Calila Galvao
Saiba como reconhecer os primeiros sinais de um AVC, quais os sintomas aparentes, causas e como evitar e os principais tratamentos.
Popularmente conhecido como derrame, o Acidente Vascular Cerebral ou AVC é provocado por vários motivos. É um conjunto de diversas situações que podem levar um indivíduo a sofrer esse acontecimento. O AVC causa vários transtornos para o dia a dia, isso porque ele prejudica as funções motoras e também as cognitivas como a fala e a memória.
Tipos de AVC (Acidente vascular cerebral)
AVC IsquêmicoPara entender o que é um AVC é preciso saber que existem 2 tipos dele: o isquêmico e o hemorrágico. No AVC Isquêmico, o mecanismo é basicamente o mesmo de quando ocorre um infarto cardíaco. Placas de ateroma, formadas pelo acúmulo de gordura nas paredes dos vasos podem ir parar no cérebro.
Quando uma das artérias de determinada região ali fica totalmente ocluída (“entupida”) o sangue não pode mais passar e o tecido que é irrigado por ele fica sem receber vários nutrientes e oxigênio. Assim, o tecido começa a morrer tendo como consequência os sinais e sintomas de quem está sofrendo esse tipo de AVC. Por conta disso, também é chamado de infarto cerebral.
AVC HemorrágicoEle é bem menos comum que o anterior, mas isso não significa que seja menos grave. Neste caso, um dos vasos acaba se rompendo, espalhando sangue na cavidade cerebral. Isso causa um aumento da PIC (pressão intracraniana) o que acaba danificando partes do cérebro, às vezes até distantes de onde realmente ocorreu a ruptura.
Ele pode acontecer por diversos motivos. Por exemplo, causas genéticas nas quais a formação das paredes dos vasos ficam muito mais frágeis que o normal. O tabagismo também é uma causa já que os compostos do cigarro enfraquecem a parede arterial. A hipertensão arterial também é uma das causas do AVC Hemorrágico, que costuma ocorrer em vasos de pequeno calibre já que são mais propensos à variação de pressão, por menor que seja.
Fatores de riscoMas, o que causa o AVC? Não é apenas tabagismo, pois uma pessoa pode fumar a vida inteira e não ser acometido por ele. Também não é a hipertensão arterial, apesar de ser a causa principal. O que pode provocar o AVC é uma junção de fatores que levam a um estilo de vida nada saudável. Veja a lista dos principais fatores de risco:
- Sedentarismo;
- Doenças cardíacas;
- Tabagismo;
- Hipertensão arterial;
- Diabetes;
- Portadores de dislipidemia (normalmente, um problema genético no qual as taxas de gordura no sangue são bastante elevadas);
Sinais e sintomas antes do AVC
Assim como o infarto, os sinais e sintomas do AVC se iniciam de forma súbita, porém é possível reconhecê-los com certa rapidez e levar o paciente para o hospital antes que o pior aconteça. Por exemplo, um dos sinais é a parestesia ou, em uma palavra simples, o formigamento de alguma parte do corpo, normalmente apenas um lado que costuma ser o lado contrário ao local da lesão cerebral.
Também pode acontecer da pessoa sentir uma fraqueza muscular súbita, deixando um objeto cair, dificuldade para movimentar um lado do rosto ou corpo. O campo visual também fica alterado, podendo enxergar normalmente com um olho e com o outro ter até cegueira total.
Diagnóstico
O diagnóstico do AVC é, essencialmente, clínico. O médico vai realizar exames, principalmente os exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. para conferir a extensão do dano causado e também coletar a história do paciente realizando uma anamnese.
A avaliação é realizada com a coleta de dados como sensação de fraqueza muscular, dificuldade de movimentar o rosto, se o paciente está negligenciando um lado do corpo e se não está conseguindo se expressar adequadamente através de palavras.
Sequelas do AVC
Neste caso, tudo vai depender de onde ocorreu a lesão. Dependendo da área que foi lesionada teremos uma sequela diferente, ou podem ser parecidas, mas com algumas diferenças. Assim, segue uma pequena lista das principais sequelas do AVC de forma generalizada:
- Perda de sensibilidade parcial ou total no membro acometido. A parte do corpo pode estar funcionando normalmente, mas como a pessoa não sente passa a não utilizá-la atrofiando a musculatura com o passar do tempo.
- Afasias: o hemisfério dominante da maioria da população é o lado esquerdo do cérebro e que também é o local onde fica o centro da linguagem. Desta forma, a compreensão e a expressão da fala ficam prejudicados e, muitas vezes, as pessoas acometidas precisam fazer uso de um novo tipo de linguagem para conseguirem se comunicar de forma eficaz.
- Apraxias: também atinge o hemisfério dominante e, além da dificuldade na comunicação, a pessoa também encontra barreiras para usar as expressões faciais, por exemplo. A forma mais grave de apraxia é quando envolve a marcha: as pernas funcionam perfeitamente, mas a pessoa não consegue mais coordenar os passos tornando uma simples caminhada quase impossível de ser realizada.
- Negligência: o cérebro meio que “esquece” um lado do corpo, a parte que foi afetada pela doença. Ela pode se movimentar normalmente, mas é como se ela não existisse na memória cerebral.
- Problemas de memória: é como acontecer uma queda na memória após um AVC e o paciente tende a se lembrar com mais facilidade de coisas que aconteceram há muito tempo do que coisas recentes.
- Paralisias: tudo vai depender do local e da extensão da lesão. Como o tipo de AVC mais comum ocorre na artéria cerebral média é normal encontrar pacientes que sintam hemiplegia e/ou hemiparesia no lado contrário à lesão. É normal também que o membro superior seja mais afetado que o inferior.
Veja abaixo os principais locais no cérebro que são afetados pelo AVC e quais são as funções afetadas:
- Artéria Carótida Interna: se ocorrer lesão no hemisfério dominante, a afasia (dificuldade na fala, que pode ser no entendimento ou na forma de se expressar), hemiplegia ou hemiparesia no lado contralateral à lesão e hemianopsia (perda de parte do campo visual. Esse tipo de AVC pode se tornar bastante grave pois forma um extenso edema cerebral levando ao coma e até a morte do paciente.
- Artéria Cerebral Média: é o local mais acometido pelo AVC. Aqui também temos hemianopsia, hemiparesia (mais prevalente no membro superior), agnosia visual e afasia (caso a lesão seja no hemisfério dominante).
- Artéria Cerebral Posterior: hemiplegia, hemiparesia, afasia, agnosia visual e hemianopsia. Neste caso, os sintomas são temporários e costuma haver remissão espontânea.
- Artéria Vértebro-Basilar: é uma das formas mais complicadas que podem acometer o indivíduo pois provoca anestesia completa dos membros e tetraplegia, deixando o corpo imóvel. O paciente também pode entrar em estado de coma.
Tratamento para quem sofreu AVC
Para tratar um paciente que acabou de sofrer um AVC, seja ele isquêmico ou hemorrágico, é necessária a colaboração de uma equipe multidisciplinar. O mais é importante é começar o tratamento o mais rápido possível. Isso ajuda a reduzir as restrições que as sequelas podem produzir e, dependendo do caso, até eliminá-las.
O foco principal do tratamento fica por conta da fisioterapia para reabilitar as funções motoras, do fonoaudiólogo para recuperar as funções da fala e do psicólogo, para evitar outras comorbidades como a depressão que posso surgir após um AVC. O nutricionista também é muito importante, principalmente na primeira fase do tratamento. Como a lesão pode levar à hemiplegia da metade da face, a mastigação fica prejudicada.
Outro papel importante fica por conta da terapia ocupacional que vai lidar com o dia a dia do paciente, tentando facilitar as atividades cotidianas como vestir a roupa, pentear os cabelos, comer, escovar os dentes…coisas simples, mas que fazem toda a diferença quando algumas funções motoras não funcionam normalmente.
Aprendendo a reconhecer os sinais do AVC
Para evitar que o AVC se instale e que cause grandes problemas de saúde, a melhor forma de ajudar alguém é sabendo identificar os sinais de um possível AVC antes que ele aconteça. Para isso, o Ministério da Saúde descreveu alguns sinais que, ao vê-los, você deve chamar a SAMU ou levar o indivíduo imediatamente ao hospital:
- Boca torta;
- Perda de força;
- Dificuldade na fala;
Ou seja, você deve observar 3 principais pontos do corpo: o rosto, o braço e a boca (a fala). Havendo qualquer suspeita encaminhe a pessoa diretamente para um hospital mais próximo para que todas as medidas necessárias sejam tomadas.
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