quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Proteína-C Reativa

Resumo simplificado:
Proteína-C Reativa (PCR) é um exame que mede inflamação. Para saber se o exame está normal ou não é preciso ler no papel do laboratório. Cada laboratório usa valores diferentes. Se ele estiver abaixo do valor normal, isso é bom. Se ele estiver elevado significa que existe uma inflamação qualquer. Coisas simples, como um resfriado, também elevam o resultado do exame. Portanto, mesmo se ele estiver elevado isto não quer dizer que você esteja realmente doente.
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Proteína-C Reativa: o que é, para que serve?
A proteína-C reativa (PCR) é há tempos usada pelos reumatologistas, mas entrou mesmo na moda graças aos cardiologistas. O que é a PCR? Para que serve? O que significam resultados elevados para este exame? São assuntos abordados por esta matéria.
Em 1930 a proteína-C reativa ganhou de seus descobridores, Tillett e Francis, este nome pelo fato de reagir contra a cápsula de uma bactéria, o Pneumococcus. Ela é uma das chamadas “proteínas de fase ativa”, produzidas no fígado em resposta a quase todos os estímulos inflamatórios, como infecções, câncer, traumas e “reumatismos”. Sua concentração no sangue começa a subir 2 horas após o início do estímulo, e, se o estímulo for mantido, chega a seu pico em 48hs. Com a resolução do insulto inflamatório sua concentração no sangue cai pela metade também rapidamente, em cerca de 18hs.
A PCR é solicitada pelos médicos basicamente em 3 situações diferente: 1. quando querem saber se há inflamação (ou infecção, que causa inflamação), 2. quando querem monitorar esta inflamação e 3. como medida indireta do risco cardíaco de uma pessoa. Frente a um quadro de dor nas articulações, por exemplo, a PCR elevada direciona o diagnóstico para processos que envolvam inflamação sistêmica (artrite reumatoide, infecções virais agudas, lúpus, etc.) e a PCR baixa direciona o diagnóstico para processos que envolvem pouca inflamação sistêmica (artrose, traumas, etc.). Mesmo quando o diagnóstico já está definido, a PCR é útil para monitorar se há melhora ou piora progressiva da condição que causou sua elevação. Por último, este exame é tão sensível que mesmo a discreta inflamação nas artérias durante o processo de aterosclerose (formação das “placas de colesterol”), a concentração da PCR no sangue muda. Daí seu uso para ajudar a definir o risco cardíaco (risco de infarto, derrame, tromboses arteriais, etc). Para esta última aplicação o PCR que deve ser solicitado é chamado de ultra-sensível.
Apesar de muito sensível, este exame é largamente inespecífico. Como já mencionado, qualquer processo inflamatório pode elevar este exame. Assim, o médico deve tentar ter o maior grau de certeza possível de que a elevação da PCR traduz o evento que ele quer monitorar, ou outro qualquer. Por exemplo, aquele paciente com dor nas juntas do caso a cima pode ter estado com uma sinusite no dia em que colheu o exame, e o médico erradamente concluir que a dor era inflamatória. Portanto a PCR sozinha NÃO QUER DIZER NADA. Faz-se necessária toda análise da história, exame físico e de outros exames para que se possa chegar uma conclusão. Na maioria das vezes, antes de atribuir um exame alterado a uma causa específica, o médico prefere repeti-lo mais tarde e se assegurar que a alteração permanece.
O papel fisiológico da PCR consiste em se ligar a uma molécula expressa na superfície de células mortas ou morrendo (fosfocolina) e de alguns tipos de bactérias, quando é capaz de ativar outras proteínas do sangue (sistema complemento) que acabam por ativar todo o sistema imune. Um dos maiores estímulos para a produção hepática de PCR é a produção de um certo “hormônio da inflamação”, a interleucina-6. Isso é relevante porque recentemente chegou ao mercado uma droga que retira de circulação a IL-6, diminuindo processos inflamatórios (tocilizumabe).
Alguns processos inflamatório, no entanto, ocorrem sem a elevação de PCR. São exemplos disto doenças autoimunes como a esclerodermia, o lúpus, e dematomiosite, onde frequentemente se vê atividade de doença na ausência de elevação de PCR (exceto na presença de artrites ou serosites ou dano tecidual causado por vasculites). Nestes processos a PCR não pode ser usada para monitoramento de atividade.

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