sexta-feira, 18 de julho de 2014

O que você deve saber sobre Leucemia Mieloide Crônica (LMC)



Este texto informativo, destinado a pacientes com Leucemia Mieloide Crônica (LMC) e seus familiares, irá ajudá-lo a conhecer melhor tanto a doença quanto o seu tratamento. As pessoas podem adquirir LMC em qualquer idade, entretanto, a maioria dos casos ocorre em adultos, embora crianças também possam desenvolver a doença.

A incidência da doença aumenta com a idade, passando de, aproximadamente, um caso para cada 1 milhão de crianças nos primeiros dez anos de vida, a um caso em cada 100 mil indivíduos aos 50 anos e, ainda, a um caso em cada 10 mil indivíduos acima de 80 anos. Com isso, estima-se que, anualmente, no Brasil, cerca de 10 mil pessoas desenvolvam leucemia (Fonte: Instituto Nacional de Câncer - Inca).
Entendendo a Leucemia Mieloide Crônica
Por ser uma doença adquirida (não hereditária), que envolve o DNA na medula óssea, a Leucemia Mieloide Crônica (LMC) não está presente no momento do nascimento.
Essa alteração do DNA proporciona uma vantagem às células malignas em termos de crescimento e sobrevivência, isto porque, devido à mudança no DNA, as células doentes passam a ter maior sobrevida que os glóbulos brancos normais, o que leva a um acúmulo no sangue. Diferente da Leucemia Mieloide Aguda (LMA), a Leucemia Mieloide Crônica (LMC) permite o desenvolvimento de outras células normais na medula óssea. Essa distinção entre a LMA e a LMC é importante, pois justifica a progressão menos severa desta última.
Possíveis Causas 
A Leucemia Mieloide Crônica (LMC) distingue-se de outras leucemias pela presença de uma anormalidade genética nas células doentes, denominada cromossomo Philadelphia.
Estudos estabeleceram que dois cromossomos, os de número 9 e 22, são anormais, isto é, os segmentos rompidos dos cromossomos das células sangüíneas de pacientes com Leucemia Mieloide Crônica se intercambiam e a porção destacada do cromossomo 9 se prende à extremidade do cromossomo 22, e a porção destacada do cromossomo 22 se prende à extremidade do cromossomo 9. Esse intercâmbio anormal de partes dos cromossomos é denominado translocação e ocorre somente nas células sangüíneas derivadas dessa célula doente. Os cromossomos das células nos outros tecidos são normais.
A causa da ruptura cromossômica não é conhecida em praticamente nenhum dos pacientes com LMC. Em uma pequena proporção dos pacientes, essa ruptura é causada por exposição a doses muito altas de radiação.
Sinais e Sintomas
A Leucemia Mieloide Crônica está associada a sintomas que se desenvolvem, em geral, gradualmente, tais como mal-estar; cansaço fácil, podendo notar falta de fôlego durante atividade física; palidez, devido à anemia; desconforto no lado esquerdo do abdome, devido ao baço aumentado (esplenomegalia); suor excessivo; perda de peso e intolerância a temperaturas mais altas.
Diagnóstico
A doença é frequentemente descoberta durante exames médicos periódicos. Para que o diagnóstico da doença seja estabelecido, o sangue e as células da medula devem ser examinados. A contagem de glóbulos brancos aumenta, frequentemente chegando a níveis muito altos.

Uma amostra de medula (mielograma) deve ser examinada para confirmar os achados sangüíneos e para determinar se anormalidades cromossômicas estão presentes.

Tipos de Exames
- Citogenética: é o exame que determina o número e a anormalidade cromossômica. A presença do cromossomo Philadelphia nas células da medula, altas contagens de glóbulos brancos e outros achados característicos na medula e no sangue confirmam o diagnóstico de LMC.

- Reação em cadeia da polimerase (PCR): é um exame muito sensível de células sangüíneas ou medulares que pode detectar quantidades muito pequenas da alteração do DNA, causada pela ruptura cromossômica na LMC.

- Hibridização in situ por fluorescência: freqüentemente conhecida como FISH, é um outro método de identificação da translocação 9:22, típica da LMC.
Tratamento da Leucemia Mieloide Crônica
As células da maioria dos pacientes com LMC contêm o cromossomo Ph e praticamente todos os pacientes com LMC são diagnosticados durante a fase crônica da doença. O objetivo do tratamento da Leucemia Mieloide Crônica cromossomo Ph-positiva é a eliminação das células que contêm o cromossomo Ph e uma remissão completa.

O mesilato de imatinibe (Glivec) é uma medicação que tem se mostrado bastante efetiva na LMC e é, atualmente, o medicamento de primeira escolha para o tratamento. Estudos indicam que pacientes em tratamento com o mesilato de imatinibe apresentam 80% de possibilidade de alcançar remissão completa, sendo seu uso indicado por pelo menos 5 anos.

É administrado via oral, bem tolerado por indivíduos mais idosos com LMC e apresenta uma menor incidência de efeitos colaterais graves. A LMC tem sido tradicionalmente tratada com medicação única e, na sua fase crônica, o tratamento faz com que as contagens de células sangüíneas retornem ao normal, mantendo-as nesse nível, ou próximas a ele, por períodos prolongados. Além disso, o baço volta ao tamanho normal, as infecções e sangramentos anormais tornam-se pouco comuns e os pacientes podem retomar às suas atividades diárias normais.

No entanto, controles periódicos de contagem de células sangüíneas, análises citogenéticas do sangue e/ou da medula são necessários.

A hidroxiuréia, medicamento que pode diminuir o número de glóbulos brancos, também é freqüentemente utilizada. Após a diminuição dos glóbulos brancos, a terapia medicamentosa específica pode ser iniciada com Glivec ou interferon.
Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas (TCTH)
O transplante de células-tronco hematopoéticas é indicado para pacientes que não respondem ao mesilato de imatinibe e possuem um doador HLA compatível. Essa terapia costumava ser conhecida como transplante de medula óssea. Entretanto, no caso desse tipo de transplante, tanto o sangue como a medula são fontes de células-tronco.

As decisões a serem tomadas quanto à indicação do transplante e o momento em que ele deve ser realizado são complexas. A razão para isso é que os tratamentos atualmente disponíveis são mais bem sucedidos, resultando em remissão citogenética e até molecular. A idade do paciente, a compatibilidade genética do futuro doador e o grau de resposta à terapia medicamentosa nos primeiros meses do tratamento devem ser analisados cuidadosamente para que a equipe que trata o paciente decida a respeito de um transplante.
Transformação Aguda da Fase Crônica da LMC
Na maioria dos pacientes com LMC, a fase crônica da doença se transforma, depois de algum tempo, em uma fase mais difícil de ser controlada e, conseqüentemente, mais problemática para o paciente. Nessa segunda fase, denominada “fase acelerada”, aumenta o número de glóbulos brancos e de células imaturas, ou blastos, na corrente sangüínea. Após a fase acelerada, ocorre a fase “blástica”, transformação semelhante à leucemia aguda, onde os blastos imaturos ou leucêmicos dominam a medula óssea e o sangue. Essa fase é, geralmente, resistente à quimioterapia, e, por essa razão, o tratamento deve ser mais agressivo, com medicações semelhantes àquelas utilizadas no tratamento da leucemia aguda, sendo utilizado nessa fase mais avançada da doença, o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH). Mesmo com menos sucesso, pode levar à remissão em alguns pacientes, ao passo que outros, podem alcançar a remissão com o uso do mesilato de imatinibe, permitindo fazer um transplante de células-tronco hematopoéticas em condições mais favoráveis e, segundo se espera, com melhores resultados.
Efeitos Colaterais do Tratamento
O termo Efeitos Colaterais é usado para descrever como o tratamento afeta as células saudáveis. Assim, o número de glóbulos vermelhos pode cair, causando anemia. Para tratá-la, podem ser necessárias transfusões de glóbulos para aumentar a hemoglobina.

O uso do Interferon está associado a efeitos colaterais semelhantes aos da gripe, como febre, dor muscular e fraqueza. Em alguns pacientes, a fadiga prolongada e a perda de peso podem requerer a redução das doses administradas. Perda de cabelo, diarréia, depressão, ulceração da mucosa bucal e problemas cardíacos são efeitos colaterais ocasionais e também podem requerer alterações da abordagem terapêutica.

O mesilato de imatinibe provoca alguns efeitos colaterais, que incluem retenção de líquidos, náusea e vômitos, dores musculares, diarréia e erupções da pele. Vale ressaltar que a maioria desses efeitos pode ser controlada sem a necessidade de interrupção da terapia.

Por essa razão, converse sempre com seu médico e equipe para se esclarecer sobre os efeitos adversos e as formas de prevenir ou tratá-los, de acordo com seu aparecimento e o tratamento proposto para seu caso.


Este texto foi gentilmente cedido pela ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Para outras informações, acesse o site www.abrale.org.br, ligue para 0800 773 9973 (ligações gratuitas de todo o Brasil) ou envie sua mensagem para o e-mail abrale@abrale.org.br.

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