A razão de empresas farmacêuticas negligenciarem seus clientes mais jovens é simples: as crianças compõem uma pequena fração dos usuários de medicamentos. Por isso, desenvolver novos fármacos para elas, de uma perspectiva comercial, raramente vale a pena, porque testes pediátricos são especialmente caros e complexos – em parte devido à dificuldade de encontrar voluntários suficientes.
O Congresso começou a abordar o tema em 1997, e sua última legislação, conhecida como Safety and Innovation Act, da FDA, reforça seu trabalho anterior. A lei requer estudos pediátricos para certas drogas e dá incentivos para testar outras, como extensão de patentes de seis meses. Além disso, melhora a transparência de dados e toma providências especiais para recém-nascidos. A Academia Americana de Pediatria elogiou a lei: “Ela garante que as crianças terão lugar permanente nas decisões sobre pesquisa e desenvolvimento de medicamentos”.
Mesmo assim, muitas crianças estão vulneráveis. A legislação faz pouco por jovens com câncer, que dependem muito de medicamentos não documentados, por exemplo. Este ano a Genentech recebeu aprovação da FDA para o remédio contra câncer de pele, o vismodegib, que intervém no mesmo processo molecular que se acredita estar envolvido em tumores cerebrais infantis, mas a empresa não tinha obrigação de testar o medicamento em pacientes mais jovens. O Congresso precisa reparar essa vulnerabilidade e, nesse intervalo, a FDA deveria continuar a trabalhar de perto com empresas farmacêuticas e oncologistas pediátricos para encontrar novas maneiras de identificar e testar fármacos promissores em crianças.
Outro problema é que os médicos estão “no escuro” em relação aos efeitos de longo prazo de drogas pediátricas. Jovens tomam medicamentos para asma, diabetes, artrite e muitas outras doenças crônicas, mas raramente os efeitos colaterais deles são registrados e acompanhados. Em seu relatório “Medicamentos seguros e eficazes para crianças”, de fevereiro, o Instituto de Medicina recomendou que a FDA usasse mais sua autoridade para exigir que estudos de segurança de longo prazo sejam necessários para aprovar um produto de uso pediátrico.
Considerando esses fatos, o Safety and Innovation Act é uma conquista importante: medicamentos para crianças são mais seguros atualmente que em qualquer momento da história, e muitos médicos e defensores da saúde infantil ficaram tão animados com a aprovação da lei que estão relutantes em falar sobre o que ainda deve ser feito. Mas agora não é hora de diminuir nosso impulso de tornar os medicamentos mais seguros. Esperamos que essa vitória legislativa leve a novas conquistas.
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