A matéria-prima do pão nosso de cada dia é atualmente um dos cereais mais consumidos mundialmente. Conforme projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos 40 anos o consumo médio per capita de trigo no Brasil mais que dobrou, em média são 60 kg de trigo em um ano, por pessoa consumidos. Os números são expressivos, no entanto, os efeitos deste crescimento no consumo do grão estão em xeque na área da saúde.
Estudos de elevados níveis de evidências científicas apontam que retirar sistematicamente os derivados do trigo do cotidiano podem ser extremamente benéficos para a saúde. Emagrecimento, desaparecimento de sintomas como refluxo, cólica e até mesmo reversão do diabetes são alguns dos resultados alcançados em dietas que tem como principal foco eliminar a ingestão do alimento.
Apesar de parecer radical, esta abordagem tem se mostrado extremamente poderosa em tratamentos e acompanhamentos médicos. De acordo o médico Patrick Rocha, especialista no tratamento de diabetes e pesquisador da área de nutrição, um dos principais fatores a se levar em consideração para compreender a orientação é que o trigo consumido atualmente, não é mais como aquele consumido 30 ou 40 anos atrás pelas gerações anteriores.
"O trigo que era consumido há quatro décadas, era diferente do que é consumido hoje. Desde 1960, o trigo passou por diversas modificações genéticas, resultando em uma planta diferente, com maior quantidade de amido e um glúten muito mais problemático e agressivo para o corpo humano", comenta Dr. Rocha.
Dr. Rocha ainda destaca que o consumo está diretamente relacionado ao agravamento de complicação na saúde e doenças mais graves, como obesidade e diabetes. Além disso, outro ponto que da ênfase é que apesar de recomendações indicarem a substituição dos refinados por grão integrais, isso não é suficiente, pois os mesmo ingredientes nocivos são encontrados em ambos. Para se ter uma ideia, duas fatias de pão integral aumentam o açúcar no sangue mais do que duas colheres de sopa de açúcar de cozinha.
"O ideal é restringir tanto o consumo de refinados, quanto de integrais. Pode ser difícil em um primeiro momento e para tirá-lo da alimentação é preciso colocar outra coisa no lugar. Uma das minha recomendações é trazer de volta outros alimentos, como ovos, abacate, castanhas, manteiga, dentre outros. Alguns destes foram injustamente execrados na década de 70 e isso trouxe consequências graves para a saúde das pessoas, contribuindo para o que hoje é considerado uma epidemia de sobrepeso, obesidade e diabetes", complementa o médico.
Uma questão importante apontada pelos profissionais da saúde que defendem a necessidade de diminuir a ingestão do grão é que os alimentos feitos com trigo elevam o açúcar no sangue, devido principalmente ao seu alto índice glicêmico. Assim, o consumo diário pode levar a elevações mais frequentes dos níveis de insulina que, por sua vez, criam a resistência à insulina, colaborando para o desenvolvimento do diabetes.
Atualmente, a orientação de uma dieta rica em mais nutrientes e proteínas, privilegiando alimentos naturais, está muito mais relacionada à necessidade de mudança de estilo de vida, do que simplesmente a dietas temporárias com fins estéticos. Abrir mão dos bolos, biscoitos, pães e pizzas pode ser uma mudança difícil num primeiro momento, mas em contrapartida, ser extremamente benéfica para a saúde e bem-estar a longo prazo.
Saiba mais: O médico Patrick Rocha (CRM-CE 8561) é palestrante, pesquisador e apaixonado por saúde e nutrição. Dr. Rocha é Presidente do Instituto Nacional de Estudos da Obesidade e Doenças Crônicas (INEODOC) e autor dos livros "Emagreça com o Dr Rocha" e do treinamento para diabéticos "Programa Diabetes Controlada" que já transformou a vida de mais de 28 mil pessoas de todo o país.
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