Abuse of anabolic steroids and its impact on thyroid function
Rodrigo S. Fortunato; Doris Rosenthal; Denise P. de Carvalho
Laboratório de Fisiologia Endócrina, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ
RESUMO
A utilização de esteróides anabolizantes por indivíduos que desejam aumentar sua performance física, ou simplesmente para fins estéticos, tem atingido índices alarmantes nas últimas três décadas. Além dos efeitos desejados, uma infinidade de efeitos colaterais já foi bem descrita na literatura, como vários tipos de câncer, ginecomastia, peliosis hepatis, insuficiência renal, virilização, dentre outros. Sobre a função tireóidea, o efeito mais pronunciado em seres humanos é a diminuição da TBG, com conseqüente diminuição sérica de T3 e T4 totais, dependendo, porém, da susceptibilidade da molécula à aromatização e conseqüente transformação em estrógeno. Em ratos, o tratamento com esteróides anabolizantes altera a metabolização periférica dos hormônios tireóideos e também parece causar importante efeito proliferativo sobre as células tireóideas. Assim, o presente artigo visa rever os dados publicados acerca dos efeitos de doses suprafisiológicas de esteróides anabolizantes sobre a função tireóidea, reforçando o perigo que a utilização indiscriminada dessas drogas pode causar à saúde.
Descritores: Esteróides anabolizantes; Tireóide; Hormônios tireóideos; Enzima iodotironina desiodase
ABSTRACT
The use of anabolic steroids to increase physical performance and for aesthetic ends has reached alarming indices in the last three decades. Besides the desired actions, several collateral effects have been described in the literature, such as the development of some types of cancer, ginecomasty, peliosis hepatis, renal insufficiency, virilization, amongst others. The most proeminent effect on human thyroid function is the reduction of thyroxine binding globulin (TBG), with consequent reductions of total serum T3 and T4, depending however on the susceptibility of the drug to aromatization and subsequent transformation into estrogen. In rats, anabolic steroids also act in the peripheral metabolism of thyroid hormones and seem to exert an important proliferative effect on thyroid cells. Thus, the aim of the present paper is to review data on the effect of supraphysiological doses of anabolic steroids on thyroid function, showing the danger that indiscriminate use of these drugs can cause to health.
Keywords: Anabolic steroids; Thyroid; Thyroid hormones; Iodothyronine deiodinase
ESTERÓIDES ANABOLIZANTES
A MAIORIA DOS HORMÔNIOS ESTERÓIDES é produzida pelo córtex da glândula supra-renal e pelas gônadas (ovário e testículo). Os esteróides anabólico-androgênicos (EAA) referem-se aos hormônios esteróides da classe dos hormônios sexuais masculinos; dentre eles, podemos destacar a testosterona e seus derivados, que são promotores e mantenedores das características sexuais associadas ao sexo masculino e do status anabólico dos tecidos somáticos (1).
Os esteróides anabolizantes foram descritos primeiramente por um fisiologista francês em 1889, que descreveu aumento de força e energia mental após a injeção de extrato de testículos de cachorros e porcos (2). Foram atribuídos à testosterona os efeitos designados como androgênicos e/ou anabólicos, nos respectivos tecidos-alvo. Os efeitos androgênicos são responsáveis pelo desenvolvimento do trato reprodutivo masculino e das características sexuais secundárias, assim como pela manutenção da função reprodutiva. Os efeitos anabólicos se referem ao estímulo da fixação do nitrogênio, causando um balanço nitrogenado positivo, por aumentar a síntese protéica em diversos tecidos. Vários compostos derivados da testosterona têm sido elaborados para o prolongamento da atividade biológica da molécula, diminuição do potencial androgênico e aumento dos efeitos anabólicos. Embora a dissociação completa dos efeitos androgênicos e anabólicos não tenha sido conseguida, alguns esteróides anabólicos mostraram significativo aumento da atividade anabólica, com redução da androgenicidade. Devido a isso, alguns autores denominam esteróides anabolizantes os derivados sintéticos da testosterona que possuem atividade anabólica superior à atividade androgênica (1,3,4). Além da atividade anabólica, essas drogas também exercem efeitos anti-catabólicos, principalmente através da diminuição da degradação protéica e inibição da reabsorção óssea (3).
A molécula de testosterona sozinha não é eficiente quando injetada ou tomada oralmente, pois é muito susceptível a metabolização (ou inativação) relativamente rápida pelo fígado. Conseqüentemente, a estrutura química da testosterona teve que ser modificada para contornar esse problema. Mais comumente, a molécula de testosterona é alquilada na posição 17a para formar esteróides anabólicos orais (retardando o catabolismo hepático da molécula), e esterificada na posição 17b para formar esteróides anabólicos, injetáveis, mais lipofílicos que a testosterona. O derivado 17b é suspenso em óleo, o que permite a manutenção da concentração no corpo por várias semanas. Mais recentemente, adesivos transdérmicos e sprays nasais têm sido utilizados (1,5,6).
Metabolismo e mecanismo de ação dos esteróides anabolizantes
A testosterona possui efeitos em diferentes tecidos. Alguns desses efeitos ocorrem apenas após a metabolização da testosterona, que pode gerar dois outros esteróides ativos: a di-hidrotestosterona (DHT) e o estradiol. Alguns efeitos parecem ser mediados pela própria testosterona, alguns pela DHT e outros pelo estradiol (6).
A enzima 5a-redutase catalisa irreversivelmente a conversão da testosterona em DHT. Tanto a testosterona quanto a DHT agem através do mesmo receptor, o receptor de androgênio, porém o receptor tem maior afinidade pela DHT que ativa a expressão gênica mais eficientemente (6).
Quando o complexo enzimático aromatase está presente no tecido, predominantemente no tecido adiposo e fígado, ocorre a conversão da testosterona em estradiol. Essa conversão resulta em aproximadamente 85% do estradiol circulante em homens. Outros compostos biologicamente inativos, como a androsterona e etiocolanona, são formados pela metabolização hepática e pela metabolização da DHT (6).
Algumas evidências sugerem a existência de transportadores e/ou receptores de membrana para a testosterona. Após entrar na célula, o hormônio será convertido a DHT ou agirá diretamente, ligando-se ao receptor de androgênio, que pertence à super-família de receptores nucleares. Tanto a testosterona quanto a DHT ligam-se ao domínio de ligação ao hormônio do receptor, permitindo a ligação do complexo a genes responsivos, agindo como um fator transcricional que regula a expressão desses genes (1,6,7).
Efeitos rápidos, considerados não genômicos, também foram observados para os androgênios. Num estudo com ratos machos adultos, observou-se que a aplicação de testosterona a neurônios individuais, na região do hipotálamo anterior e núcleo septal, resultou em aumento da freqüência de disparos após segundos da aplicação, enquanto foi observada a supressão da atividade cerebral em gatos pelos metabólitos da testosterona, androsterona e androstenediol, após 1 minuto de injeção intravenosa (7-9). Entretanto, os mecanismos moleculares relacionados aos efeitos não genômicos, assim como a sua importância fisiológica, ainda são desconhecidos.
Efeitos dos esteróides anabolizantes
Os androgênios são hormônios necessários durante toda a vida em machos, desde a diferenciação sexual heterogamética no útero, passando pelo desenvolvimento sexual secundário durante a puberdade, chegando ao estabelecimento e manutenção da função sexual adulta e da fertilidade. Sua ação também pode ser observada em grande número de tecidos-alvo, reprodutivos e não reprodutivos, incluindo osso, tecido adiposo, músculo esquelético, coração, cérebro, próstata, rins e fígado (10).
Nas fibras de músculo esquelético e cardíaco, a testosterona tem efeitos tróficos; a castração promove atrofia muscular e a administração de testosterona promove hipertrofia das fibras individualmente, sem mudanças no número de fibras. Em um sistema de cultura de mioblastos, a testosterona estimulou a atividade mitótica celular. Quando a testosterona foi administrada a ratas, antes do sétimo dia de vida, produziu aumento significativo no número de fibras musculares, sem mudanças na sua área seccional transversa; porém, quando administrada após o sétimo dia de vida, apenas foi observado aumento na área seccional transversa. A atuação dos androgênios na gênese da hipertrofia muscular é, aparentemente, uma ação direta do hormônio nas fibras musculares, conseqüência do aumento da síntese protéica, e não é mediada pelos núcleos espinhais que inervam esses músculos (3,4,11). Além dos efeitos tróficos mediados pela ativação dos receptores de androgênio, recentes estudos demonstram que essas drogas são antagonistas competitivas para o receptor de glicocorticóides, como os glicocorticóides são responsáveis pelo catabolismo protéico, a ocupação dos receptores de glicocorticóides pelos esteróides anabolizantes e a redução da expressão de genes responsivos a corticóides levaria a uma ação anti-catabólica nesse tecido (12,13).
Outro importante efeito dos esteróides sexuais masculinos é o estímulo da eritropoese. A administração de andrógenos a vários mamíferos aumentou a contagem de reticulócitos e a atividade eritropoética da medula óssea. Vários estudos em humanos mostraram níveis de hematócrito, hemoglobina e eritrócitos maior em homens do que em mulheres, e anemia em pacientes com hipogonadismo. Além de estimular a produção dessas células, os esteróides sexuais masculinos também aumentam o 2,3-difosfoglicerato, responsável pela ligação do oxigênio à hemoglobina, presente nos eritrócitos (3).
A proliferação osteoblástica, produção de matriz óssea protéica, e síntese de fatores de crescimento e citocinas estão associadas aos androgênios; todos esses efeitos ocorrem através dos receptores androgênicos nos osteoblastos. O hipogonadismo não tratado em homens adultos está associado à remodelação óssea reduzida, baixos níveis séricos de 1,25-di-hidroxicolecalciferol e diminuição de formação óssea, demonstrando a importância desse hormônio para a manutenção da função óssea. A ação trófica combinada dos esteróides anabólicos na massa muscular e na massa e densidade óssea é importante, pois o desenvolvimento da massa muscular necessita do suporte de uma grande e forte massa óssea para produzir força máxima (3). Além de seus efeitos diretos, os androgênios também são convertidos a estrogênio pela enzima aromatase, presente em vários tecidos, inclusive no osso (14). O estrogênio tem ação importante sobre a regulação da formação e reabsorção óssea, pois um paciente do sexo masculino com mutação homozigótica no gene do receptor a de estrogênio (impedindo a resposta ao estrogênio) e dois outros pacientes do sexo masculino com mutação homozigótica no gene da aromatase (impedindo a síntese de estrogênio), apresentaram osteopenia, ausência de fechamento epifisário e índices elevados de remodelamento ósseo (15, 16). Falahati-Nini (2000) estudaram homens saudáveis eliminando a produção endógena de testosterona e estrogênio e, em seguida, repondo testosterona, estrogênio ou os dois hormônios juntos em doses fisiológicas para verificar o impacto no remodelamento ósseo. Foi observado que o estrogênio é o esteróide dominante no controle da reabsorção óssea, e que tanto a testosterona e quanto o estrogênio parecem ter papel importante na formação óssea in vivo (14).
Uso indiscriminado de doses suprafisiológicas
A utilização sem fins medicinais dos esteróides anabolizantes foi inicialmente referida em levantadores de peso e outros atletas de força nos anos 50. O objetivo para o uso desses hormônios por esses indivíduos era o ganho de força e massa muscular, aliado à perda de gordura corporal (17). O uso dessas substâncias não só aumentou notavelmente nessas cinco décadas, como atingiu outras populações. Alta incidência de uso de esteróides anabólicos tem sido encontrada não só em atletas de competição, mas também em atletas recreacionais e mulheres que o utilizam para fins estéticos (18). Apenas nos Estados Unidos, aproximadamente um a três milhões de homens e mulheres utiliza os esteróides anabólicos a fim de melhorar sua performance: estima-se que 67% dos atletas de elite utilizem essas drogas. O uso de esteróides anabolizantes por atletas recreacionais varia de 1 a 5% da população e, entre adolescentes cursando o segundo grau, vai de 0,5% a 3% em meninas e 1 a 12% em meninos, com idade média inicial de 15 anos (2,19). No Brasil, estudo feito com praticantes de musculação de Porto Alegre demonstrou prevalência de 11,1% de usuários de EAA, alertando para um grave problema também em nosso país (20).
FISIOLOGIA DA GLÂNDULA TIREÓIDE
Os hormônios tireóideos (HT) desempenham papel importante na diferenciação, crescimento e metabolismo. Esses hormônios são necessários para o funcionamento normal de todos os tecidos, com efeitos mais evidentes sobre o consumo de oxigênio e a taxa metabólica (21).
A síntese e secreção dos HTs é regulada por um sistema de retroalimentação negativa entre o hipotálamo, a hipófise e a glândula tireóide. O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) é sintetizado no núcleo paraventricular do hipotálamo e transportado por axônios para a eminência média e depois para a hipófise anterior via plexo capilar portal. O TRH liga-se a seus receptores nos tireotrofos, uma subpopulação de células hipofisárias secretoras do hormônio estimulador da tireóide (TSH). A estimulação pelo TRH leva à síntese e liberação de TSH pelo tireotrofo. Tanto o TRH quanto o TSH são negativamente regulados pelos HTs. Um importante mecanismo para essa regulação negativa do TSH é a conversão de T4 a T3 catalisada pela enzima desiodase tipo 2 no tireotrofo. Adicionalmente, a somatostatina e a dopamina secretadas pelo hipotálamo podem regular negativamente a secreção de TSH (21).
O TSH é o regulador primário da síntese e secreção dos HTs. Ele também desempenha papel importante no crescimento da glândula tireóide. A ligação do TSH ao seu receptor leva ao aumento nos níveis intracelulares de AMPC e conseqüente estimulação de vias relacionadas à proteína cinase A, entre outras vias. Vários genes tireóideos, como o co-transportador Na+/I- (que possibilita a entrada do iodeto junto ao íon sódio), a tireoglobulina, e a tireoperoxidase (enzima catalizadora das etapas da biossíntese dos HTs) são estimulados pelo TSH e fundamentais para a síntese dos HTs (21).
Um dos principais estimuladores da atividade da tireoperoxidase (TPO) é o TSH. Esse hormônio aumenta os níveis de RNAm para essa enzima em várias preparações de células tireóideas através de um sistema dependente de 3',5'-adenosina monofosfato cíclico (AMPc)/proteína cinase A (PKA). A insulina também possui um efeito estimulador sobre a expressão do gene da TPO, porém menos evidente que o do TSH (22-24). Além disso, Corrêa da Costa e cols. demonstraram que em ratos machos a expressão do RNAm para TPO era maior do que em fêmeas e que, com o envelhecimento dos ratos machos, a expressão desse gene diminuía, sugerindo que os esteróides sexuais masculinos estariam envolvidos na modulação desse gene (25).
A depuração lenta, meia-vida prolongada e alta concentração sérica dos HTs são devidas à forte ligação desses hormônios às proteínas ligadoras de hormônios tireóideos, globulina ligadora de tiroxina (TBG), transtirretina (TTR) e albumina. Essas proteínas mantêm concentrações estáveis de T4 e T3 livres para o aproveitamento celular e conseqüente resposta biológica. Apenas 0,03% do T4 total está na forma livre e 0,3% do T3 encontra-se desligado dessas proteínas (21,26).
Os HTs sofrem metabolização nos tecidos periféricos através da ação de diversas enzimas, dentre as quais as iodotironina desiodases, que catalisam a monodesiodação das iodotironinas, regulando a disponibilidade do T3, o hormônio tireóideo metabolicamente ativo (27).
Cerca de 80% do T3 circulante provêm da molécula de T4. A enzima desiodase tipo 1 (D1), expressa em vários tecidos como fígado, rins, tireóide e hipófise, provê uma parte de T3 para a circulação através da 5'-desiodação no anel externo da molécula de T4 e, através de uma desiodação no anel interno da molécula de T4, consegue inativá-lo, formando a molécula de rT3. Porém, a sulfatação das iodotironinas acarreta um aumento na rapidez de desiodação e preferência pelo anel interno, indicando que a sulfatação é uma modificação crítica importante do T3 e T4, pois facilita a inativação desses compostos (21,28).
A síntese da D1 é regulada por uma série de substâncias, agentes e condições, sendo os hormônios tireóideos os mais importantes. Os hormônios tireóideos são responsáveis por aumentar tanto a atividade quanto a expressão de RNAm para essa enzima (28,29). Dependendo do tecido, outros hormônios são capazes de aumentar a síntese e/ou atividade da D1 como os glicocorticóides, estrogênio, testosterona e TSH (28).
A iodotironina desiodase tipo 2 (D2) é uma desiodase somente do anel externo que catalisa a conversão de T4 a T3, rT3 a 3,3'-T2 e de T3 a 3,5-T2, apesar do substrato preferencial ser o T4. Presente principalmente em hipófise, cérebro e tecido adiposo marrom de ratos, e em tireóide, coração, cérebro, músculo esquelético, placenta, rins e pâncreas humanos, essa enzima tem localização subcelular no retículo endoplasmático, o que está relacionado com a geração de T3 a partir de T4 para o meio intracelular e também para a circulação, conforme demonstrado recentemente por Maia e cols (2005). Esse processo tem grande importância para o mecanismo de retroalimentação negativa hipofisária (21,28,30).
As concentrações de hormônios tireóideos controlam a atividade da D2 tanto em nível pré-transcricional quanto pós-transcricional. T3 e T4 exercem efeitos supressores sobre a atividade da D2, T3 induzindo supressão dos níveis de RNAm para essa enzima e T4 diminuindo sua atividade (28).
A enzima desiodase tipo 3 age principalmente como inativadora do T4 e T3, fazendo a desiodação apenas do anel interno da molécula. Assim, catalisa a conversão de T4 a rT3 e T3 a 3,3'-T2, os quais são biologicamente inativos. Presente predominantemente na pele, cérebro e placenta, também pode ser encontrada em músculo esquelético, fígado e intestino de ratos neonatos (28).
A atividade da D3 é estimulada pelo T3, como pode ser observado em pacientes com hipertireoidismo, nos quais a atividade da D3 no sistema nervoso central está aumentada, fato esse condizente com a natureza inativadora dessa enzima (28).
Esteróides anabolizantes X Função tireóidea
Sabe-se que a testosterona tem efeito estimulatório sobre a síntese e secreção de TSH em ratos, aumentando também a secreção de TSH em resposta ao estímulo pelo TRH (31). Uma vez que existem receptores para os esteróides sexuais na tireóide, é razoável esperar efeitos diretos desses hormônios no crescimento e função da glândula. Em estudo usando ratos machos e fêmeas, Banu e cols. demonstraram que os esteróides sexuais, masculino e feminino, exercem papel fundamental na regulação da resposta proliferativa ao TSH, pois em animais gonadectomizados essa resposta estava suprimida (31). Em outro estudo, esses autores demonstraram que a testosterona é um potente fator mitogênico nos tireócitos em cultura, atuando em conjunto com o TSH ou não (32). Borges e cols. demonstraram, em ratos, a necessidade da presença da testosterona para manutenção dos níveis séricos de TSH, pois nos ratos castrados foi observada diminuição desse hormônio e, ao fazer a reposição do esteróide sexual masculino, os níveis de TSH foram restabelecidos (33).
Além da regulação relacionada ao TSH, os esteróides sexuais também modulam as enzimas desiodases, principalmente a D1. Vários autores demonstraram que a atividade dessa enzima é em média 50% maior em machos do que em fêmeas. Miyashita e cols. demonstraram que essas diferenças são independentes do "status" tireóideo e que a testosterona desempenha o papel principal nessa diferença, pois a castração de ratos machos causou queda tanto nos níveis de RNAm para D1 quanto na atividade da enzima. Entretanto, nas fêmeas castradas, não houve diferença em relação ao controle, e após administração de b-estradiol também não houve mudança. No mesmo trabalho, observou-se, em cultura de hepatócitos, uma resposta dose-dependente à testosterona, enquanto o b-estradiol não alterou os níveis de RNAm para D1 (28,34).
Como parte da testosterona é convertida a estrogênio pela enzima aromatase, é importante ressaltar os efeitos do estrogênio sobre a função tireóidea. O estrogênio aumenta a concentração sérica de TBG, resultando num aumento de T4 ligado e de TSH (35). Porém, essa alteração não ocorre em ratos, devido à baixa concentração dessa proteína no sangue (36). A administração de altas doses de estrogênio a ratas ovariectomizadas aumenta significativamente a atividade da enzima tireoperoxidase (37). Christianson e cols. (1981) e Lisboa e cols. (1997) não detectaram alterações no T3 e T4 séricos totais em ratas castradas tratadas ou não com estrogênio, porém Marassi e cols. (2007) evidenciaram diminuição de T4 total em ratas castradas tratadas com estrogênio nas doses fisiológicas e suprafisiológicas, além de um aumento na atividade da D1 hepática e tireóidea nos dois grupos acima e hipofisária apenas no grupo tratado com dose fisiológica (38,40).
Diferentemente dos estudos com doses fisiológicas de esteróides sexuais masculinos, poucos estudos foram feitos avaliando doses suprafisiológicas desses hormônios, e os resultados existentes são discordantes. Em 1993, Deyssig & Weissel demonstraram que, num pequeno grupo de 5 halterofilistas fazendo uso de esteróides anabolizantes, as concentrações de T4 e T3 totais e TBG estavam diminuídas em relação ao grupo controle, porém a concentração de T4 livre e os níveis de TSH encontravam-se normais, sugerindo função tireóidea normal, e diminuição apenas da proteína carreadora TBG. A injeção de TRH nesses indivíduos resultou em resposta aumentada do TSH ao TRH, e resposta diminuída no T3 total, sugerindo discreta falência tireóidea, sem clínica detectável (41). As ações dos esteróides anabolizantes sobre as proteínas ligadoras dos HTs também foram mostradas por Braverman e Ingbar, pois a administração de noretandrolona diminuiu a capacidade de ligação ao T4 pela TBG e aumentou essa capacidade para a TTR, porém nessa época não era feita a dosagem sérica dessas proteínas e não ficou provado se houve diminuição da TBG ou da capacidade de ligação (42).
Alen e cols. conduziram um estudo no qual sete atletas de elite foram monitorados por doze semanas em relação à sua função tireóidea, enquanto consumiam quatro tipos diferentes de esteróides anabólicos. Foi observada diminuição no T4 e T3 totais e TBG, estando a captação de T3 por resina aumentada e os níveis de T4 livre normais. Os níveis de TSH sérico estavam aumentados durante as primeiras oito semanas, mas depois voltaram ao basal. Esses resultados levaram à conclusão de que esses indivíduos possuíam função tireóidea normal. A diminuição da TBG seria uma das causas para o aumento dos níveis de TSH secundário à diminuição dos hormônios tireóideos. Com a normalização do T3, os valores desse hormônio voltaram novamente aos níveis basais (43).
Malarkey e col., estudando atletas do sexo feminino usuárias de esteróides anabólicos, encontrou resultados semelhantes aos de Alen e col., com exceção dos níveis séricos de TSH que estavam no limite do normal. Entretanto, a média das concentrações séricas de TSH foi 2,5 ng/mL, 3 vezes maiores do que no grupo controle (44).
Uma variável que poderia explicar, pelo menos em parte, os achados controversos dos efeitos dos esteróides sobre a TBG seria o quão aromatizável é a substância utilizada, pois com a ação das aromatases, haverá formação de estrogênio que possui um efeito contrário ao dos esteróides sexuais masculinos, aumentando os níveis séricos de TBG; assim, os dois efeitos se anulariam. Isso foi comprovado em estudo no qual foi feita a comparação entre os efeitos da administração de testosterona e oxandrolona. A molécula de testosterona, por sofrer maior ação das aromatases, não alterou as concentrações de TBG, T4 total, TSH ou índice de T4 livre. Porém, a molécula de oxandrolona que sofre pouca aromatização causou diminuição do T4 total e da captação de T3 em resina, sugerindo diminuição da TBG no plasma (45).
Diferentemente dos estudos anteriores, nos quais foram avaliados os efeitos do uso crônico desses esteróides, Daly e cols. avaliaram a função tireóidea de indivíduos submetidos a tratamento com metiltestosterona durante 4 dias. Mesmo com tempo curto de tratamento, foi observada diminuição nas concentrações séricas de T3 e T4totais e TBG, e aumento nos níveis séricos de T4 livre e TSH. Esses resultados demonstram mais uma vez a influência do tratamento na diminuição da TBG, com conseqüente aumento compensatório de T4 livre, porém, como nessas condições não seriam esperados níveis aumentados de TSH, foi proposto que o esteróide estaria agindo diretamente na hipófise, aumentando sua sensibilidade ao TRH, ou talvez diminuindo a sensibilidade ao T3(46).
Até então foram abordados estudos nos quais a função tireóidea foi investigada em humanos. Na maioria dos estudos, os indivíduos utilizaram esteróides anabolizantes por conta própria, ou seja, a quantidade e qualidade das drogas utilizadas variaram de indivíduo para indivíduo dentro do mesmo estudo. Além disso, em alguns desses estudos, ocorre o relato do uso de outras substâncias como hormônio do crescimento, anfetaminas e até mesmo hormônios tireóideos, dificultando a interpretação dos dados. Devido a isso, estudos com animais de experimentação são necessários, não só para um maior controle do tratamento imposto, mas também para o estudo mais profundo, englobando o impacto do tratamento com doses suprafisiológicas de esteróides anabólicos sobre a biossíntese e a metabolização periférica dos hormônios tireóideos.
Em estudo recente de nosso laboratório, ratos machos foram tratados por oito semanas com decanoato de nandrolona na dose de 10 mg/kg de peso corporal, e foi avaliada a função tireóidea desses animais. Foi observada diminuição nos níveis séricos de TSH, T3 total sérico, T4 livre e aumento da enzima iodotironina desiodase tipo I hepática e renal, além de aumento no tamanho da glândula tireóide nos animais tratados. Ou seja, os esteróides podem atuar tanto diretamente sobre a glândula quanto no metabolismo periférico dos hormônios tireóideos, modulando a função tireóidea. Provavelmente, alterações na metabolização periférica dos hormônios tireóideos levariam à diminuição nos valores de T3 total sérico e T4 livre séricos, enquanto a redução nos níveis séricos de TSH pode estar relacionada a ações centrais diretas do esteróide anabolizante utilizado no estudo, porém os mecanismos ainda não foram esclarecidos. Neste momento, deve-se fazer uma reflexão acerca da ação dos esteróides anabolizantes sobre a célula tireóidea, independentemente da sua ação sobre a síntese da TBG, pois os efeitos proliferativos diretos encontrados na tireóide de ratos levanta a possibilidade de haver alterações no tamanho da tireóide de humanos que fazem o uso crônico dessas substâncias (47).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os esteróides anabolizantes, quando utilizados em doses suprafisiológicas, possuem efeitos sobre a função tireóidea. Dentre esses efeitos, o mais pronunciado em seres humanos é a diminuição da TBG. Como essa proteína é uma das responsáveis pela manutenção das concentrações séricas de T4 e T3 para o aproveitamento celular e conseqüente resposta biológica, com sua diminuição ocorre diminuição da concentração sérica total desses hormônios. Porém, essa diminuição dependerá da susceptibilidade à aromatização do esteróide anabolizante utilizado. Uma série de outras alterações também foi relatada em humanos, sendo que a maioria dos estudos evidenciou o aparecimento de um quadro que pode ser confundido com hipotireoidismo subclínico, com TSH sérico elevado e T4 livre normal. Além dos efeitos sobre as concentrações séricas de TBG, as conseqüências das ações diretas dos esteróides sobre a célula tireóidea precisam ser melhor avaliadas. Assim, a presente revisão reforça o perigo da utilização indiscriminada de esteróides anabolizantes para a saúde, demonstrando mais um sistema que pode ser afetado por essas substâncias.
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Endereço para correspondência: Denise Pires de Carvalho
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
CCS — Bloco G — Cidade Universitária
21949-900 Rio de Janeiro, RJ
Fax: (21) 2280-8193
E-mail: dencarv@biof.ufrj.br
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