que espera. Esperar é crer no amor. Crer é possuir antecipadamente o que se espera.

2.4 A CARIDADE E O PECADO

“O pecado é sempre o homem fazendo-se o deus do homem. Querendo divinizar-se, mergulhou na matéria e no orgulho insensato. Afastou-se dos caminhos de Deus e tornou-se incapaz de reencontrá-los. Imensa nas trevas não mais podia atingir a luz. Segundo São Paulo, já não existia um único justo, um único homem de valor.” Assim, “o pecado é o gesto do homem que recusa radicalmente o amor, ou do homem que se deixa guiar pelos amores mutilares. E desobediência, injustiça, ingratidão em relação a Deus, suma bondade. E recusa do amor. Deus faz tudo por amor de nós; suas exigências nascem do amor, e têm por objetivo o nosso desabrochar na caridade. Pecar é ferir seu amor, contrariá-lo e, de certo modo, desprezá-lo.” Mas, se voltarmos para a misericórdia, o homem que é injusto e pecador sente a necessidade de reparar sua falta como forma de arrependimento, surgindo o que muitas das vezes já ouvimos ou vimos pessoas fazendo práticas de caridade para pagar por um pecado cometido em sinal de arrependimento, ou até mesmo para ter a consciência tranquila. Em que consistiria esse fato? Será a caridade como algo para reparar a ofensas cometidas?
Com isso podemos entender que o cristão deve se esforçar em viver a caridade no mundo, deve se cada vez mais procurar dispor sua vida, principalmente o que tem de mais privado, que seja boa ou má, deve ter um duplo aspecto: o individual e o social. Com efeito, o que o homem tem de moral pessoalmente, tem, por sua vez, importância social, pois dela depende muito a sociedade humana que é o povo de Deus e que, portanto, é chamado a participar da graça de Cristo. Sendo o amor a base para atingir a plenitude de amar a Cristo e ao próximo e a prática da caridade como a reparação das ofensas, sendo os sinais e gestos como amor a Deus e ao próximo já que o humano é condicionado a amar. Vale ressaltar que a caridade não é algo para reparação dos pecados, mas é amor a Cristo e aos irmãos, como é expresso por Denzinger:

A doutrina de Cristo estende o mandamento do amor a todos os inimigos [...] Cristo enviou a todos os homens o Espírito Santo para que este se mova a amar a Deus de todo o coração e a amar-se mutuamente [...] o amor como forma de missão da Nova Aliança e plenitude da lei [...] a ordem evangélica é a ordem do amor; a misericórdia como doutrina fundamental da mensagem messiânica de Cristo e força de sua obra [...]. Todos os fiéis são chamados à perfeição do amor.


2.5 A CARIDADE E OS DESAFIOS DO MUNDO MODERNO

Diante de um mundo moderno em que o individualismo tem se evidenciado, como podemos praticar a caridade? Como a Igreja se coloca diante dessa situação?
Acreditamos que uma das respostas já foi dada pela Igreja com o documento Gaudium et Spes que reflete a revelação a partir da realidade, claro que a Igreja não busca soluções imediatas, até porque ela sempre busca a dignidade humana, respeitando seus limites. Assim, os cristãos diante dos desafios do mundo moderno não devem ser pessimistas, e a Gaudium et Spes apresenta de forma bem clara que a Igreja está no mundo, havendo uma necessidade e obrigação dos cristãos produzirem frutos para a vida no mundo, obrigação que está intrinsecamente vinculada à sublime vocação em Cristo que trouxe para o homem e de seu mundo, tudo o que fosse possível, como homens iluminados pela fé cristã e movidos pela graça. Reafirmando o que a Gaudium et Spes apresenta a dignidade da pessoa humana e dos direitos do homem, da solidariedade, da justiça, social e de diversas ordenações devem realizar-se entre os homens, de como devem incentivar o matrimônio e a vida familiar, do incentivo da cultura humana, da vida econômica e social, das comunidades políticas a até mesmo da comunidade internacional, deve constituir-se, devidamente, dentro do espírito cristão.
Apesar das grandes dificuldades que temos com relação ao mundo moderno ainda ouvimos falar em caridade. Porém, usadas muitas das vezes sem o sentido apropriado, por isso o Papa Pio XII, vai alertar que a “caridade é a palavra às vezes usada livremente para significar uma espécie qualquer de atividade benévola ou filantrópica. Todavia, caridade tem um significado sacro e consagrado. A caridade é diversa de qualquer outro amor humano porque é uma réplica do amor de Cristo para com o homem. ‘Dou-vos um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.’ São Paulo escreve aos Romanos ‘Ajudai-vos uns aos outros como Cristo vos ajudou para a glória de Deus’ (15, 7). Isto é caridade.”
Portanto, diante desse mundo moderno, o Papa Pio XII ainda vai dizer que desejaria “ver todos os jovens unidos na mente e no coração em alguma obra de caridade. Não se trata de dar dinheiro: trata-se de dar a si mesmo. Tal apostolado reavivar-lhes-ia a fé, daria direção e estabilidade a uma correta atitude diante das coisas frívolas da vida, acordaria a potência do exemplo e contribuiria potentemente para remediar os males da desigualdade social e de raça.” Assim, a “caridade, porém, não deve jamais olhar para trás, mas sempre para frente” até porque o “número das obras realizadas é sempre pequeno enquanto que as misérias presentes e futuras que ocorre consolar, são sem fim.”
Assim, diante dos desafios que encontramos no mundo moderno não deixamos de ter pessoas que lutaram pela caridade em nome do amor de Cristo e do irmão, um exemplo bem claro para a sociedade atual foi Dom Helder Câmara que fez de sua vida um doação aos pobres e abandonados em nome de Cristo, como ele próprio dizia: “A caridade é Amor e Amor és Tu, Senhor Deus! A caridade é infinita como Tu [...]. As injustiças atingem a um nível tal, que a caridade dos nossos tempos consiste, antes de tudo, em ajudar a fazer justiça, sem esquecer que é Amor [...]”

2.6 OUTRAS PRÁTICAS DE CARIDADE

Isto que vimos é a caridade cristã, porém há outras práticas de caridades que devem ser levadas em conta, sobretudo, as das grades civilizações e religiões não Cristãs. Por isso, achamos conveniente abrir um parêntese, pra citá-las neste trabalho.
Caridade na civilização: entre as civilizações antigas destaca a egípcia, ela teve uma idéia humanitária mais elevada. Como? Igualdade na justiça, direitos da mulher e das crianças, direito dos escravos, ajuda devida aos miseráveis, o culto a divindade era ligada à assistência aos pobres. Numa inscrição da V dinastia (2563-2422 a.C) um funcionário declara “Distribuí o pão a todos os famintos do monte Arato, vesti quem estava nu.”
Caridade no Budismo: com suas doutrinas do grande Veículo (Mahayana) o seu conceito de caridade é o da benevolência (maitri). “Não há nada mais poderoso do que a maitri. Jamais o ódio extinguiu o ódio. A benevolência extinguiu o ódio. Esta é a lei eterna.”
Caridade no Hinduísmo: a ética está ligada ao darma que é a conduta boa e justa. O não-apego é um dos motivos fundamentais da ética hindusta. Dela decorre a idéia de se evitar o mal-impureza e da sanção legalista do ato pecaminoso realizado. Para eles o mérito nasce do compromisso do homem com os outros homens e com o mundo. A ação moralmente válida abre-se, assim, para a benevolência ativa maitri, para a capacidade de tolerância em relação a tudo e a todos.
Caridade no Islamismo: dos cincos pilares que sustentam a sua doutrina, o segundo lugar é ocupado pela esmola (zakat), etimologicamente “pureza”, que é a caridade entendida pelo Alcorão como ato que purifica as riquezas da glória mundana e propicia a prêmio eterno. A zakat, como os dízimos judaico-cristãos, é contribuição obrigatória, porém, com fins diferentes. Destina a ajudar os pobres, os escravos que pretendem libertarem-se, os viajantes carentes de meios, os voluntários da guerra santa, assim como a estimular a conversão dos pobres ao islame.
Portanto, como vimos a da caridade está inerente a natureza humana. Não importa a crença, religião ou outra entidade divina. O importante é que todo homem tem tendências para praticá-la, embora não praticamos como devemos praticar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi apresentado sobre a caridade podemos considerar que ela é a virtude primordial na vida dos cristãos, ela é o caminho que deve mover a humanidade nas obras dentro dos conceitos cristãos. Como diz São Bernardo, citado por Santo Afonso na obra A prática de Amor a Jesus Cristo: “Grande coisa é o amor”. Salomão, falando da sabedoria divina, que não é outra coisa senão a caridade chamou-a de tesouro infinito, porque quem tem a caridade torna-se participante da amizade com Deus. E além desses, cita Santo Tomás de Aquino que afirma: “A caridade é a rainha das virtudes; onde reina a caridade, aí aparece todas as outras virtudes, como um cortejo, encaminhando todos a unir-nos mais a Deus. Mas, como diz São Bernardo, propriamente é a caridade a virtude que nos une com Deus”.
Portanto, este trabalho realizado proporcionou para nós um melhor conhecimento sobre a caridade, confirmando que a caridade é uma das virtudes teologais pela qual amamos a Deus e ao próximo, como já dizia São Francisco de Sales: “Não conheço outra santidade senão a de amar a Deus de todo o coração; todas as outras virtudes sem este amor não passam de um montão de pedras.” Ao refletirmos sobre a caridade criamos uma visão maior sobre essa virtude para assim podemos praticá-la e chegarmos ao verdadeiro bem que é amar a Deus e ao próximo.

REFERÊNCIAS

- A Caridade em tamanho grande. Inspetoria São João Bosco. BH MG. 1991.
- Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2008.
- CÂMARA, Helder. Em Tuas Mãos, Senhor! São Paulo: Paulinas, 1986.
- CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1993.
- Caridade e Esperança. Encíclica do Papa Bento XVI.
- CHINIGO, Michael. Pio XII e os problemas do mundo moderno. Tradução Pe. José Marins. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos. 1959.
- DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. Tradução: José Marino e Johan Konings. São Paulo: Loyola, 2007..
- DI BERARDINO, Pedro Paulo. A Solidão em Santa Terezinha do Menino Jesus. Tradução e Revisão Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Terezinha. São Paulo: Paulus, 1995.
- Dicionário de Espiritualidade. São Paulo, 2 ed. 1993
- FRIES, Heinrich. Dicionário de Teologia – Conceitos fundamentais da teologia atual. 5. ed. São Paulo: Loyola, 1971.
- GARCIA, Jacinta Turolo. SCIADINI, Patrício. Edith Stein: Holocausto para seu povo. São Paulo: Loyola, 1987.
- LEBRET. L. J. Dimensões da caridade. Tradução M. Conceição Goulart Pacheco. 3.ed. São Paulo: Duas Cidades. 1959.
- LIGÓRIO, Afonso Maria de. A prática de Amor a Jesus Cristo. Tradução Gervásio Fabril dos Anjos São Paulo: Santuário, 1996.
- LIMA SBD, Pe. Marcos de. O Que é a fé?. Loyola. 1998
- PUJOLL, Jayme, Jesus Sanches. Apostolado Veritatis Splendor: A caridade Virtude Suprema