terça-feira, 24 de novembro de 2015

Níveis de CO2 atingem novo recorde consecutivo em 30 anos

Os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre atingiram um novo recorde em 2014. Além disso, a aceleração implacável de mudanças climáticas está ameaçando o planeta para futuras gerações, anunciou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) na segunda-feira (9/11) em comunicado divulgado em sua sede, em Genebra, na Suíça.

“Todos os anos advertimos que o tempo está se esgotando. Temos que agir AGORA para reduzir as emissões de gases de efeito estufa se quisermos ter uma chance de manter o aumento das temperaturas em níveis administráveis”, alertou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, que é ligada à ONU..

Seu apelo anual para que o mundo faça todo o possível para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, resultantes principalmente da queima de combustíveis fósseis, da agricultura, produção de cimento e do desmatamento, foi feito poucas semanas antes de negociadores de mais de 190 países se reunirem em Paris para tentar chegar a um novo acordo climático global sob a proteção da ONU.

Gráficos divulgados pela OMM mostraram que os níveis de dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito de estufa, estão subindo constantemente rumo ao patamar de 400 partes por milhão (ppm), tendo atingido um novo recorde a cada ano desde o início de registros confiáveis, em 1984.

Os níveis de CO2 chegaram, em média, a cerca de 397,7 ppm em 2014. Mas romperam brevemente esse marco de 400 ppm no Hemisfério Norte no início do ano passado, e novamente no início de 2015, dessa vez em termos globais.

“No ano que vem estaremos relatando concentrações muito mais elevadas devido ao El Niño”, declarou Oksana Tarasova, chefe de pesquisas atmosféricas da OMM à agência Reuters, referindo-se ao fenômeno de aquecimento do Oceano Pacífico.

Em breve, 400 ppm serão uma realidade permanente, previu Jarraud.

“Isso significa temperaturas globais mais elevadas [quentes], eventos climáticos mais extremos como ondas de calor e inundações, derretimento de gelo, elevação dos níveis marítimos e aumento da acidez dos oceanos. Isso está acontecendo agora e estamos avançando para território desconhecido a uma velocidade assustadora”.

O aumento dos níveis de CO2 está sendo amplificado por níveis mais elevados de vapor de água que, por sua vez, estão aumentando por causa das emissões desse gás, salientou a avaliação da OMM.

Os níveis dos outros dois principais gases de efeito de estufa produzidos pelo homem, metano e óxido nitroso, também mantiveram um aumento anual implacável em 2014, chegando, respectivamente, a 1.833 partes por bilhão (ppb) e 327,1 ppb. Os dois subiram à taxa mais rápida em uma década.

Para a conferência de Paris (COP-21), em dezembro, mais de 150 países, liderados pelos principais emissores de gases de efeito de estufa, a China e os Estados Unidos, divulgaram planos para limitar suas emissões além de 2020.

Mas as propostas reveladas até agora não reduzirão suficientemente as emissões para cumprir uma meta estabelecida em 2010 para limitar o aquecimento global a um aumento de 2ºC em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial.

“Dois graus já serão bastante ruins, mas isso será melhor que três graus”, observou Jarraud. “É claro que teria sido melhor ter um grau... Mas 1ºC já não é mais possível. É simplesmente inviável. Tarde demais”. 

(Reportagem de Tom Miles, Edição de Mark Heinrich) 

Publicado em Scientific American em 9 de novembro de 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário