sábado, 24 de maio de 2014

Devastação na Amazônia tem sido grosseiramente subestimada: estudo

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De acordo com um novo estudo liderado pela Universidade de Lancaster e realizado por pesquisadores de 11 universidades e instituições de pesquisa no Brasil e no Reino Unido, o impacto humano sobre a floresta amazônica tem sido grosseiramente subestimado.
Os cientistas descobriram que a exploração madeireira e os incêndios nas florestas podem resultar em uma perda anual de 54 bilhões de toneladas de carbono na Amazônia brasileira, aumentando as emissões de gases de efeito estufa. Isto é equivalente a 40% da perda de carbono anual a partir do desmatamento.
Este é o maior estudo já feito para estimar a perda de carbono a partir da exploração madeireira e incêndios florestais ao nível do solo nos trópicos. Ele se baseou em dados de 70 mil amostras de árvores, solo, serapilheira (acúmulo de matéria orgânica morta em diferentes estágios de decomposição) e madeira morta de 225 locais na Amazônia oriental brasileira.

Perigo duplo

A degradação florestal muitas vezes começa com a exploração madeireira de árvores caras como o mogno e o ipê. O abate e remoção dessas árvores de grande porte muitas vezes danifica dezenas de árvores vizinhas.
Uma vez que a floresta é derrubada pela exploração madeireira, muitas lacunas aparecem e todo o ambiente torna-se muito mais seco devido à exposição ao vento e sol, aumentando o risco de incêndios florestais.
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A combinação de extração seletiva de madeira e incêndios florestais transforma florestas virgens em um matagal espesso habitado apenas por árvores menores e videiras, que armazenam 40% menos carbono do que florestas não perturbadas pelo homem.
Até agora, as políticas para evitar a mudança climática nos trópicos têm se concentrado em reduzir as emissões de carbono a partir apenas do desmatamento, enquanto as emissões provenientes da degradação florestal também representam enorme perigo ao clima do planeta.
A principal pesquisadora da pesquisa, Erika Berenguer, da Universidade de Lancaster, disse que os impactos do fogo e da exploração madeireira em florestas tropicais têm sido largamente ignorados pela comunidade científica e pelos políticos, que estão principalmente preocupados com o desmatamento.
“Nossos resultados mostram como esses distúrbios podem degradar severamente a floresta, com enormes quantidades de carbono sendo transferidos de matéria vegetal para a atmosfera”, diz Berenguer.
“As descobertas também chamam a atenção para a necessidade do Brasil de implementar políticas mais eficazes para a redução do uso do fogo na agricultura, já que os incêndios podem devastar propriedades privadas e fugir para florestas circundantes causando degradação generalizada. Fogo e extração ilegal de madeira precisam ser controlados [pelo governo]. Essa é a chave para alcançar o nosso compromisso nacional de redução das emissões de carbono”, argumenta a Dra. Joice Ferreira, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que participou do estudo.
A pesquisa será publicada na revista Global Change Biology em 3 de junho. [Phys]

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