quinta-feira, 22 de maio de 2014

Em 4 anos, Brasil foi o que mais caiu em ranking global de competitividade


De 2010 para 2014, país perdeu 16 posições, diz Fundação Dom Cabral.
Em 2014, país ficou no 54º lugar entre 60 locais pesquisados.

Anay CuryDo G1, em São Paulo
Ranking de competitividade (Foto: G1)
Nos últimos quatro anos, o Brasil foi o que mais perdeu posições no ranking mundial de competitividade. De 2010 para 2014, o país caiu do 38º lugar para o 54º entre as 60 economias analisadas pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral.
O estudo, que foi divulgado nesta quinta-feira (22), avalia as condições oferecidas pelos países para que as empresas que atuam neles tenham sucesso nacional e internacionalmente, promovendo crescimento e melhorias nas condições de vida da sua população. Um país competitivo tem bom desempenho econômico, boa infraestrutura e governos e empresas eficientes.
Depois do Brasil, entre os que caíram mais posições no ranking, nos últimos quatro anos, estão Índia, Austrália e Grécia.
“De 2010 a 2013, o Brasil vinha perdendo posições relativas, porque a competitividade de outros países estava aumentando. Agora em 2014 aconteceu algo diferente, a perda foi absoluta. O Brasil perdeu para ele mesmo. A competitividade, de fato, diminuiu”, disse Carlos Arruda, professor da Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do estudo.
Na passagem de 2013 para 2014, o Brasil perdeu três posições no ranking, passando da 51ª para a 54ª, ficando à frente da Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela. Os primeiros lugares foram ocupados por Estados Unidos, Suíça e Cingapura.
“O que levou o Brasil a cair tantas posições nesses últimos anos foi, principalmente, a não implementação dos investimentos em infraestrutura e a questão energética. Em 2013, o Brasil não teve um bom comportamento nesse setor e está entre os países com as tarifas mais caras do mundo. Aliado a isso está a disponibilidade energética, que antes não entrava na agenda de preocupação dos empresários”, afirmou Arruda.
A percepção da comunidade empresarial está negativa e isso foi importante para a queda [de posições]. Este ano está crítico nesse sentido."
Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral
Pessimismo
Além de dados estatísticos, a pesquisa do International Institute for Management Development e da Fundação Dom Cabral considera as opiniões de executivos sobre a economia brasileira. E esse foi um dos itens que mais contribuíram para o resultado negativo deste ano, de acordo com o professor.
“A percepção da comunidade empresarial está negativa e isso foi importante para a queda [de posições]. Este ano está crítico nesse sentido.” Carlos Arruda também atribui parte do desempenho negativo no ranking à baixa participação do Brasil no comércio internacional, já que tanto o setor privado quando o governo estão focados no consumo interno.
“[O resultado] é fruto do declínio das exportações para mercados tradicionais como Argentina, União Europeia e Estados Unidos, e do aumento das importações de produtos industriais provenientes principalmente da China e de outros países asiáticos”, disse o professor da Dom Cabral.
O que o Brasil tem de bom
Na avaliação dos executivos ouvidos na pesquisa, de uma lista de 15 indicadores, os executivos escolheram os itens que consideram os mais atrativos da economia brasileira: “dinamismo da economia” e “atitudes abertas e positivas”. Por outro lado, a “competência do governo” e a “regulação tributária” são os apontados como os menos atrativos.

“É importante ressaltar que o país ainda mantém um percentual significativo do PIB investido em educação e saúde, o que é um resultado positivo, pois mostra que há interesse e atitudes voltadas para a melhoria destes dois fatores. Porém, diante dos resultados negativos do país nestes pilares, é preciso refletir se esses gastos estão realmente sendo feitos da forma eficiente e em que medida as ações estão corretamente direcionadas”, afirmou Arruda. O Produto Interno Bruto (PIB) corresponde à soma dos bens e serviços que um país produz e serve para medir a sua atividade econômica e o nível de riqueza.
No ranking geral deste ano, o Brasil ocupa posições de destaque quanto ao tamanho da economia doméstica (7ª posição no indicador Consumo das Famílias), à atração de investimentos diretos (7ª posição) e ao emprego (6ª posição). No entanto, conforme pondera a pesquisa, esses dados “já não sustentam o crescimento do sétimo maior PIB do mundo”.
Como é a pesquisa
A pesquisa é feita a partir da análise de dados estatísticos nacionais e internacionais de 2013 a 2014 e de uma pesquisa de opinião com 4 mil executivos realizada entre janeiro e abril deste ano. No Brasil, a pesquisa e a coleta de dados são coordenadas e conduzidas pela Fundação Dom Cabral.

O índice que permite aos pesquisadores definir posições no ranking é criado a partir da análise comparativa de cada uma das mais de 300 variáveis pesquisadas e à distância em relação ao país mais competitivo do relatório.

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