sábado, 26 de abril de 2014

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

INTRODUÇÃO



O presente trabalho procura relatar a questão ambiental e o Desenvolvimento Ecologicamente Sustentado, com enfoque empresarial.
O comportamento das Organizações vem se modificando nos últimos 60 anos, e pode-se observar que estas mudanças são em busca da qualidade de vida e da consciência ecológica da sociedade.
Porém, aproximadamente até o ano de 1950, as Organizações passavam por um período de inconsciência, ignorando as conseqüências das ações realizadas contra o meio-ambiente. Pensavam somente nos resultados empresariais.
Do ano de 1950 até 1980, chamado período selvagem, existia a consciência, mas a produção de bens e serviços ainda era prioridade, e os ecologistas eram considerados radicais, chatos e exibicionistas.
No período da reação, que se inicia em 1980, as Organizações passam a ter um novo comportamento em relação ao meio-ambiente, pois precisavam evitar penalidades e multas por ações contra a natureza. Passou a existir legislação e fiscalização sobre as empresas.
Nos últimos quatro anos, as empresas passaram a Pró-agir, adotando estratégias de gestão ambiental, em busca de maiores parcelas de mercado.
Atualmente, as Organizações que tomam decisões estratégicas integradas à questão ambiental e ecológica, além de reduzirem seus custos, conseguem significativas vantagens competitivas, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes e dando preferência para produtos ecologicamente corretos.
Em suma, o desenvolvimento econômico necessita de bases sustentáveis com foco na sobrevivência e preservação dos recursos naturais do Planeta Terra, atendendo nossas necessidades atuais e as necessidades das gerações futuras.



DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL



“Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir  as perspectivas das gerações futuras”.(Lister Brown)[1]
Conhecido como novo paradigma, o Desenvolvimento Sustentável (DS) é um modelo de desenvolvimento que permite à sociedade distribuir seus benefícios econômicos e sociais, assegurando a qualidade ambiental para as próximas gerações.
A velocidade da globalização fez com que surgisse uma enorme preocupação para os cientistas da área ecológico-ambiental, perante a capacidade do planeta em suportar a evolução da existência humana e a exploração dos seus recursos naturais.
Como em nenhuma outra área de conhecimento humano, as questões de meio ambiente fizeram surgir maior atenção às atitudes e procedimentos para as mudanças dos paradigmas, antes social, agora para o Desenvolvimento Sustentável. Esta mudança de paradigmas é pela escassez dos recursos naturais que estamos enfrentando.
O bem estar da sociedade depende das pessoas e dos recursos naturais que o planeta nos oferece. Estes recursos necessitam serem manejados, ou então não serão suficientes para toda a população da Terra e se continuar à degradação do meio ambiente, o Desenvolvimento Sustentável não passará de utopia, sendo que ele é a estratégia para a sobrevivência.
O elemento principal para a conscientização do Desenvolvimento Sustentável é a Educação Ambiental da sociedade e das organizações. Esta não deve ser apenas uma tarefa da Educação Ambiental, mas como de toda educação, pois o desenvolvimento é centrado no ser humano e só ele é capaz de mudá-lo.
Estamos em meio a uma transição agitada, desordenada e precisamos avaliar nossas atitudes e nos preparar para os próximos anos. Nosso sistema está ficando limitado e passando por diversas crises humanas como: ambientais, econômicas e sociais, estas em conseqüência da perda dos valores morais e éticos.
O ser humano é flexível a mudanças, e o redirecionamento da boa conduta para resgatar seus valores é essencial para estimular a idéia do DS como também para garantir a sobrevivência da humanidade.
Além do trabalho da Educação Ambiental para a nossa conscientização, precisamos contar com a força política. Há necessidade de mudança na forma de pensar, agir, produzir, consumir e viver e novas forças políticas nos auxiliarão para realmente conseguirmos atingir o DS. Só com estas mudanças poderemos adquirir o progresso tão desejado, acabar com o desemprego e melhorar a qualidade de vida do mundo em que vivemos.
Segundo a CARTA EMPRESARIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, “a preservação do meio ambiente, nos dias atuais, é considerada prioridade em qualquer organização.”
Esta carta foi preparada por uma comissão de representantes de empresas da Câmara de Comércio Internacional em 10 de Abril de 1991, com o objetivo e ajudar as organizações em todo mundo a melhorar as suas ações em relação ao meio ambiente.
Considera que as organizações precisam conscientizar-se que deve existir um objetivo comum entre o desenvolvimento econômico dos países com a proteção do meio ambiente.
O DS é baseado na necessidade de limitar a exploração dos recursos naturais e acabar com a pobreza do mundo, no entanto, temos muito em colaborar para que isto aconteça e só basta acreditarmos em nós e na vontade de ver e viver em um mundo mais bonito e saudável.



A BUSCA PARA ALCANÇAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUAS PRIORIDADES



Para que se consiga realmente alcançar o Desenvolvimento Sustentável é necessário:

Ø  Um sistema econômico capaz de gerar excedente;
Ø  Um sistema político que assegure a participação do povo;
Ø  Um sistema social capaz de resolver os problemas causados pelo desequilibro ambiental;
Ø  Um sistema de produção que respeite as obrigações para a preservação do ambiente;
Ø  Um sistema tecnológico que se inove constantemente para se adaptar ao novo paradigma;

Estas bases consensuais do DS se referem ao ideal de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente, mas em torno destas bases há um grande nível de responsabilidade que todos devemos ter. Abaixo estão algumas prioridades a serem atingidas através da nossa contribuição:

Ø  Satisfazer as necessidades básicas da população como: educação, saúde e alimentação;
Ø  Sermos solidários e participarmos da conscientização da preservação do ambiente;
Ø  Preservarmos os recursos naturais, como a água, que está sendo um dos fatores de maior importância pela sua escassez;
Ø  Elaborarmos um sistema social que nos garanta um emprego digno;
Ø  Nos afeiçoarmos aos programas educativos de preservação e ajudarmos a espalhar esta idéia.



AS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


O campo coberto pelo Desenvolvimento Sustentável abrange várias dimensões de sustentabilidade e são elas:

Ø  Sustentabilidade econômica: é possível através de alocações dos recursos e de um investimento constante em tecnologia;
Ø  Sustentabilidade ecológica ou natural: esta é a que mais precisa ser atendida, pois nossos recursos estão se esgotando, então é necessário darmos preferência para os recursos renováveis que não agridem tão agressivamente o meio ambiente, podendo assim colaborar para reduzirmos a poluição do ar, da água e preservarmos os recursos naturais que ainda nos restam;
Ø  Sustentabilidade social: criação de um processo que ajude a construir um nova sociedade em que todos possuam uma renda relativamente igual, não tendo diferenças entre ricos e pobres;
Ø  Sustentabilidade territorial ou espacial: dirigi-se a uma melhor distribuição territorial, incentivando a vida rural para que não ocorra maior concentração de pessoas nas cidades e evitando assim, a destruição dos recursos naturais e ajudando a desenvolver cada vez mais a agricultura.
Ø  Sustentabilidade cultural: desenvolver os sistemas agrícolas e tecnológicos buscando as mudanças dentro das comunidades que enfrentam dificuldades, e soluções específicas para cada região.



A EDUCAÇÃO AMBIENTAL



A valorização do meio ambiente varia de acordo com a idade, região e cultura. A Educação Ambiental é um meio de sensibilizar os indivíduos quanto à depreciação do ambiente em que vivemos.
O progresso, da forma como tem sido feito, tem acabado com nossos recursos naturais e só através da consciência da população é que vamos reverter este quadro.
Os objetivos da Educação Ambiental são: conscientizar os indivíduos sobre as questões do meio ambiente; transmitir conhecimento sobre o meio ambiente e seus problemas; melhorar o comportamento das pessoas com a preservação; habilitar os indivíduos para reconhecerem os problemas e solucioná-los.
Estes objetivos estão interligados e podem ser iniciados a qualquer momento.
A Educação Ambiental possui vários princípios básicos a serem seguidos, e são eles:

Ø  “Considerar o meio ambiente em sua totalidade, isto é, em seus aspectos naturais e criados pelo homem (político, social, econômico, científico - tecnológico, histórico - cultural, moral e estético)”.
Ø   Constituir um processo contínuo e permanente, através de todas as fases do ensino formal e informal.
Ø   Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada.
Ø   Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional e internacional, de modo que os educadores se identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas.
Ø   Concentrar-se nas condições ambientais atuais, levando em conta também a perspectiva histórica.
Ø   Inserir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e internacional, para prevenir e resolver os problemas ambientais.
Ø   Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de desenvolvimento e de crescimento.
Ø   Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais.
Ø   Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para resolver tais problemas.
Ø   Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais”.[2]

O processo de sensibilização tem potencial para o processo de mudança dos paradigmas, tanto individuais como coletivos e o momento para aderir às estas mudanças já se iniciou, pois os nossos recursos naturais estão quase em seu fim.


HISTÓRICO AMBIENTAL




EVOLUÇÃO DO AMBIENTALISMO




A evolução do Universo, das grandes cidades, da ciência, da tecnologia e das indústrias gerou o aumento na população, e consequentemente o aumento do consumo. E, esta evolução dos recursos, provocou efeitos colaterais ao Planeta Terra, como a poluição, por exemplo.
Porém, o início da devastação do meio-ambiente pode ser observada à séculos atrás. Quando se deu o descobrimento do Brasil, em 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu uma carta à D. Manuel I, Rei de Portugal, sobre a exuberância da “nova” terra[3]. E a partir daí, se iniciou o contrabando de nossos recursos naturais, de nossa fauna e flora, principalmente as toras de pau-brasil, que em 1920 foi considerado extinto.



CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL




A questão ambientalista surge somente na Segunda metade do século XX, e segundo F. Dias, “o ambientalismo  surge nos Estados Unidos em 1960, promovendo reformas no ensino das ciências”, e a causa deste surgimento, foi uma grande catástrofe ambiental acontecida em 1952, “(...) quando o ar densamente poluído de Londres provocaria a morte de 1600 pessoas, desencadeando o processo de sensibilização sobre a qualidade ambiental na Inglaterra, e culminando com a aprovação da Lei do Ar Puro pelo Parlamento, em 1956.”
Até então as questões ambientais eram tratadas pelas pessoas mais afetadas pelo problema, que os resolviam com ações muito simples, como a preservação da natureza da cidade ou do esgoto local, por exemplo.
Nos Estados Unidos, em 1970, inicia-se o uso da expressão envoironmental education (educação ambiental), onde é  aprovada a Lei sobre Educação Ambiental. E a partir desta década inicia-se o período de conscientização ambiental, começam surgir entidades e organizações não governamentais  com  o objetivo de melhorar a qualidade do meio-ambiente, e despertar e informar a população sobre as questões ambientais.
Em 1972, na Suécia, a ONU promove a Conferência de Estocolmo sobre meio-ambiente, e gera a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano.[4]
Neste mesmo ano, o Clube de Roma que foi composto por cientistas, economistas, políticos e outros, publica o relatório The limits of growth (Os limites do crescimento), que relata a busca incessante do crescimento da sociedade a qualquer custo, mesmo que este custo leve a humanidade à um colapso. E procura alertar a população para a necessidade de maior prudência nos estilos de desenvolvimento.
Surgiu então, a necessidade de cumprir algumas condições para evitar esta catástrofe, como o controle de natalidade, controle da produção industrial e aumento da produção de alimentos.
Além destes movimentos ambientalistas, muitos outros foram promovidos, todos com o mesmo objetivo, melhorar  a qualidade de vida e levar as informações sobre o meio-ambiente à toda a população através da imprensa.
Dessa forma as empresas começaram a se preocupar e a tomar providências para evitar acidentes ambientais que poderiam prejudicar sua imagem perante a população, e também cumprir leis que poderiam gerar multas ambientais.



CAMINHOS E TRANSIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO



O conceito de ecodesenvolvimento foi lançado em 1973, pelo canadense Maurice Strong, e Ignacy Sacks, formulou os seguintes princípios[5]:

Ø  Satisfação das necessidades básicas;
Ø  Solidariedade com as gerações futuras;
Ø  Participação da população envolvida;
Ø  Preservação dos recursos naturais e do meio-ambiente;
Ø  Elaboração de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas;
Ø  Programas de educação.

Com  base nestes princípios, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, e em 1977 foi criado o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, que teve a adesão de mais de 50 empresas.
Dentre seus principais objetivos, está a liderança do setor empresarial no sentido da implantação do desenvolvimento sustentável e da ecoeficiência, que é o sistema que busca produzir mais com menos insumos e menos poluição, mantendo os preços de produtos e serviços, e melhorando a qualidade de vida da sociedade.
As empresas podem lucrar muito se preocupando com o meio-ambiente, pois ter sua imagem associada à um acidente ambiental, pode representar uma grande desvantagem competitiva.
Segundo Raquel, “os participantes da Conferência da Possibilidade Global do Instituto de Recursos Mundiais, em 1984, concordaram que para atingir o Desenvolvimento Sustentável são necessárias algumas transições críticas:

Ø  Transição demográfica para uma população mundial estável com baixos índices de natalidade;
Ø  Transição energética para uma alta eficiência na produção e consumo, além de um aumento na dependência por fontes renováveis;
Ø  Transição de recursos para uma dependência sobre a “renda” da natureza sem destruição de seu “capital”;
Ø  Transição econômica para o desenvolvimento sustentável e uma divisão mais abrangente de seus benefícios;
Ø  Transição política para uma negociação global fundada em interesses complementares entre o Norte e o Sul, o Leste e o Oeste.”


Os recursos existentes na Terra são suficientes  para a sobrevivência de todos os seres vivos do planeta. e o desenvolvimento econômico e o bem-estar do ser humano dependem destes recursos. Mas,  se a degradação do meio-ambiente continuar, o desenvolvimento sustentável será impossível.
O desenvolvimento econômico, a tecnologia e a produtividade podem e devem existir, e isto é possível com um meio- ambiente saudável. Porém, algumas atitudes devem ser tomadas, como a participação e a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas. E isso pode ser feito sem a necessidade de grandes investimentos financeiros, a educação familiar e escolar determina o início dessas transições, e consequentemente o início do Desenvolvimento Sustentável.



ECO 92




A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento, ficou também conhecida como RIO-92, pois foi realizada na cidade do Rio de Janeiro em junho de 1992, e teve a participação de mais de 30 mil pessoas, de 170 países diferentes.
Após 20 anos da Conferência de Estocolmo, a Conferência RIO-92 foi realizada baseando-se na situação de desenvolvimento ambiental e sua constante degradação ecológica e econômica, e teve como principais objetivos a análise  da situação ambiental atual e as mudanças ocorridas após a Conferência de Estocolmo; a identificação de estratégias e recomendação de medidas regionais e globais ligadas à proteção do meio-ambiente; o aperfeiçoamento das leis ambientais, internacionalmente; e a promoção do desenvolvimento sustentável e eliminação da pobreza nos países em desenvolvimento.
Foi elaborado a Agenda 21, que é um Plano de Ação, que determina estratégias de sobrevivência e visa a sustentabilidade da vida na Terra. Este documento possui quarenta capítulos e oitocentas páginas.
A principal das estratégias de sobrevivência é a Educação Ambiental, e como F. Dias descreve: “Educação Ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente, e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros.”
Foram levantados muitos outros pontos centrais neste Plano de Ação, e todos com o objetivo de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental, e o governo tem uma parcela maior de responsabilidade para o sucesso de sua execução.
A implementação de muitas estratégias recomendadas na Agenda 21 entram em conflito com muitos obstáculos, porém sua execução é necessária, e a conscientização ambiental é o fator que derruba tais obstáculos e efetiva o Desenvolvimento Sustentável.
Existe uma Comissão Interministerial de Desenvolvimento Sustentável – CIDES, que assessora o Presidente da República na tomada de decisões sobre as estratégias e políticas nacionais determinadas na Agenda 21[6]. Dentre algumas atribuições da CIDES, está o acompanhamento e a avaliação da implementação das atividades programadas.
Também foi criado um órgão de alto nível, a Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, que inspeciona o cumprimento de todos os acordos alcançados no Rio.



CONFERÊNCIA DE KYOTO – JAPÃO




Foi realizada em dezembro de 1997, com o objetivo de reunir nações industrializadas e estudar a possibilidade de redução da poluição da atmosfera com gases de estufa.
O resultado foi decepcionante, pois os países desenvolvidos declararam não comprometer  seu progresso e o bem estar de suas populações em benefício do Planeta Terra.
“Os Estados Unidos concordaram em reduzir a poluição em 7%, a União Européia 8%, e o Japão apenas 6%”.[7] E, dessa forma, com o poder que possuem, conseguem bloquear a aprovação de qualquer medida que beneficie a sociedade global.



MOVIMENTO AMBIENTALISTA NO BRASIL




Segundo VIOLA[8], o Movimento Ambientalista no Brasil, pode ser dividido em três fases. A primeira fase é conceitual e exploratória. No ano de 1958, foi criada a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, este foi um dos primeiros movimentos ambientalistas no Brasil. Mas seu desempenho no espaço público não teve muita importância, trazendo para os anos 70 o processo de constituição do Ambientalismo Brasileiro, configurando propostas ambientais para o Estado e para a sociedade.
A Segunda fase se inicia em 1971 e vai até 1986. Em 1971, foi fundada a AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – que surgiu influenciado pelo movimento ambientalista norte-americano e europeu.
Em 1973, é criada a Secretaria Especial do Meio-Ambiente – SEMA, como conseqüência da Conferência de Estocolmo de 1972. Seu objetivo era o de atenuar a imagem internacional negativa que o Brasil tinha criado em Estocolmo, pois argumentavam que a principal poluição dos países em desenvolvimento era a miséria, buscando atrair para o Brasil, indústrias poluentes e incentivar populações desfavorecidas a migrarem para a Amazônia propondo a exploração dos recursos naturais do Brasil, ao invés de conservá-los.
A terceira fase, a partir de 1987, define a emergência do ambientalismo e a transição para a redefinição da problemática como desenvolvimento sustentável.
Crescem as associações e grupos comunitários ambientalistas, organizações não governamentais e movimentos sociais, grupos e instituições científicas de pesquisas ambientais, e algumas empresas que iniciam seus processos produtivos utilizando o critério da sustentabilidade ambiental.
Apesar do que já está sendo feito, pode-se observar que a evolução da educação ambiental tende à crescer cada vez mais. Estamos dependendo principalmente dos órgãos públicos, que possuem maiores recursos para a efetivação do desenvolvimento sustentável. Logo após vem os órgãos privados, que devem transformar seu modelo produtivo, e assumir maiores responsabilidades sociais e ambientais, buscando vantagens competitivas e as conciliando com o bem-estar de toda a sociedade.


LEGISLAÇÃO E OUTRAS EXIGÊNCIAS



HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL




A preocupação ambiental iniciou-se em meados de 1935 nos países europeus, porém, estes países passaram a “cuidar” do problema nas décadas de 60 e 70. Em 1960 com a Revolução Estadunidense e em 1970, a preocupação chega ao Canadá, Europa Ocidental, Japão, Nova Zelândia, Austrália e, finalmente, em 1980, esta questão atinge a América Latina, Europa Oriental, União Soviética e Sul e Leste da Ásia.
Com a preocupação pública pela deterioração ambiental surgem organizações não governamentais e grupos comunitários que lutam pela proteção do meio ambiente. Essas organizações eram aproximadamente 15000 em 1990.
As agências estatais (federal, estadual e municipal), encarregadas de proteger o ambiente formavam 12 grupos em 1970; em 1990 já somavam 140 agencias.
A preocupação ambiental criou também grupos e instituições científicas para estudo dos problemas ambientais com abordagem sistêmica; setor de administradores e gerentes que desenvolvem os processos produtivos baseados na eficiência no uso de materiais, energia, controle da poluição e qualidade; mercado consumidor que demanda alimentos de uma agricultura orgânica, papel reciclado, recipientes reutilizáveis, entre outros; agências e tratados internacionais para analisar os problemas ambientais que ultrapassam as fronteiras nacionais.
Há muito tempo, a questão ambiental recebe a devida atenção por parte do Direito, no sentido de legislar com intuito de preservar a natureza e assegurar a sobrevivência dos que dependem dela.
Até ao anos 80, o enfoque destas legislações, era o cumprimento das normas em relação aos níveis de poluição permitidos, mas a partir desta década, a atenção voltou-se a preservação ambiental de modo geral.
Existe um controle destinado às empresas no que diz respeito às suas atividades, no sentido de evitar ou amenizar os fatores de poluição.
Para que algumas empresas possam operar é necessário autorização do governo para assegurar que não haverá qualquer tipo de impacto sobre o ambiente e que serão tomadas às devidas providencias em caso de acidentes que prejudiquem o equilíbrio do meio.
Às empresas responsáveis por qualquer acidente ou infração ao meio ambiente são aplicadas penalidades como: correção do problema, pagamento de multas, e até a prisão dos administradores responsáveis e paralisação (proibição) das atividades da empresa.
Em 1973, criou-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), órgão encarregado da execução da Política Nacional Ambiental. Também neste ano, foi criada em São Paulo, a CETESB, Companhia de Tecnologia e Saneamento, ligada à Secretaria de Obras que institucionalizou definitivamente as ações de proteção ao meio ambiente.
O Decreto-Lei 1431/75 estabelecia que as indústrias teriam de adotar condições para prevenir ou corrigir os danos da poluição e da contaminação do meio ambiente.
As associações protetoras adquiriram o direito de agir judicialmente através da Lei 7347/85.
A Lei 6938/81 criou o CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, órgão que ressaltou a necessidade de utilização da análise de impactos ambientais.
A Constituição de 1988 destinou um capítulo as questões ambientais, determinando sanções penais e administrativas aos infratores.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é responsável pela execução da polícia federal do meio ambiente. Existe também, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, responsável pela classificação dos tipos de resíduos, métodos de análise e identificação de risco nas operações de transporte e armazenamento.



ISO 14000




A ISO 14000 ainda não é uma lei, mas uma exigência de mercado que vem dando resultados positivos ao meio ambiente.
Esta norma foi estabelecida em 1947 em Genebra e significa International Organization for Standardization que se caracteriza como uma organização não governamental. Está destinada a desenvolver a normalização mundial bem como facilitar a troca internacional de bens e serviços.
A ISO 14000 traz benefícios com a utilização racional dos recursos naturais, energia e desenvolvimento sustentável.
Atualmente, no mercado competitivo e turbulento em que vivemos, as empresas que estiverem a favor da ecologia e tomarem providencias para defende-la, com certeza terão um grande diferencial e serão reconhecidas mundialmente como, empresas socialmente responsáveis.
As normas ISO 14000 ganharam importância no Brasil em 1991, porém a primeira publicação  deu-se em 1996, através da ABNT.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela ser controlados com a finalidade de determinar os que terão impacto sobre o meio ambiente.


RESPONSABILIDADE SOCIAL



A partir dos anos 70, as empresas passaram a preocupar-se com a poluição do ar, das águas , lixo sólido, poluição sonora, visual e proteção dos trabalhadores, pois todas essas áreas representam uma obrigação legal.
Um dos grandes obstáculos a preservação ambiental é que muitos dirigentes ainda acreditam que a proteção ao meio ambiente exige gastos significativos.
Torna-se necessário, extremo cuidado ao administrar o ciclo de vida dos produtos reduzindo ao mínimo o impacto ambiental.
O avanço tecnológico vem abrindo novos caminhos no sentido de preservar energia e matérias-primas favorecendo o crescimento econômico mais equilibrado e provando que existem maneiras de proteger o ambiente sem elevar os custos para as empresas.
A prática do desenvolvimento sustentável decorrente das necessidades ambientais exigirá das empresas a busca permanente do aprimoramento dos processos de gestão, de forma a assegurar aos consumidores que os produtos e serviços oferecidos utilizem, cada vez menos, recursos ambientais não-renováveis.
A produção em larga escala é uma necessidade inquestionável para a nossa sociedade, mas ela sempre foi uma força antagônica ao equilíbrio ecológico, porém, da mesma maneira que a tecnologia de produção evoluiu, também houve evolução dos recursos de controle ambiental.
De modo geral, as Organizações preocupam-se cada vez mais em alcançar e demonstrar um desempenho ambiental correto, administrando o impacto de suas atividades, bem como um severo controle de produtos ou serviços. Podemos afirmar que este comportamento é conseqüência de uma legislação cada vez mais exigente.
No mundo globalizado em que vivemos, as empresas tomam decisões considerando não somente os lucros, mas a responsabilidade social. Preocupam-se com a aprovação da comunidade.
Estas empresas buscam participar na solução de problemas sociais, como, por exemplo, indenizando pessoas prejudicadas pela poluição causada.
Para que o desenvolvimento sustentável seja empregado, faz-se necessário que haja pleno equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental.
O grau de sensibilidade social de uma empresa é medido pela eficácia e eficiência em satisfazer as obrigações sociais.



ONGs




Trata-se de organizações não governamentais preocupadas em proteger o meio ambiente. Entre estas organizações podemos citar as mais conhecidas: Greenpeace, GIFE, VITAE CIVILIS, CEDESUS (Centro de Desenvolvimento Sustentável do Brasil), constituídas de maneiras diferentes, porém com o mesmo ideal. Existe também o WWF (World Wide Fund for Nature – Fundo Mundial para a Natureza), que foi fundado em 1961, na suíça e sua chegada ao Brasil deu-se em 1971, com o Projeto Mico Leão Dourado.
A Motorola e o WWF firmaram parceria na luta pela preservação do ambiente, onde a empresa doou 22 rádios bidirecionais para uso na Mata Atlântica e no Cerrado, possibilitando que guardas florestais, guias e pesquisadores contatem a sede ou bases móveis. Esta parceria é de âmbito mundial e o investimento da empresa no Brasil, foi cerca de US$ 130 mil.[9]
A Kodak também participou doando R$ 25 mil para o programa de Ecoturismo do WWF.



OPORTUNIDADES EMPRESARIAIS



MARKETING AMBIENTAL




A Nova Economia exige das organizações novas formas de administração e uma delas é a administração verde, que busca constantemente tecnologias avançadas e modernização de processos, sem abandonar o zelo com a sociedade e o meio-ambiente.
Para isso, as empresas, seja por obrigação de forças legais ou pressões sociais, devem analisar e redefinir sua Estratégia de Marketing Ambiental.
De certa forma, as empresas só tem à ganhar com a administração verde, pois a tendência do consumo da sociedade é pelos produtos que, de uma forma ou de outra, estejam ligados favoravelmente à preservação do meio-ambiente. E, sendo assim, as empresas que se preocuparem e desenvolverem estratégias de marketing ligadas à responsabilidade social, terão grandes vantagens competitivas em relação às empresas que não o fizerem, pois esta preocupação engrandece a imagem da empresa perante o mercado consumidor.
As empresas que atuam no mercado valorizando o social, contribuem para o crescimento econômico, sem por isso, degradar o meio-ambiente, demonstrando assim, a construção do desenvolvimento sustentável. Podemos chamá-las de empresas-cidadãs, e, quando falamos em empresas-cidadãs, na verdade estamos falando de administradores, ou seja, de pessoas cidadãs, pois as empresas são formadas por elas, que chamamos de capital humano e também fazem parte da sociedade e utilizam dos recursos existentes no Planeta Terra.
Assim sendo, os trabalhos sociais desenvolvidos por diversas organizações, procuram demonstrar a real preocupação com a natureza e a comunidade. Portanto, a comunicação institucional e mercadológica deve ser efetiva, desfazendo tabus de que as empresas visualizam somente seus próprios lucros.
A estratégia de marketing precisa ser muito bem administrada, visando atender um público cada vez maior, para obter bons resultados mercadológicos.
Segundo DORINI[10]: “Os programas de marketing podem se utilizar da comunicação externa, dirigidos à comunidade local, escolas meios de comunicação, grupos ambientalistas, sindicatos patronais e de trabalhadores, consumidores e ao público geral. Com a mídia poder-se-á promover campanhas educativas, programas especiais de entrevistas com temas ligados à questão ambiental e anúncios institucionais.”
A Internet também é uma grande arma de comunicação, e existe um espaço onde podem ser encontradas empresas e entidades que oferecem produtos e serviços para solução dos problemas ambientais que as empresas enfrentam, são as “Green Pages”[11], ou páginas verdes.
Quando as empresas adotam um programa de marketing ambiental elas estão, na verdade, englobando vários objetivos que levam ao aumento da produtividade com menores custos. Tais objetivos podem ser definidos como a satisfação dos acionistas e funcionários, a redução de custos, ou mesmo facilidades na obtenção de recursos junto à Bancos e Governo.
O programa também pode ser adotado por pressões governamentais e das ONGs,  pois a legislação está cada vez mais rigorosa com relação ao meio-ambiente, e a imprensa pode afetar a empresa com publicidade negativa, se caso uma ONG perceber qualquer descuido com a natureza.



ALGUMAS EMPRESAS CIDADÃS



Várias empresas podem ser citadas, pois a responsabilidade social é um mercado que esta se expandindo cada vez mais. Segundo Oded Grajew, presidente do Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social – entidade sem fins lucrativos que ajuda empresas a se comprometer numa boa causa -, “...a Ethos possui 460 organizações associadas, o que corresponde a quase 27% do PIB brasileiro.”[12]
Segue abaixo, exemplo de algumas empresas cidadãs:

Ø  Pão de Açúcar: criou uma entidade independente, o Instituto Pão de Açúcar, que neste ano está  investindo 6 milhões de reais em projetos sociais ligados à educação.
Ø  Cetrel: empresa baiana de proteção ao meio-ambiente, dá consultoria nesta área e também desenvolve projetos ambientais. Criou o Ecofone, uma linha telefônica para a comunidade fazer denúncias sobre eliminação irregular de dejetos.
Ø  Eucatex:  abastece suas fábricas para produção com madeira de suas próprias plantações. Possui mais de 11 mil hectares de reservas naturais e de preservação permanente em um sistema integrado com as áreas reflorestadas. Sua conduta ambiental é reconhecida também no Exterior.
Ø  HP: no Programa HP – Cidadã, a empresa repassa para algumas instituições o dobro do valor doado pelos funcionários.
Ø  Accor Brasil: no ano passado, atendeu cerca de 50.000 crianças e jovens, através do Programa Nutrir, que oferece orientação sobre nutrição e doa alimentos para comunidades carentes.
Ø  Votorantim: produz cimento sustentado, com propriedades diferenciadas, atendendo exigências em aplicações especiais. A gestão ambiental tem evoluído na empresa, que vem investindo em tecnologia, educação e processos, atingindo uma grande redução no consumo de energia.
Ø  Poematec: empresa do Pará que produz banco para automóveis utilizando a fibra do coco – um material natural e renovável – em substituição aos materiais obtidos do petróleo. Motivados pela responsabilidade social, este processo está gerando renda para mais de 4.000 pessoas.
Ø  Belgo-Mineira: concilia suas atividades com a preservação ambiental, desenvolvendo e implantando processos produtivos que minimizam o impacto de suas ações sobre o meio-ambiente, investindo em tecnologias limpas. Possui Centros de Educação Ambiental e seus investimentos nas questões ambientais tem sido constantes.
Ø  Alcan: possui um Centro de Reciclagem com capacidade para 40.000 toneladas de sucata por ano, em Pindamonhangaba – SP. Recicla latas de alumínio, tornando-as novas para embalar novas bebidas. Consome menos energia e utiliza menos recursos naturais, favorecendo o meio-ambiente. Seu Slogan é : “Nada recicla como alumínio. Ninguém recicla com Alcan.”
Ø  Fiat: primeira montadora de automóveis à receber o ISO 14001. Possui o Sistema Fiat Auto Recycling, que recicla a família do Pálio e do Marea no final do seu ciclo de vida, além de estar de acordo com as normas sobre emissão de poluentes.
Ø  OPP Petroquímica: Seu programa de responsabilidade social envolve crianças que transformam plástico em arte e também distribui saquinhos plásticos nas praias para que as pessoas coloquem seus lixos. Seu Slogan é: “Educação Ambiental. A OPP preserva essa idéia.”
Ø  Riocell: Produz papel no sul do Brasil, e é uma das maiores fornecedoras de celulose de eucalipto no mercado mundial. Para isso, utilizam madeira exclusivamente de suas plantações e as repõe constantemente, aumentando a qualidade e produtividade. Seu Slogan é: “Não tocamos numa única folha.”
Ø  Cesp: Planta mudas, conserva espécies, cria alevinos, faz reassentamento urbano, rural e de pescadores. Gera energia respeitando o meio-ambiente e proporcionando melhor qualidade de vida. Tem como Slogan: “Faz parte da política da Cesp respeitar o meio para atingir o fim.”
Ø  MC Donald´s: Contrata somente fornecedores que obedeçam a legislação ambiental. Utiliza porta-copos feito com material biodegradável e utiliza embalagens em papel reciclado. Possui conceitos internalizados de ação ecológica, ação social e ação cultural.
Ø  Fundação S.O.S. Mata Atlântica: tem por objetivo defender os remanescentes da mata atlântica, valorizar a identidade física e cultural das comunidades humanas que os habitam, conservar o riquíssimo patrimônio natural, histórico e cultural existentes nessas regiões, buscando o seu desenvolvimento sustentado.


As empresas, como estas citadas anteriormente, possuem diferencial de mercado e vantagem competitiva, o que resultam em maiores resultados e melhores oportunidades de negócios. Para introduzir melhorias nos processos e na tecnologia buscando a qualidade ambiental, as empresas podem contar com o sistema dos 4R´s: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Este sistema possibilita que os ecoprodutos possuam características diferenciadas, tais como[13]:

Ø  Reduzido consumo de matérias-primas, e elevado índice de conteúdo reciclável;
Ø  Produção não-poluidora e materiais não-tóxicos;
Ø  Não realiza testes desnecessários com animais e cobaias;
Ø  Não produz impacto negativo ou danos a espécies em extinção;
Ø  Baixo consumo de energia durante produção/distribuição/uso/disposição;
Ø  Embalagem mínima ou nula;
Ø  Possibilita reuso ou reabastecimento;
Ø  Permite coleta ou desmontagem após o uso;
Ø  Possibilita remanufatura ou reutilização.


Mas as empresas ganham vantagens competitivas e melhores resultados, ao passo que são voluntárias em suas ações ambientais. Pois se agirem somente após regulamentações e leis, elas estarão numa posição de defesa, e com isso podem até perder parcelas de mercado.

O CONSUMIDOR




     A consciência ambiental é o fator que determina o consumo de produtos ou serviços que estão ligados à preservação do meio-ambiente. A medida que ela aumenta, as empresas que investem em tais produtos terão melhores oportunidades de negócios, sejam elas pequenas, médias ou grandes.
O consumidor verde, segundo Elkington[14], “...busca qualidade evitando o consumo de produtos com impactos ambientais negativos, recusa os produtos derivados de espécie em extinção, observa os certificados de origem e os selos verdes, leva em conta a biodegrabilidade do produto, escolhe produtos isentos de alvejantes e corantes e prefere produtos com embalagem reciclável e/ou retornável, entre outros”.
Dessa forma, podemos afirmar que o consumidor não exige preço, e até paga mais quando se trata de um produto ou serviço que respeita a saúde e o meio-ambiente. Porém, procuram encontrar a melhor relação custo/benefício de acordo com seus orçamentos.
Para ser melhor reconhecido, os produtos verdes são identificados por um selo ambiental, endossando a ecologicidade do produto e considerando seu ciclo de vida desde a fabricação até sua eliminação. Ajudam os consumidores a encontrar os produtos benéficos ao meio-ambiente. A Câmara de Comércio Internacional sugere uma série de princípios para a implantação de esquemas de selos ambientais. 



DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS ORGANIZAÇÕES



Para que as organizações promovam o Desenvolvimento Sustentável, é extremamente necessário desenvolver uma Estratégia de Marketing que chame a atenção dos consumidores sobre suas preocupações e atitudes com relação às questões ambientais.
A Estratégia de Marketing Ambiental tem por objetivo principal, elevar a imagem da empresa perante a comunidade local e global. Esta postura é necessária para que a sociedade visualize a organização com responsabilidade social e ambiental, e não somente com objetivos comerciais.
No entanto, as organizações não devem ficar somente no marketing, mas sim buscar desenvolver políticas ambientais e realmente praticá-las. E, esta atitude deve envolver toda a organização, englobando todos os níveis hierárquicos.
A empresa deve desenvolver uma estratégia ambiental, preparar um programa de ação, desenvolver tecnologias ambientais, educar e capacitar todo o quadro funcional, acompanhar e fiscalizar o plano de ação e avaliar seu progresso ecológico.
Existe uma maneira que as empresas podem prestar contas ao público, sobre suas ações sociais, para demonstrar exatamente o quanto contribuem com a sociedade. Esta maneira é o Balanço Social, que nada mais é que um relatório dos resultados de políticas sociais e ambientais. Assim a empresa se torna transparente para a sociedade e ganha maior credibilidade.
As empresas também podem utilizar o Balanço Ambiental,  que são relatórios fornecidos por auditores ambientais, informando dados que possibilitam visualizar as atitudes a serem tomadas, como por exemplo com relação à redução de custos e despesas.
A grande importância em se planejar e controlar ações ambientais está no benefício que isso traz, não só para as empresas e a comunidade local, mas sim para toda a sociedade e principalmente para as gerações futuras.



RELAÇÕES ENTRE O MEIO AMBIENTE E A ECONOMIA




Muitas empresas têm mudado seu comportamento em busca de novos posicionamentos no mercado e algumas mudanças são em relação à preservação do meio ambiente, mas não são pela necessidade real de preservarmos, mas como um diferencial para torná-las mais competitivas.
As empresas são grupos que produzem para um mesmo mercado e crescem buscando se destacar no setor econômico. Para que isto aconteça, as empresas têm se adaptado às estratégias ambientais junto com as variáveis externas.
Nos dias atuais, as questões do Desenvolvimento Sustentável passaram a se referir, nas empresas, como controle ambiental integrado no sistema de produção.
Idealiza-se que as questões de preservação do ambiente deixem de ser um problema legal e passe a ser empresarial, onde as questões signifiquem posições competitivas que as permitirão sobreviver em seu mercado.
O impacto ambiental varia de empresa para empresa devido às características do seu setor produtivo e suas estratégias e ações vão de acordo com seus produtos e processos.
Os setores econômicos podem se desenvolver através da substituição das tecnologias utilizadas com recursos naturais por renováveis, que não são poluentes e possibilitam assim a redução dos danos ambientais, além de gerar menor custo e aumento de empregos.
É necessário também, investir em educação e informação para que não ocorram mais danos na natureza. Estes são fatores favoráveis, e contribuem para elevar investimentos em políticas mais eficazes, reduzindo a pobreza e o aumento da civilização.
A atividade econômica com o meio ambiente pode ser relacionada de seguinte forma:

Ø  As políticas econômicas afetam a produtividade e a composição dos produtos e, quanto maior a renda per capta, maior a necessidade de um meio ambiente melhor;
Ø  Políticas ambientais modificam o uso de recursos naturais por renováveis e, quanto maior a eficiência menor é o consumo destes recursos;
Ø  Investimentos ambientais geram benefícios e, quanto mais tecnologia voltada à proteção do ambiente, menor é a degradação.

O crescimento econômico é indispensável para o desenvolvimento do país, sendo o único meio de acabar com a pobreza e destruição do meio ambiente.



O PAPEL DAS EMPRESAS PERANTE O MEIO AMBIENTE




As questões ambientais inseridas no conceito do Desenvolvimento Sustentável colocaram várias empresas a refletirem em relação à preservação do meio ambiente, tendo a consciência dos danos irreversíveis por elas causados.
A postura em que as empresas se enquadraram perante o meio ambiente estão classificadas em estágios com potenciais e conseqüências[15]. São elas:

1º Estágio -

Postura Passiva - Considera as questões ambientais como redutoras de lucro e não realizam investimentos para reduzir ou controlar os danos por ela causados.

Os Potenciais – Entra em conflito com os defensores e são punidos com multas estabelecidas por lei; os consumidores estão exigindo um bom comportamento e por isto rejeitam seus produtos.

As Conseqüências – São sempre visados pelos fiscais tendo que pagar multas pela sua intolerância; o mercado ficou reduzido para eles, e sem investidores.



2º Estágio -

Postura Reativa – Cumprem as leis quando exigidas pelos fiscais, procurando não investir muito em preservação ambiental.

Os Potenciais – Exposição aos concorrentes e fiscais.

As Conseqüências – São muitos os riscos como: financeiro; perda do mercado e tendo sempre que relatar seus procedimentos.


3º Estágio –

Postura Proativa – Tem a consciência que se deve cumprir todas as leis desde o princípio para não ter que ficar reparando seus erros; utiliza-se de auditorias ambientais.

Os Potenciais – Melhor aceitação de seus produtos no mercado; Investimentos em tecnologias para preservação e fica atento aos riscos ambientais.

As Conseqüências – Satisfação dos funcionários e consumidores; bom relacionamento com fiscais e poucas chances de punição; mais investidores interessados e financeiramente bem, pois seus custos com matéria-prima são menores.

De acordo com cada estágio em que as empresas se encontram o processo de mudança poderá ser mais trabalhoso ou não.



O PROCESSO DE MUDANÇA




O processo de mudança nas empresas é um grande desafio, pois depende da adaptação do desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Estas mudanças significam o quanto as organizações possuem de responsabilidade social.
As empresas voltadas para preservação envolvem toda sua estrutura organizacional independente dos níveis hierárquicos. O desenvolvimento na organização é sempre necessário quando está concorrendo e lutando para sua sobrevivência.
Todo o processo de mudança pode ser solucionado eficientemente desde que bem planejadas e ajustadas de acordo com as condições externas ou internas. Desta maneira as organizações poderão diminuir custos e aumentar qualidade.
O posicionamento de maior responsabilidade é uma exigência da sociedade e as empresas que possuem esta responsabilidade vem se destacando nos setores econômicos e sociais.
As adaptações para um desenvolvimento sustentável em seu processo as tornarão mais eficientes e conscientes.
As organizações precisam ter em mente que não existe conflito entre lucratividade e questão ambiental e esta idéia é mundial. Cada vez mais a sociedade está valorizando quem preserva o meio ambiente e desta forma os consumidores dão preferência aos produtos das empresas com esta responsabilidade.
O processo de mudança precisa ter em vista a regulamentação que está em vigor e se aperfeiçoar as políticas de preservação, levando em conta o desenvolvimento técnico, a preparação de seus funcionários e as expectativas do mercado.
Para atuar nestas forças de mercado, a CARTA EMPRESARIAL para o Desenvolvimento Sustentável auxiliará as empresas a cumprir suas obrigações em relação à preservação ambiental. Uma das prioridades das organizações é reconhecer a gestão do ambiente e praticá-las em segurança.



A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS



Foi em 1.980 que as empresas começaram a ver como investimento para uma vantagem competitiva, a adaptação de novos processos produtivos com base na preservação do ambiente.
Este processo de mudança passada pelas empresas mostrou-se como uma mudança de defensiva para ativa, e de reativa para criativa, diferenciando-se das demais que não adotaram a idéia do Desenvolvimento Sustentável.
As indústrias têm consciência que os consumidores estão cada vez mais atentos ao tipo de material utilizado nos produtos, se são poluentes ou não, e se são recicláveis ou não.
Nos dias atuais o método utilizado pelas empresas é a reciclagem, que além de não destruir o meio ambiente, conseguem obter maiores lucros, como também poupam mais energia.
Mesmo com este método ainda há muito desperdício, pois algumas empresas não reaproveitam suas sobras de lixo.
As empresas no Brasil que possuem uma organização ambiental variam em função de seu tamanho e tipo de indústria e estão introduzindo auditorias ambientais. Estas auditorias têm por objetivo auxiliar no processo de controle ambiental e estas empresas têm crescido muito. As quais possuem este perfil ambiental tem maiores chances de serem inseridas no mercado internacional (globalização).
Há muitos benefícios em se adaptar aos processos de proteção entre os objetivos das organizações. Alguns dos benefícios são: “sobrevivência humana, consenso; oportunidade no mercado; redução de custos e riscos; integridade pessoal”.[16]
As empresas passam a exercer importante papel para a melhoria do meio ambiente, reforçando seu compromisso com a qualidade de vida do País e do planeta.
Os benefícios trazidos pelo processo de mudança ajudam a melhorar a imagem das empresas e maior mercado para seus produtos. A expansão dos consumidores de produtos renováveis faz com que possamos atingir uma sociedade sustentável.
Todas as vantagens que estas mudanças nos proporcionam, faz com que sejamos melhores como pessoas e como organizações e as punições vão, aos poucos, deixando de existir e as ameaças do mercado passam a ser apenas a concorrência.



A RECICLAGEM DO LIXO COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO



Um dos métodos para se alcançar a sustentabilidade econômica é a reciclagem do lixo. A reciclagem tem-se mostrado excelente oportunidade de geração de mais empregos, podendo ajudar a melhorar a qualidade de vida do povo.
Muitos são os produtos que podem ser reciclados e desta maneira são muitos os tipos de empresas que podem aderir esta tecnologia. Os lixos que podem ser reciclados são: plásticos papéis, vidros, borrachas, alumínio, entre muitos outros, até o coco.
Existem também muitas cooperativas coletoras de lixos, que geram empregos e renda para muitas pessoas. Estes coletores são os maiores responsáveis pelos altos índices de reciclagem, principalmente do papelão.
“São estes trabalhos comunitários que ajudam não só as populações de baixa renda, como também demonstram que o brasileiro está preocupado em melhorar sua qualidade de vida e proteger o meio ambiente”.[17]
As cooperativas são empreendimentos cada vez mais rentáveis. Mesmo sem incentivo os empresários estão se mostrando confiantes e motivados para continuarem este trabalho de preservação.
Muitas indústrias recicladoras compram a matéria-prima de outras indústrias dentro do mesmo estado gerando menores custos com transportes e rapidez no processo produtivo.
No setor de alimentos, no Brasil, medidas proativas já podem ser identificadas. “Alguns supermercados entraram em parceria com empresas e a comunidade instalando máquinas de prensagem de latinhas de alumínio e garrafas PET”.[18] Este processo tem motivado os consumidores e os resultados são quantitativos e qualitativos.
O Brasil é o segundo país em reciclagem de latinhas, segundo informações do SEBRAE: “Desde 1.998 o Brasil passou do terceiro para o segundo lugar, quando aumentou sua produção para 73%, passando os EUA, que mantêm a marca dos 63% de latas produzidas. Oficialmente quem lidera o ranking mundial é o Japão.
Com um mercado bastante promissor, a reciclagem de latas de alumínio movimenta no mundo US$110 milhões, o que significa ocupação para mais de 150 mil agentes coletores de latinhas e com renda media entre dois e quatro salários mínimos”.[19]
Pode-se perceber que muitas são as saídas para obtermos um desenvolvimento sustentável basta adaptar a um procedimento adequado a cada situação e seguir com a consciência tranqüila de estar fazendo a sua parte.



CONCLUSÃO



Nós como futuros administradores devemos ser conhecedores das causas e efeitos da preservação ambiental nas atividades produtivas, pois estas questões vêm preocupando crescentemente a sociedade mundial, influenciando fortemente no ajuste competitivo das empresas em uma economia mais aberta e integrada.
As empresas representam um dos principais aliados para o alcance do Desenvolvimento Sustentável, pois além de obter uma alavancagem em seu setor, ganhando credibilidade e confiança dos seus consumidores, ajudam a diminuir os impactos causados no ambiente.
O amplo conceito de Desenvolvimento Sustentável beneficia toda a população, contribuindo para o crescimento do setor econômico, a igualdade social e equilíbrio ecológico.
Quando a empresa é politicamente correta, procura relacionar-se com outras empresas que também defendem a mesma idéia, mostrando-se fortes aliadas e se destacando pelo seu diferencial: preservação do meio ambiente.
Não basta as empresas seguirem apenas as leis ou normas, elas necessitam que seus funcionários também possuam a consciência do que é, para que serve a preservação do meio ambiente e como concretizá-la, e que os maquinários e equipamentos sejam direcionados a preservação, minimizando os impactos ou efeitos causados.
Quando as pessoas adquirem a consciência de que se deve preservar para sobrevivermos, elas não exercerão somente nas empresas, elas irão praticá-las em suas próprias casas, e é onde se deve iniciar toda esta conscientização, não desperdiçando água, alimentos e energia, e utilizando recursos que podem ser renováveis, ou substituídos por outros reciclados ou mesmo reutilizáveis.
Cada um de nós tem a responsabilidade de colaborar com a preservação do meio ambiente para que possamos ter um planeta saudável e garantir a sobrevivência das gerações futuras.


BIBLIOGRAFIA



DORINI, Raquel Pereira. Desenvolvimento Sustentável como Responsabilidade Social das
      Empresas – Um Enfoque Ambiental. São Paulo – 1999.

DIAS, Genebaldo  Freire. Educação Ambiental – Princípios  e  Práticas.  Editora Gaia – 6ª
     Edição, São Paulo – 2000.

BACKER,  Paul  de.  Gestão  Ambiental:  a  Administração  verde.  Tradução  de   Heloísa
      Martins Costa, Qualitymark. Rio de Janeiro – 1995.

CAJAZEIRA, Jorge  Emanuel  Reis. ISO 14001 –  Manual  de  Implantação.  Qualitymark 
      Rio de Janeiro – 1998.

ANDRADE, Rui  Otávio  B.;  TACHIZAWA, Takeshy;  CARVALHO,  Ana  Barreiros de.
      Gestão Ambiental – Enfoque Estratégico  Aplicado  ao  Desenvolvimento   Sustentável.  
      Makron Books do Brasil Ed. Ltda. – São Paulo – 2000.

AOGAN,    Daniel  Joseph;    VIEIRA,    Paulo    Freire.    Dilemas    Socioambientais    e
      Desenvolvimento Sustentável. Editora da Unicamp, 2ª Edição – Coleção Momentos.

ABNT – Associação Brasileira de Normas e Técnicas – Fórum  Nacional de Normalização.
      Gestão Ambiental – ISO 14000. Politeno – Rio de Janeiro – 1997.

DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa - 2ª  Edição, São Paulo: Atlas – 1999.

MAGERA, Márcio. Os empresários do lixo – Um paradoxo da modernidade. 2° edição, Campinas – Átomo Alínea, 2005.

REVISTA VOCÊ S/A. Por uma Boa Causa. Setembro 2001, pag 39.




[1] Citado em:  Gestão Ambiental - Enfoque Estratégico Aplicado ao Desenvolvimento Sustentável; p. 1
[2] F. DIAS, Genebaldo; Educação Ambiental - Princípios e Práticas; p. 112-113.
[3] FREIRE DIAS, Genebaldo. Educação Ambiental, Princípios e Práticas; pág. 25.
[4] Educação Ambiental, Princípios e Práticas - anexo 2 pág. 369

[5] DORINI, Raquel P. – Desenvolvimento Sustentável como responsabilidade social das empresas. São Paulo, 1999.

[6] DORINI, Raquel P. – Desenvolvimento Sustentável como responsabilidade social das empresas. São Paulo, 1999.
[7] Educação Ambiental, Princípios e Práticas – p 55.
[8] VIOLA,E.J. O Movimento Ambientalista no Brasil (1971-1991).

[9] Segundo DORINI, Raquel P. São Paulo – 1999.
[10] DORINI, Raquel Pereira. Desenvolvimento Sustentável como Responsabilidade Social das Empresas – Um
Enfoque Ambiental. São Paulo – 1999.
[12] Revista VOCÊ SA.  Por uma boa causa. Setembro 2001 – pg. 39.
[13] SIMON, 1992 – Citado em Desenvolvimento Sustentável como Responsabilidade Social das Empresas.
[14] ELKINGTON, Hailes e Makoner, 1998
[15] Baseado na Tese de DORINI, Raquel P.
[16] ANDRADE, Otávio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiros de; Gestão Ambiental - Enfoque estratégico aplicado ao Desenvolvimento Sustentável; p.8.
[17] Conexão Empresarial - SEBRAE; Reciclagem; p.6; Dezembro 2.000.
[18] Retirado do Site:< www.cempre.gov.br>; 26/09/2001.
[19] Conexão Empresarial - SEBRAE; p.7; Dezembro de 2.000.

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