segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Dia das bruxas

Perto da Terra um asteroide com aparência de crânio humano tangencia nossa órbita como um presságio de Halloween.
Na Alemanha os refugiados sírios enfrentam frio e quase 300 ataques neo-nazistas no último trimestre.
No Brasil o latifundiário Norberto Mânica, mandante da chacina de Unaí, é condenado a 98 anos de prisão, mas por ser réu primário responderá em liberdade.
Na Rússia o Estado persegue jornalistas, comunistas, ativistas, artistas e gays. No poder desde 1999, Vladimir Putin alcança 89% de aprovação.
Em Angola Luaty Beirão e 16 companheiros continuam presos ilegalmente há meses, sob acusação de tramar golpe de Estado. Seu delito foi organizar manifestações pacíficas contra o regime de José Eduardo Santos, no poder desde 1979. A prova do crime é um livro.
No Brasil o governo federal corta 25% das verbas para pesquisa científica. Projetos aprovados pelo CNPq e pela Capes ficam sem pagamento nem explicação. Antológica evasão de cérebros se anuncia.
Nos EUA o ex-cartola deportado José Maria Marin paga US$ 15 milhões de fiança para aguardar julgamento na luxuosa Trump Tower, símbolo fálico do magnata candidato a presidente que declarou a intenção de deportar 11 milhões de imigrantes ilegais.

No Brasil as prisões explodem em decapitações e torturas cada vez mais bárbaras, inferno de superlotação propiciada pela curiosa lei de drogas que deixa intocado o senador Zezé Perrella, com seu helicóptero entupido de cocaína, mas prende e arrebenta qualquer preto, mulato ou pardo que leve consigo um baseado.
Na China uma mãe é moída viva por uma escada rolante, com tempo apenas para lançar seu bebê longe das engrenagens letais. Acidentes similares se repetem a cada ano, mas os shoppings chineses continuam lotados.
No Brasil o deputado e pastor evangélico Eduardo Cunha segue negando que afirmou que negou que afirmou que as contas secretas na Suíça não são dele. Abusa de cinismo e segredos inconfessáveis para chantagear congressistas, governantes e ex-governantes com a constatação inescapável: estão todos na mesma panela.
Em Portugal o ex-primeiro ministro José Sócrates aguarda julgamento por fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Se diz perseguido como Luaty Beirão.
Na China o Estado elimina a cada ano milhares de pessoas, mais do que todo o resto do planeta. Vans equipadas como unidades móveis da morte circulam pelo país. Órgãos dos prisioneiros executados são reaproveitados em transplantes.
Na Guatemala as eleições para substituir o ex-presidente Otto Molina, flagrado em fraude aduaneira, dão 67% dos votos ao comediante evangélico Jimmy Morales. Seu bordão: “Nem corrupto nem ladrão”.
No Brasil o deputado comediante Cunha usa seus 15 minutos de fama para atacar direitos das mulheres, homossexuais e indígenas. Apoiado na bancada BBB (boi, bala e bíblia), repete no rádio o bordão: “O povo merece respeito!”.
No Reino Unido anuncia-se aumento de 1oC na temperatura média da Terra. Estima-se que mais 3 graus submergiriam 760 milhões de lares.
No Brasil falta água na cidade de São Paulo, mas os parques aquáticos de Barretos são um negócio da China. Em Mariana a enxurrada de dejetos de mineração engoliu uma imprecisão de vidas. A contaminação da empresa Samarco desceu o rio Doce por dias, intoxicando terra e água até o mar.
Na Síria a terceira guerra mundial continua a ferver no caldeirão da bruxa, com pelo menos 12 bandeiras matando em nome da paz. As maiores potências nucleares metem a colher diretamente. A Rússia acaba de chegar para animar o sabá. Os tambores rufam: bataclan, bataclan...
Armageddon é uma região da Síria na fronteira com Israel, país que estoca centenas de armas atômicas jamais declaradas. Hell-o-win? Salve-se quem puder: as bruxas estão soltas.

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