Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que a aplicação de pequenas correntes elétricas no cérebro humano pode tornar indivíduos normais mais capazes. As pessoas passam a ler com mais fluência, resolvem melhor problemas matemáticos e adquirem melhor memória. Na estimulação transcraniana por corrente direta (tDCS), como é conhecido o tratamento, eletrodos presos à cabeça são usados para a aplicação de frequências específicas para certas partes do cérebro, aumentando ou reduzindo a sua atividade. Isso tem se mostrado uma ferramenta de pesquisa útil, auxiliando os neurocientistas a descobrirem como cada parte do cérebro contribui para o funcionamento geral do órgão. Para atuar como ferramenta terapêutica, em Oxford, a atividade de regiões envolvidas em determinadas funções, como a leitura, é acelerada quando a pessoa cumpre essas tarefas. Até aqui, muitas das pesquisas sobre o uso clínico da tDCS têm sido focada nas pessoas com danos provocados por derrames ou problemas degenerativos, como o Mal de Parkinson. Os estudos têm mostrado que a técnica pode compensar, por exemplo, déficits motores. O uso da tDCS para melhorar as funções de cérebros saudáveis é um tema bem recente nas pesquisas. Estudos como o de Oxford têm comprovado de forma consistente que a técnica funciona. Além de melhorar as habilidades, os benefícios são de longo prazo, já tendo sido identificados após vários meses de aplicação das correntes. Além disso, a técnica vem se mostrando segura. Falta ainda estabelecer o quanto a estimulação constante pode exaurir as células cerebrais ou ainda se ela pode criar dependência ou modificar o modo de funcionamento normal do cérebro. A aplicação prática do tDCS também precisa de mais estudos. Ela pode aumentar a performance de estudantes por longo tempo, por exemplo? Há muitas vantagens na tDCS: a técnica é não invasiva e os aparelhos para sua aplicação são relativamente baratos e portáteis. Além disso, é fácil desenhar os testes, já que não é complicado disfarçar, num grupo, quem são os sujeitos que estão recebendo o tratamento ou o placebo. Tais atributos, no entanto, podem facilitar aplicações inescrupulosas. E o uso impróprio pode ter o efeito errado – estimulando a parte errada do cérebro ou até inibindo a atividade cerebral de algumas regiões. Se a tDCS se tornar um método efetivo e seguro de melhorar as funções cerebrais, os benefícios serão enormes. E chegará o dia em que quando o professor pedir aos estudantes para colocarem o cérebro para funcionar, eles não estarão apenas fazendo uma piada. |
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Estímulos elétricos têm se mostrado eficientes para melhorar o funcionamento cerebral de indivíduos saudáveis e não apenas dos que sofreram algum dano
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