INTRODUÇÃO
O
presente trabalho procura relatar a questão ambiental e o Desenvolvimento
Ecologicamente Sustentado, com enfoque empresarial.
O comportamento das Organizações vem se modificando nos últimos 60 anos,
e pode-se observar que estas mudanças são em busca da qualidade de vida e da
consciência ecológica da sociedade.
Porém,
aproximadamente até o ano de 1950, as Organizações passavam por um período de
inconsciência, ignorando as conseqüências das ações realizadas contra o
meio-ambiente. Pensavam somente nos resultados empresariais.
Do
ano de 1950 até 1980, chamado período selvagem, existia a consciência, mas a
produção de bens e serviços ainda era prioridade, e os ecologistas eram
considerados radicais, chatos e exibicionistas.
No
período da reação, que se inicia em 1980, as Organizações passam a ter um novo
comportamento em relação ao meio-ambiente, pois precisavam evitar penalidades e
multas por ações contra a natureza. Passou a existir legislação e fiscalização
sobre as empresas.
Nos
últimos quatro anos, as empresas passaram a Pró-agir, adotando estratégias de
gestão ambiental, em busca de maiores parcelas de mercado.
Atualmente,
as Organizações que tomam decisões estratégicas integradas à questão ambiental
e ecológica, além de reduzirem seus custos, conseguem significativas vantagens
competitivas, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes e dando
preferência para produtos ecologicamente corretos.
Em
suma, o desenvolvimento econômico necessita de bases sustentáveis com foco na
sobrevivência e preservação dos recursos naturais do Planeta Terra, atendendo
nossas necessidades atuais e as necessidades das gerações futuras.
“Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas
necessidades sem diminuir as perspectivas
das gerações futuras”.(Lister Brown)[1]
Conhecido
como novo paradigma, o Desenvolvimento Sustentável (DS) é um modelo de
desenvolvimento que permite à sociedade distribuir seus benefícios econômicos e
sociais, assegurando a qualidade ambiental para as próximas gerações.
A
velocidade da globalização fez com que surgisse uma enorme preocupação para os
cientistas da área ecológico-ambiental, perante a capacidade do planeta em
suportar a evolução da existência humana e a exploração dos seus recursos
naturais.
Como
em nenhuma outra área de conhecimento humano, as questões de meio ambiente
fizeram surgir maior atenção às atitudes e procedimentos para as mudanças dos
paradigmas, antes social, agora para o Desenvolvimento Sustentável. Esta
mudança de paradigmas é pela escassez dos recursos naturais que estamos
enfrentando.
O
bem estar da sociedade depende das pessoas e dos recursos naturais que o
planeta nos oferece. Estes recursos necessitam serem manejados, ou então não
serão suficientes para toda a população da Terra e se continuar à degradação do
meio ambiente, o Desenvolvimento Sustentável não passará de utopia, sendo que
ele é a estratégia para a sobrevivência.
O
elemento principal para a conscientização do Desenvolvimento Sustentável é a
Educação Ambiental da sociedade e das organizações. Esta não deve ser apenas
uma tarefa da Educação Ambiental, mas como de toda educação, pois o
desenvolvimento é centrado no ser humano e só ele é capaz de mudá-lo.
Estamos
em meio a uma transição agitada, desordenada e precisamos avaliar nossas
atitudes e nos preparar para os próximos anos. Nosso sistema está ficando
limitado e passando por diversas crises humanas como: ambientais, econômicas e
sociais, estas em conseqüência da perda dos valores morais e éticos.
O
ser humano é flexível a mudanças, e o redirecionamento da boa conduta para
resgatar seus valores é essencial para estimular a idéia do DS como também para
garantir a sobrevivência da humanidade.
Além
do trabalho da Educação Ambiental para a nossa conscientização, precisamos
contar com a força política. Há necessidade de mudança na forma de pensar,
agir, produzir, consumir e viver e novas forças políticas nos auxiliarão para
realmente conseguirmos atingir o DS. Só com estas mudanças poderemos adquirir o
progresso tão desejado, acabar com o desemprego e melhorar a qualidade de vida
do mundo em que vivemos.
Segundo
a CARTA EMPRESARIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, “a preservação do meio
ambiente, nos dias atuais, é considerada prioridade em qualquer organização.”
Esta
carta foi preparada por uma comissão de representantes de empresas da Câmara de
Comércio Internacional em 10 de Abril de 1991, com o objetivo e ajudar as
organizações em todo mundo a melhorar as suas ações em relação ao meio
ambiente.
Considera
que as organizações precisam conscientizar-se que deve existir um objetivo
comum entre o desenvolvimento econômico dos países com a proteção do meio
ambiente.
O
DS é baseado na necessidade de limitar a exploração dos recursos naturais e
acabar com a pobreza do mundo, no entanto, temos muito em colaborar para que
isto aconteça e só basta acreditarmos em nós e na vontade de ver e viver em um
mundo mais bonito e saudável.
A BUSCA PARA ALCANÇAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
E SUAS PRIORIDADES
Para
que se consiga realmente alcançar o Desenvolvimento Sustentável é necessário:
Ø Um sistema
econômico capaz de gerar excedente;
Ø Um sistema
político que assegure a participação do povo;
Ø Um sistema
social capaz de resolver os problemas causados pelo desequilibro ambiental;
Ø Um sistema
de produção que respeite as obrigações para a preservação do ambiente;
Ø Um sistema
tecnológico que se inove constantemente para se adaptar ao novo paradigma;
HISTÓRICO AMBIENTAL
EVOLUÇÃO DO AMBIENTALISMO
A
evolução do Universo, das grandes cidades, da ciência, da tecnologia e das
indústrias gerou o aumento na população, e consequentemente o aumento do
consumo. E, esta evolução dos recursos, provocou efeitos colaterais ao Planeta
Terra, como a poluição, por exemplo.
Porém,
o início da devastação do meio-ambiente pode ser observada à séculos atrás.
Quando se deu o descobrimento do Brasil, em 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu
uma carta à D. Manuel I, Rei de Portugal, sobre a exuberância da “nova” terra[3]. E a
partir daí, se iniciou o contrabando de nossos recursos naturais, de nossa
fauna e flora, principalmente as toras de pau-brasil, que em 1920 foi
considerado extinto.
CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL
A
questão ambientalista surge somente na Segunda metade do século XX, e segundo
F. Dias, “o ambientalismo surge nos
Estados Unidos em 1960, promovendo reformas no ensino das ciências”, e a causa
deste surgimento, foi uma grande catástrofe ambiental acontecida em 1952,
“(...) quando o ar densamente poluído de Londres provocaria a morte de 1600
pessoas, desencadeando o processo de sensibilização sobre a qualidade ambiental
na Inglaterra, e culminando com a aprovação da Lei do Ar Puro pelo Parlamento,
em 1956.”
Até
então as questões ambientais eram tratadas pelas pessoas mais afetadas pelo
problema, que os resolviam com ações muito simples, como a preservação da
natureza da cidade ou do esgoto local, por exemplo.
Nos
Estados Unidos, em 1970, inicia-se o uso da expressão envoironmental education (educação ambiental), onde é aprovada a Lei sobre Educação Ambiental. E a
partir desta década inicia-se o período de conscientização ambiental, começam
surgir entidades e organizações não governamentais com o
objetivo de melhorar a qualidade do meio-ambiente, e despertar e informar a população
sobre as questões ambientais.
Em
1972, na Suécia, a ONU promove a Conferência de Estocolmo sobre meio-ambiente,
e gera a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano.[4]
Neste
mesmo ano, o Clube de Roma que foi composto por cientistas, economistas,
políticos e outros, publica o relatório The
limits of growth (Os limites do crescimento), que relata a busca incessante
do crescimento da sociedade a qualquer custo, mesmo que este custo leve a
humanidade à um colapso. E procura alertar a população para a necessidade de
maior prudência nos estilos de desenvolvimento.
Surgiu
então, a necessidade de cumprir algumas condições para evitar esta catástrofe,
como o controle de natalidade, controle da produção industrial e aumento da
produção de alimentos.
Além
destes movimentos ambientalistas, muitos outros foram promovidos, todos com o
mesmo objetivo, melhorar a qualidade de
vida e levar as informações sobre o meio-ambiente à toda a população através da
imprensa.
Dessa
forma as empresas começaram a se preocupar e a tomar providências para evitar
acidentes ambientais que poderiam prejudicar sua imagem perante a população, e
também cumprir leis que poderiam gerar multas ambientais.
CAMINHOS E TRANSIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO
O
conceito de ecodesenvolvimento foi lançado em 1973, pelo canadense Maurice
Strong, e Ignacy Sacks, formulou os seguintes princípios[5]:
Ø Satisfação
das necessidades básicas;
Ø Solidariedade
com as gerações futuras;
Ø Participação
da população envolvida;
Ø Preservação
dos recursos naturais e do meio-ambiente;
Ø Elaboração
de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras
culturas;
Ø Programas
de educação.
Com base nestes princípios, surgiu o conceito de
desenvolvimento sustentável, e em 1977 foi criado o Conselho Empresarial
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, que teve a adesão de
mais de 50 empresas.
Dentre
seus principais objetivos, está a liderança do setor empresarial no sentido da
implantação do desenvolvimento sustentável e da ecoeficiência, que é o sistema
que busca produzir mais com menos insumos e menos poluição, mantendo os preços
de produtos e serviços, e melhorando a qualidade de vida da sociedade.
As
empresas podem lucrar muito se preocupando com o meio-ambiente, pois ter sua
imagem associada à um acidente ambiental, pode representar uma grande
desvantagem competitiva.
Segundo
Raquel, “os participantes da Conferência da Possibilidade Global do Instituto
de Recursos Mundiais, em 1984, concordaram que para atingir o Desenvolvimento
Sustentável são necessárias algumas transições críticas:
Ø Transição
demográfica para uma população mundial estável com baixos índices de
natalidade;
Ø Transição
energética para uma alta eficiência na produção e consumo, além de um aumento
na dependência por fontes renováveis;
Ø Transição
de recursos para uma dependência sobre a “renda” da natureza sem destruição de
seu “capital”;
Ø Transição
econômica para o desenvolvimento sustentável e uma divisão mais abrangente de
seus benefícios;
Ø Transição
política para uma negociação global fundada em interesses complementares entre
o Norte e o Sul, o Leste e o Oeste.”
Os
recursos existentes na Terra são suficientes
para a sobrevivência de todos os seres vivos do planeta. e o
desenvolvimento econômico e o bem-estar do ser humano dependem destes recursos.
Mas, se a degradação do meio-ambiente
continuar, o desenvolvimento sustentável será impossível.
O
desenvolvimento econômico, a tecnologia e a produtividade podem e devem
existir, e isto é possível com um meio- ambiente saudável. Porém, algumas
atitudes devem ser tomadas, como a participação e a organização, a educação e o
fortalecimento das pessoas. E isso pode ser feito sem a necessidade de grandes
investimentos financeiros, a educação familiar e escolar determina o início
dessas transições, e consequentemente o início do Desenvolvimento Sustentável.
ECO 92
A
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio-Ambiente e Desenvolvimento, ficou
também conhecida como RIO-92, pois foi realizada na cidade do Rio de Janeiro em
junho de 1992, e teve a participação de mais de 30 mil pessoas, de 170 países
diferentes.
Após
20 anos da Conferência de Estocolmo, a Conferência RIO-92 foi realizada
baseando-se na situação de desenvolvimento ambiental e sua constante degradação
ecológica e econômica, e teve como principais objetivos a análise da situação ambiental atual e as mudanças ocorridas
após a Conferência de Estocolmo; a identificação de estratégias e recomendação
de medidas regionais e globais ligadas à proteção do meio-ambiente; o
aperfeiçoamento das leis ambientais, internacionalmente; e a promoção do
desenvolvimento sustentável e eliminação da pobreza nos países em
desenvolvimento.
Foi
elaborado a Agenda 21, que é um Plano de Ação, que determina estratégias de
sobrevivência e visa a sustentabilidade da vida na Terra. Este documento possui
quarenta capítulos e oitocentas páginas.
A
principal das estratégias de sobrevivência é a Educação Ambiental, e como F.
Dias descreve: “Educação Ambiental é um processo permanente no qual os
indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente, e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem
aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros.”
Foram
levantados muitos outros pontos centrais neste Plano de Ação, e todos com o
objetivo de harmonizar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental, e
o governo tem uma parcela maior de responsabilidade para o sucesso de sua
execução.
A
implementação de muitas estratégias recomendadas na Agenda 21 entram em
conflito com muitos obstáculos, porém sua execução é necessária, e a conscientização
ambiental é o fator que derruba tais obstáculos e efetiva o Desenvolvimento
Sustentável.
Existe
uma Comissão Interministerial de Desenvolvimento Sustentável – CIDES, que
assessora o Presidente da República na tomada de decisões sobre as estratégias
e políticas nacionais determinadas na Agenda 21[6]. Dentre
algumas atribuições da CIDES, está o acompanhamento e a avaliação da
implementação das atividades programadas.
Também
foi criado um órgão de alto nível, a Comissão das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, que inspeciona o cumprimento de todos os acordos alcançados no
Rio.
CONFERÊNCIA DE KYOTO – JAPÃO
Foi
realizada em dezembro de 1997, com o objetivo de reunir nações industrializadas
e estudar a possibilidade de redução da poluição da atmosfera com gases de
estufa.
O
resultado foi decepcionante, pois os países desenvolvidos declararam não
comprometer seu progresso e o bem estar
de suas populações em benefício do Planeta Terra.
“Os
Estados Unidos concordaram em reduzir a poluição em 7%, a União Européia 8%, e
o Japão apenas 6%”.[7] E, dessa
forma, com o poder que possuem, conseguem bloquear a aprovação de qualquer
medida que beneficie a sociedade global.
MOVIMENTO AMBIENTALISTA NO BRASIL
Segundo
VIOLA[8], o
Movimento Ambientalista no Brasil, pode ser dividido em três fases. A primeira
fase é conceitual e exploratória. No ano de 1958, foi criada a Fundação
Brasileira para a Conservação da Natureza, este foi um dos primeiros movimentos
ambientalistas no Brasil. Mas seu desempenho no espaço público não teve muita
importância, trazendo para os anos 70 o processo de constituição do
Ambientalismo Brasileiro, configurando propostas ambientais para o Estado e
para a sociedade.
A
Segunda fase se inicia em 1971 e vai até 1986. Em 1971, foi fundada a AGAPAN –
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – que surgiu influenciado
pelo movimento ambientalista norte-americano e europeu.
Em
1973, é criada a Secretaria Especial do Meio-Ambiente – SEMA, como conseqüência
da Conferência de Estocolmo de 1972. Seu objetivo era o de atenuar a imagem
internacional negativa que o Brasil tinha criado em Estocolmo, pois
argumentavam que a principal poluição dos países em desenvolvimento era a
miséria, buscando atrair para o Brasil, indústrias poluentes e incentivar
populações desfavorecidas a migrarem para a Amazônia propondo a exploração dos
recursos naturais do Brasil, ao invés de conservá-los.
A
terceira fase, a partir de 1987, define a emergência do ambientalismo e a
transição para a redefinição da problemática como desenvolvimento sustentável.
Crescem
as associações e grupos comunitários ambientalistas, organizações não
governamentais e movimentos sociais, grupos e instituições científicas de
pesquisas ambientais, e algumas empresas que iniciam seus processos produtivos
utilizando o critério da sustentabilidade ambiental.
Apesar do que já está sendo
feito, pode-se observar que a evolução da educação ambiental tende à crescer
cada vez mais. Estamos dependendo principalmente dos órgãos públicos, que
possuem maiores recursos para a efetivação do desenvolvimento sustentável. Logo
após vem os órgãos privados, que devem transformar seu modelo produtivo, e
assumir maiores responsabilidades sociais e ambientais, buscando vantagens
competitivas e as conciliando com o bem-estar de toda a sociedade.
LEGISLAÇÃO E
OUTRAS EXIGÊNCIAS
HISTÓRIA DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
A
preocupação ambiental iniciou-se em meados de 1935 nos países europeus, porém,
estes países passaram a “cuidar” do problema nas décadas de 60 e 70. Em 1960
com a Revolução Estadunidense e em 1970, a preocupação chega ao Canadá, Europa
Ocidental, Japão, Nova Zelândia, Austrália e, finalmente, em 1980, esta questão
atinge a América Latina, Europa Oriental, União Soviética e Sul e Leste da
Ásia.
Com
a preocupação pública pela deterioração ambiental surgem organizações não
governamentais e grupos comunitários que lutam pela proteção do meio ambiente.
Essas organizações eram aproximadamente 15000 em 1990.
As
agências estatais (federal, estadual e municipal), encarregadas de proteger o
ambiente formavam 12 grupos em 1970; em 1990 já somavam 140 agencias.
A
preocupação ambiental criou também grupos e instituições científicas para
estudo dos problemas ambientais com abordagem sistêmica; setor de administradores
e gerentes que desenvolvem os processos produtivos baseados na eficiência no
uso de materiais, energia, controle da poluição e qualidade; mercado consumidor
que demanda alimentos de uma agricultura orgânica, papel reciclado, recipientes
reutilizáveis, entre outros; agências e tratados internacionais para analisar
os problemas ambientais que ultrapassam as fronteiras nacionais.
Há
muito tempo, a questão ambiental recebe a devida atenção por parte do Direito,
no sentido de legislar com intuito de preservar a natureza e assegurar a
sobrevivência dos que dependem dela.
Até
ao anos 80, o enfoque destas legislações, era o cumprimento das normas em
relação aos níveis de poluição permitidos, mas a partir desta década, a atenção
voltou-se a preservação ambiental de modo geral.
Existe
um controle destinado às empresas no que diz respeito às suas atividades, no
sentido de evitar ou amenizar os fatores de poluição.
Para
que algumas empresas possam operar é necessário autorização do governo para
assegurar que não haverá qualquer tipo de impacto sobre o ambiente e que serão
tomadas às devidas providencias em caso de acidentes que prejudiquem o
equilíbrio do meio.
Às
empresas responsáveis por qualquer acidente ou infração ao meio ambiente são
aplicadas penalidades como: correção do problema, pagamento de multas, e até a
prisão dos administradores responsáveis e paralisação (proibição) das
atividades da empresa.
Em
1973, criou-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), órgão encarregado
da execução da Política Nacional Ambiental. Também neste ano, foi criada em São
Paulo, a CETESB, Companhia de Tecnologia e Saneamento, ligada à Secretaria de
Obras que institucionalizou definitivamente as ações de proteção ao meio
ambiente.
O
Decreto-Lei 1431/75 estabelecia que as indústrias teriam de adotar condições
para prevenir ou corrigir os danos da poluição e da contaminação do meio
ambiente.
As
associações protetoras adquiriram o direito de agir judicialmente através da
Lei 7347/85.
A
Lei 6938/81 criou o CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente, órgão que
ressaltou a necessidade de utilização da análise de impactos ambientais.
A Constituição de 1988 destinou um capítulo as questões ambientais,
determinando sanções penais e administrativas aos infratores.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) é responsável pela execução da polícia federal do meio
ambiente. Existe também, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas,
responsável pela classificação dos tipos de resíduos, métodos de análise e
identificação de risco nas operações de transporte e armazenamento.
ISO 14000
A
ISO 14000 ainda não é uma lei, mas uma exigência de mercado que vem dando
resultados positivos ao meio ambiente.
Esta
norma foi estabelecida em 1947 em Genebra e significa International
Organization for Standardization que se caracteriza como uma organização não
governamental. Está destinada a desenvolver a normalização mundial bem como
facilitar a troca internacional de bens e serviços.
A
ISO 14000 traz benefícios com a utilização racional dos recursos naturais,
energia e desenvolvimento sustentável.
Atualmente,
no mercado competitivo e turbulento em que vivemos, as empresas que estiverem a
favor da ecologia e tomarem providencias para defende-la, com certeza terão um
grande diferencial e serão reconhecidas mundialmente como, empresas socialmente
responsáveis.
As
normas ISO 14000 ganharam importância no Brasil em 1991, porém a primeira
publicação deu-se em 1996, através da
ABNT.
A
organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar os
aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços que possam por ela
ser controlados com a finalidade de determinar os que terão impacto sobre o
meio ambiente.
RESPONSABILIDADE
SOCIAL
A
partir dos anos 70, as empresas passaram a preocupar-se com a poluição do ar,
das águas , lixo sólido, poluição sonora, visual e proteção dos trabalhadores,
pois todas essas áreas representam uma obrigação legal.
Um
dos grandes obstáculos a preservação ambiental é que muitos dirigentes ainda
acreditam que a proteção ao meio ambiente exige gastos significativos.
Torna-se
necessário, extremo cuidado ao administrar o ciclo de vida dos produtos
reduzindo ao mínimo o impacto ambiental.
O
avanço tecnológico vem abrindo novos caminhos no sentido de preservar energia e
matérias-primas favorecendo o crescimento econômico mais equilibrado e provando
que existem maneiras de proteger o ambiente sem elevar os custos para as
empresas.
A
prática do desenvolvimento sustentável decorrente das necessidades ambientais
exigirá das empresas a busca permanente do aprimoramento dos processos de
gestão, de forma a assegurar aos consumidores que os produtos e serviços
oferecidos utilizem, cada vez menos, recursos ambientais não-renováveis.
A
produção em larga escala é uma necessidade inquestionável para a nossa
sociedade, mas ela sempre foi uma força antagônica ao equilíbrio ecológico,
porém, da mesma maneira que a tecnologia de produção evoluiu, também houve
evolução dos recursos de controle ambiental.
De
modo geral, as Organizações preocupam-se cada vez mais em alcançar e demonstrar
um desempenho ambiental correto, administrando o impacto de suas atividades,
bem como um severo controle de produtos ou serviços. Podemos afirmar que este
comportamento é conseqüência de uma legislação cada vez mais exigente.
No
mundo globalizado em que vivemos, as empresas tomam decisões considerando não
somente os lucros, mas a responsabilidade social. Preocupam-se com a aprovação
da comunidade.
Estas
empresas buscam participar na solução de problemas sociais, como, por exemplo,
indenizando pessoas prejudicadas pela poluição causada.
Para
que o desenvolvimento sustentável seja empregado, faz-se necessário que haja
pleno equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental.
O
grau de sensibilidade social de uma empresa é medido pela eficácia e eficiência
em satisfazer as obrigações sociais.
ONGs
Trata-se de
organizações não governamentais preocupadas em proteger o meio ambiente. Entre
estas organizações podemos citar as mais conhecidas: Greenpeace, GIFE, VITAE
CIVILIS, CEDESUS (Centro de Desenvolvimento Sustentável do Brasil),
constituídas de maneiras diferentes, porém com o mesmo ideal. Existe também o
WWF (World Wide Fund for Nature – Fundo Mundial para a Natureza), que foi
fundado em 1961, na suíça e sua chegada ao Brasil deu-se em 1971, com o Projeto
Mico Leão Dourado.
A Motorola e o
WWF firmaram parceria na luta pela preservação do ambiente, onde a empresa doou
22 rádios bidirecionais para uso na Mata Atlântica e no Cerrado, possibilitando
que guardas florestais, guias e pesquisadores contatem a sede ou bases móveis.
Esta parceria é de âmbito mundial e o investimento da empresa no Brasil, foi
cerca de US$ 130 mil.[9]
A Kodak também
participou doando R$ 25 mil para o programa de Ecoturismo do WWF.
OPORTUNIDADES
EMPRESARIAIS
MARKETING AMBIENTAL
A
Nova Economia exige das organizações novas formas de administração e uma delas
é a administração verde, que busca constantemente tecnologias avançadas e
modernização de processos, sem abandonar o zelo com a sociedade e o
meio-ambiente.
Para
isso, as empresas, seja por obrigação de forças legais ou pressões sociais,
devem analisar e redefinir sua Estratégia de Marketing Ambiental.
De
certa forma, as empresas só tem à ganhar com a administração verde, pois a
tendência do consumo da sociedade é pelos produtos que, de uma forma ou de
outra, estejam ligados favoravelmente à preservação do meio-ambiente. E, sendo
assim, as empresas que se preocuparem e desenvolverem estratégias de marketing
ligadas à responsabilidade social, terão grandes vantagens competitivas em
relação às empresas que não o fizerem, pois esta preocupação engrandece a
imagem da empresa perante o mercado consumidor.
As
empresas que atuam no mercado valorizando o social, contribuem para o
crescimento econômico, sem por isso, degradar o meio-ambiente, demonstrando
assim, a construção do desenvolvimento sustentável. Podemos chamá-las de
empresas-cidadãs, e, quando falamos em empresas-cidadãs, na verdade estamos
falando de administradores, ou seja, de pessoas cidadãs, pois as empresas são
formadas por elas, que chamamos de capital humano e também fazem parte da
sociedade e utilizam dos recursos existentes no Planeta Terra.
Assim
sendo, os trabalhos sociais desenvolvidos por diversas organizações, procuram
demonstrar a real preocupação com a natureza e a comunidade. Portanto, a
comunicação institucional e mercadológica deve ser efetiva, desfazendo tabus de
que as empresas visualizam somente seus próprios lucros.
A
estratégia de marketing precisa ser muito bem administrada, visando atender um
público cada vez maior, para obter bons resultados mercadológicos.
Segundo
DORINI[10]: “Os
programas de marketing podem se utilizar da comunicação externa, dirigidos à
comunidade local, escolas meios de comunicação, grupos ambientalistas,
sindicatos patronais e de trabalhadores, consumidores e ao público geral. Com a
mídia poder-se-á promover campanhas educativas, programas especiais de
entrevistas com temas ligados à questão ambiental e anúncios institucionais.”
A
Internet também é uma grande arma de comunicação, e existe um espaço onde podem
ser encontradas empresas e entidades que oferecem produtos e serviços para
solução dos problemas ambientais que as empresas enfrentam, são as “Green
Pages”[11], ou
páginas verdes.
Quando
as empresas adotam um programa de marketing ambiental elas estão, na verdade,
englobando vários objetivos que levam ao aumento da produtividade com menores
custos. Tais objetivos podem ser definidos como a satisfação dos acionistas e
funcionários, a redução de custos, ou mesmo facilidades na obtenção de recursos
junto à Bancos e Governo.
O
programa também pode ser adotado por pressões governamentais e das ONGs, pois a legislação está cada vez mais rigorosa
com relação ao meio-ambiente, e a imprensa pode afetar a empresa com
publicidade negativa, se caso uma ONG perceber qualquer descuido com a
natureza.
ALGUMAS EMPRESAS CIDADÃS
Várias
empresas podem ser citadas, pois a responsabilidade social é um mercado que
esta se expandindo cada vez mais. Segundo Oded Grajew, presidente do Instituto
ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social – entidade sem fins lucrativos que
ajuda empresas a se comprometer numa boa causa -, “...a Ethos possui 460
organizações associadas, o que corresponde a quase 27% do PIB brasileiro.”[12]
Segue
abaixo, exemplo de algumas empresas cidadãs:
Ø Pão de
Açúcar: criou uma entidade independente, o Instituto Pão de Açúcar, que neste
ano está investindo 6 milhões de reais
em projetos sociais ligados à educação.
Ø Cetrel:
empresa baiana de proteção ao meio-ambiente, dá consultoria nesta área e também
desenvolve projetos ambientais. Criou o Ecofone, uma linha telefônica para a
comunidade fazer denúncias sobre eliminação irregular de dejetos.
Ø Eucatex: abastece suas fábricas para produção com
madeira de suas próprias plantações. Possui mais de 11 mil hectares de reservas
naturais e de preservação permanente em um sistema integrado com as áreas
reflorestadas. Sua conduta ambiental é reconhecida também no Exterior.
Ø HP: no
Programa HP – Cidadã, a empresa repassa para algumas instituições o dobro do
valor doado pelos funcionários.
Ø Accor
Brasil: no ano passado, atendeu cerca de 50.000 crianças e jovens, através do
Programa Nutrir, que oferece orientação sobre nutrição e doa alimentos para
comunidades carentes.
Ø Votorantim:
produz cimento sustentado, com propriedades diferenciadas, atendendo exigências
em aplicações especiais. A gestão ambiental tem evoluído na empresa, que vem
investindo em tecnologia, educação e processos, atingindo uma grande redução no
consumo de energia.
Ø Poematec:
empresa do Pará que produz banco para automóveis utilizando a fibra do coco –
um material natural e renovável – em substituição aos materiais obtidos do
petróleo. Motivados pela responsabilidade social, este processo está gerando
renda para mais de 4.000 pessoas.
Ø Belgo-Mineira:
concilia suas atividades com a preservação ambiental, desenvolvendo e
implantando processos produtivos que minimizam o impacto de suas ações sobre o
meio-ambiente, investindo em tecnologias limpas. Possui Centros de Educação
Ambiental e seus investimentos nas questões ambientais tem sido constantes.
Ø Alcan:
possui um Centro de Reciclagem com capacidade para 40.000 toneladas de sucata
por ano, em Pindamonhangaba – SP. Recicla latas de alumínio, tornando-as novas
para embalar novas bebidas. Consome menos energia e utiliza menos recursos
naturais, favorecendo o meio-ambiente. Seu Slogan é : “Nada recicla como
alumínio. Ninguém recicla com Alcan.”
Ø Fiat:
primeira montadora de automóveis à receber o ISO 14001. Possui o Sistema Fiat
Auto Recycling, que recicla a família do Pálio e do Marea no final do seu ciclo
de vida, além de estar de acordo com as normas sobre emissão de poluentes.
Ø OPP
Petroquímica: Seu programa de responsabilidade social envolve crianças que
transformam plástico em arte e também distribui saquinhos plásticos nas praias
para que as pessoas coloquem seus lixos. Seu Slogan é: “Educação Ambiental. A
OPP preserva essa idéia.”
Ø Riocell:
Produz papel no sul do Brasil, e é uma das maiores fornecedoras de celulose de
eucalipto no mercado mundial. Para isso, utilizam madeira exclusivamente de
suas plantações e as repõe constantemente, aumentando a qualidade e
produtividade. Seu Slogan é: “Não tocamos numa única folha.”
Ø Cesp:
Planta mudas, conserva espécies, cria alevinos, faz reassentamento urbano,
rural e de pescadores. Gera energia respeitando o meio-ambiente e
proporcionando melhor qualidade de vida. Tem como Slogan: “Faz parte da
política da Cesp respeitar o meio para atingir o fim.”
Ø MC
Donald´s: Contrata somente fornecedores que obedeçam a legislação ambiental.
Utiliza porta-copos feito com material biodegradável e utiliza embalagens em
papel reciclado. Possui conceitos internalizados de ação ecológica, ação social
e ação cultural.
Ø Fundação
S.O.S. Mata Atlântica: tem por objetivo defender os remanescentes da mata
atlântica, valorizar a identidade física e cultural das comunidades humanas que
os habitam, conservar o riquíssimo patrimônio natural, histórico e cultural
existentes nessas regiões, buscando o seu desenvolvimento sustentado.
As
empresas, como estas citadas anteriormente, possuem diferencial de mercado e
vantagem competitiva, o que resultam em maiores resultados e melhores
oportunidades de negócios. Para introduzir melhorias nos processos e na
tecnologia buscando a qualidade ambiental, as empresas podem contar com o
sistema dos 4R´s: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
Ø Reduzido
consumo de matérias-primas, e elevado índice de conteúdo reciclável;
Ø Produção
não-poluidora e materiais não-tóxicos;
Ø Não realiza
testes desnecessários com animais e cobaias;
Ø Não produz
impacto negativo ou danos a espécies em extinção;
Ø Baixo
consumo de energia durante produção/distribuição/uso/disposição;
Ø Embalagem
mínima ou nula;
Ø Possibilita
reuso ou reabastecimento;
Ø Permite
coleta ou desmontagem após o uso;
Ø Possibilita
remanufatura ou reutilização.
Mas as empresas ganham
vantagens competitivas e melhores resultados, ao passo que são voluntárias em
suas ações ambientais. Pois se agirem somente após regulamentações e leis, elas
estarão numa posição de defesa, e com isso podem até perder parcelas de
mercado.
O CONSUMIDOR
A consciência ambiental é o fator que determina o consumo de
produtos ou serviços que estão ligados à preservação do meio-ambiente. A medida
que ela aumenta, as empresas que investem em tais produtos terão melhores
oportunidades de negócios, sejam elas pequenas, médias ou grandes.
O
consumidor verde, segundo Elkington[14], “...busca
qualidade evitando o consumo de produtos com impactos ambientais negativos,
recusa os produtos derivados de espécie em extinção, observa os certificados de
origem e os selos verdes, leva em conta a biodegrabilidade do produto, escolhe
produtos isentos de alvejantes e corantes e prefere produtos com embalagem
reciclável e/ou retornável, entre outros”.
Dessa
forma, podemos afirmar que o consumidor não exige preço, e até paga mais quando
se trata de um produto ou serviço que respeita a saúde e o meio-ambiente.
Porém, procuram encontrar a melhor relação custo/benefício de acordo com seus
orçamentos.
Para
ser melhor reconhecido, os produtos verdes são identificados por um selo
ambiental, endossando a ecologicidade do produto e considerando seu ciclo de
vida desde a fabricação até sua eliminação. Ajudam os consumidores a encontrar
os produtos benéficos ao meio-ambiente. A Câmara de Comércio Internacional
sugere uma série de princípios para a implantação de esquemas de selos
ambientais.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NAS ORGANIZAÇÕES
Para
que as organizações promovam o Desenvolvimento Sustentável, é extremamente
necessário desenvolver uma Estratégia de Marketing que chame a atenção dos
consumidores sobre suas preocupações e atitudes com relação às questões
ambientais.
A
Estratégia de Marketing Ambiental tem por objetivo principal, elevar a imagem
da empresa perante a comunidade local e global. Esta postura é necessária para
que a sociedade visualize a organização com responsabilidade social e
ambiental, e não somente com objetivos comerciais.
No
entanto, as organizações não devem ficar somente no marketing, mas sim buscar
desenvolver políticas ambientais e realmente praticá-las. E, esta atitude deve
envolver toda a organização, englobando todos os níveis hierárquicos.
A
empresa deve desenvolver uma estratégia ambiental, preparar um programa de
ação, desenvolver tecnologias ambientais, educar e capacitar todo o quadro
funcional, acompanhar e fiscalizar o plano de ação e avaliar seu progresso
ecológico.
Existe
uma maneira que as empresas podem prestar contas ao público, sobre suas ações
sociais, para demonstrar exatamente o quanto contribuem com a sociedade. Esta
maneira é o Balanço Social, que nada mais é que um relatório dos resultados de
políticas sociais e ambientais. Assim a empresa se torna transparente para a
sociedade e ganha maior credibilidade.
As
empresas também podem utilizar o Balanço Ambiental, que são relatórios fornecidos por auditores
ambientais, informando dados que possibilitam visualizar as atitudes a serem
tomadas, como por exemplo com relação à redução de custos e despesas.
A
grande importância em se planejar e controlar ações ambientais está no
benefício que isso traz, não só para as empresas e a comunidade local, mas sim
para toda a sociedade e principalmente para as gerações futuras.
RELAÇÕES ENTRE O MEIO AMBIENTE E A ECONOMIA
Muitas
empresas têm mudado seu comportamento em busca de novos posicionamentos no
mercado e algumas mudanças são em relação à preservação do meio ambiente, mas
não são pela necessidade real de preservarmos, mas como um diferencial para
torná-las mais competitivas.
As
empresas são grupos que produzem para um mesmo mercado e crescem buscando se
destacar no setor econômico. Para que isto aconteça, as empresas têm se
adaptado às estratégias ambientais junto com as variáveis externas.
Nos
dias atuais, as questões do Desenvolvimento Sustentável passaram a se referir,
nas empresas, como controle ambiental integrado no sistema de produção.
Idealiza-se
que as questões de preservação do ambiente deixem de ser um problema legal e
passe a ser empresarial, onde as questões signifiquem posições competitivas que
as permitirão sobreviver em seu mercado.
O
impacto ambiental varia de empresa para empresa devido às características do
seu setor produtivo e suas estratégias e ações vão de acordo com seus produtos
e processos.
Os
setores econômicos podem se desenvolver através da substituição das tecnologias
utilizadas com recursos naturais por renováveis, que não são poluentes e
possibilitam assim a redução dos danos ambientais, além de gerar menor custo e
aumento de empregos.
É
necessário também, investir em educação e informação para que não ocorram mais
danos na natureza. Estes são fatores favoráveis, e contribuem para elevar
investimentos em políticas mais eficazes, reduzindo a pobreza e o aumento da
civilização.
A
atividade econômica com o meio ambiente pode ser relacionada de seguinte forma:
Ø As
políticas econômicas afetam a produtividade e a composição dos produtos e,
quanto maior a renda per capta, maior a necessidade de um meio ambiente melhor;
Ø Políticas
ambientais modificam o uso de recursos naturais por renováveis e, quanto maior
a eficiência menor é o consumo destes recursos;
Ø Investimentos
ambientais geram benefícios e, quanto mais tecnologia voltada à proteção do
ambiente, menor é a degradação.
O crescimento econômico é
indispensável para o desenvolvimento do país, sendo o único meio de acabar com
a pobreza e destruição do meio ambiente.
O PAPEL DAS EMPRESAS PERANTE O MEIO AMBIENTE
As
questões ambientais inseridas no conceito do Desenvolvimento Sustentável
colocaram várias empresas a refletirem em relação à preservação do meio
ambiente, tendo a consciência dos danos irreversíveis por elas causados.
A
postura em que as empresas se enquadraram perante o meio ambiente estão
classificadas em estágios com potenciais e conseqüências[15]. São elas:
1º Estágio -
Postura Passiva - Considera as questões
ambientais como redutoras de lucro e não realizam investimentos para reduzir ou
controlar os danos por ela causados.
Os Potenciais – Entra em conflito com os
defensores e são punidos com multas estabelecidas por lei; os consumidores
estão exigindo um bom comportamento e por isto rejeitam seus produtos.
As Conseqüências – São sempre visados pelos fiscais tendo que pagar
multas pela sua intolerância; o mercado ficou reduzido para eles, e sem
investidores.
2º Estágio -
Postura Reativa – Cumprem as leis quando exigidas
pelos fiscais, procurando não investir muito em preservação ambiental.
Os Potenciais – Exposição aos concorrentes e
fiscais.
As Conseqüências – São muitos os riscos
como: financeiro; perda do mercado e tendo sempre que relatar seus
procedimentos.
3º Estágio –
Postura Proativa – Tem a consciência que se
deve cumprir todas as leis desde o princípio para não ter que ficar reparando
seus erros; utiliza-se de auditorias ambientais.
Os Potenciais – Melhor aceitação de seus
produtos no mercado; Investimentos em tecnologias para preservação e fica
atento aos riscos ambientais.
As Conseqüências – Satisfação dos
funcionários e consumidores; bom relacionamento com fiscais e poucas chances de
punição; mais investidores interessados e financeiramente bem, pois seus custos
com matéria-prima são menores.
De acordo com cada estágio
em que as empresas se encontram o processo de mudança poderá ser mais
trabalhoso ou não.
O PROCESSO DE MUDANÇA
O
processo de mudança nas empresas é um grande desafio, pois depende da adaptação
do desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. Estas mudanças
significam o quanto as organizações possuem de responsabilidade social.
As
empresas voltadas para preservação envolvem toda sua estrutura organizacional
independente dos níveis hierárquicos. O desenvolvimento na organização é sempre
necessário quando está concorrendo e lutando para sua sobrevivência.
Todo
o processo de mudança pode ser solucionado eficientemente desde que bem
planejadas e ajustadas de acordo com as condições externas ou internas. Desta
maneira as organizações poderão diminuir custos e aumentar qualidade.
O
posicionamento de maior responsabilidade é uma exigência da sociedade e as
empresas que possuem esta responsabilidade vem se destacando nos setores
econômicos e sociais.
As
adaptações para um desenvolvimento sustentável em seu processo as tornarão mais
eficientes e conscientes.
As
organizações precisam ter em mente que não existe conflito entre lucratividade
e questão ambiental e esta idéia é mundial. Cada vez mais a sociedade está
valorizando quem preserva o meio ambiente e desta forma os consumidores dão
preferência aos produtos das empresas com esta responsabilidade.
O
processo de mudança precisa ter em vista a regulamentação que está em vigor e
se aperfeiçoar as políticas de preservação, levando em conta o desenvolvimento
técnico, a preparação de seus funcionários e as expectativas do mercado.
Para
atuar nestas forças de mercado, a CARTA EMPRESARIAL para o Desenvolvimento
Sustentável auxiliará as empresas a cumprir suas obrigações em relação à
preservação ambiental. Uma das prioridades das organizações é reconhecer a
gestão do ambiente e praticá-las em segurança.
A COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS
Foi
em 1.980 que as empresas começaram a ver como investimento para uma vantagem
competitiva, a adaptação de novos processos produtivos com base na preservação
do ambiente.
Este
processo de mudança passada pelas empresas mostrou-se como uma mudança de
defensiva para ativa, e de reativa para criativa, diferenciando-se das demais
que não adotaram a idéia do Desenvolvimento Sustentável.
As
indústrias têm consciência que os consumidores estão cada vez mais atentos ao
tipo de material utilizado nos produtos, se são poluentes ou não, e se são
recicláveis ou não.
Nos
dias atuais o método utilizado pelas empresas é a reciclagem, que além de não
destruir o meio ambiente, conseguem obter maiores lucros, como também poupam
mais energia.
Mesmo com este método ainda há muito desperdício, pois algumas empresas
não reaproveitam suas sobras de lixo.
As
empresas no Brasil que possuem uma organização ambiental variam em função de
seu tamanho e tipo de indústria e estão introduzindo auditorias ambientais.
Estas auditorias têm por objetivo auxiliar no processo de controle ambiental e
estas empresas têm crescido muito. As quais possuem este perfil ambiental tem
maiores chances de serem inseridas no mercado internacional (globalização).
Há
muitos benefícios em se adaptar aos processos de proteção entre os objetivos
das organizações. Alguns dos benefícios são: “sobrevivência humana, consenso;
oportunidade no mercado; redução de custos e riscos; integridade pessoal”.[16]
As
empresas passam a exercer importante papel para a melhoria do meio ambiente,
reforçando seu compromisso com a qualidade de vida do País e do planeta.
Os
benefícios trazidos pelo processo de mudança ajudam a melhorar a imagem das
empresas e maior mercado para seus produtos. A expansão dos consumidores de
produtos renováveis faz com que possamos atingir uma sociedade sustentável.
Todas
as vantagens que estas mudanças nos proporcionam, faz com que sejamos melhores
como pessoas e como organizações e as punições vão, aos poucos, deixando de
existir e as ameaças do mercado passam a ser apenas a concorrência.
A RECICLAGEM DO LIXO COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO
Um
dos métodos para se alcançar a sustentabilidade econômica é a reciclagem do
lixo. A reciclagem tem-se mostrado excelente oportunidade de geração de mais
empregos, podendo ajudar a melhorar a qualidade de vida do povo.
Muitos
são os produtos que podem ser reciclados e desta maneira são muitos os tipos de
empresas que podem aderir esta tecnologia. Os lixos que podem ser reciclados
são: plásticos papéis, vidros, borrachas, alumínio, entre muitos outros, até o
coco.
Existem
também muitas cooperativas coletoras de lixos, que geram empregos e renda para
muitas pessoas. Estes coletores são os maiores responsáveis pelos altos índices
de reciclagem, principalmente do papelão.
“São
estes trabalhos comunitários que ajudam não só as populações de baixa renda,
como também demonstram que o brasileiro está preocupado em melhorar sua
qualidade de vida e proteger o meio ambiente”.[17]
As
cooperativas são empreendimentos cada vez mais rentáveis. Mesmo sem incentivo
os empresários estão se mostrando confiantes e motivados para continuarem este
trabalho de preservação.
Muitas
indústrias recicladoras compram a matéria-prima de outras indústrias dentro do
mesmo estado gerando menores custos com transportes e rapidez no processo
produtivo.
No
setor de alimentos, no Brasil, medidas proativas já podem ser identificadas.
“Alguns supermercados entraram em parceria com empresas e a comunidade
instalando máquinas de prensagem de latinhas de alumínio e garrafas PET”.[18] Este
processo tem motivado os consumidores e os resultados são quantitativos e
qualitativos.
O
Brasil é o segundo país em reciclagem de latinhas, segundo informações do
SEBRAE: “Desde 1.998 o Brasil passou do terceiro para o segundo lugar, quando
aumentou sua produção para 73%, passando os EUA, que mantêm a marca dos 63% de
latas produzidas. Oficialmente quem lidera o ranking mundial é o Japão.
Com
um mercado bastante promissor, a reciclagem de latas de alumínio movimenta no
mundo US$110 milhões, o que significa ocupação para mais de 150 mil agentes coletores
de latinhas e com renda media entre dois e quatro salários mínimos”.[19]
Pode-se
perceber que muitas são as saídas para obtermos um desenvolvimento sustentável
basta adaptar a um procedimento adequado a cada situação e seguir com a
consciência tranqüila de estar fazendo a sua parte.
Nós
como futuros administradores devemos ser conhecedores das causas e efeitos da
preservação ambiental nas atividades produtivas, pois estas questões vêm
preocupando crescentemente a sociedade mundial, influenciando fortemente no
ajuste competitivo das empresas em uma economia mais aberta e integrada.
As
empresas representam um dos principais aliados para o alcance do
Desenvolvimento Sustentável, pois além de obter uma alavancagem em seu setor,
ganhando credibilidade e confiança dos seus consumidores, ajudam a diminuir os
impactos causados no ambiente.
O amplo conceito de
Desenvolvimento Sustentável beneficia toda a população, contribuindo para o
crescimento do setor econômico, a igualdade social e equilíbrio ecológico.
Quando
a empresa é politicamente correta, procura relacionar-se com outras empresas
que também defendem a mesma idéia, mostrando-se fortes aliadas e se destacando
pelo seu diferencial: preservação do meio ambiente.
Não
basta as empresas seguirem apenas as leis ou normas, elas necessitam que seus
funcionários também possuam a consciência do que é, para que serve a
preservação do meio ambiente e como concretizá-la, e que os maquinários e
equipamentos sejam direcionados a preservação, minimizando os impactos ou
efeitos causados.
Quando
as pessoas adquirem a consciência de que se deve preservar para sobrevivermos,
elas não exercerão somente nas empresas, elas irão praticá-las em suas próprias
casas, e é onde se deve iniciar toda esta conscientização, não desperdiçando
água, alimentos e energia, e utilizando recursos que podem ser renováveis, ou
substituídos por outros reciclados ou mesmo reutilizáveis.
Cada
um de nós tem a responsabilidade de colaborar com a preservação do meio
ambiente para que possamos ter um planeta saudável e garantir a sobrevivência
das gerações futuras.
[1] Citado
em: Gestão Ambiental - Enfoque Estratégico Aplicado ao
Desenvolvimento Sustentável; p. 1
[2] F. DIAS,
Genebaldo; Educação Ambiental -
Princípios e Práticas; p. 112-113.
[3] FREIRE
DIAS, Genebaldo. Educação Ambiental,
Princípios e Práticas; pág. 25.
[4] Educação Ambiental, Princípios e Práticas
- anexo 2 pág. 369
[5] DORINI,
Raquel P. – Desenvolvimento Sustentável
como responsabilidade social das empresas. São Paulo, 1999.
[6] DORINI,
Raquel P. – Desenvolvimento Sustentável
como responsabilidade social das empresas. São Paulo, 1999.
[7] Educação Ambiental, Princípios e Práticas
– p 55.
[8] VIOLA,E.J.
O Movimento Ambientalista no Brasil
(1971-1991).
[9] Segundo
DORINI, Raquel P. São Paulo – 1999.
[10] DORINI,
Raquel Pereira. Desenvolvimento
Sustentável como Responsabilidade Social das Empresas – Um
Enfoque
Ambiental. São Paulo – 1999.
[12] Revista
VOCÊ SA. Por uma boa causa. Setembro 2001 – pg. 39.
[13] SIMON,
1992 – Citado em Desenvolvimento
Sustentável como Responsabilidade Social das Empresas.
[14]
ELKINGTON, Hailes e Makoner, 1998
[15] Baseado
na Tese de DORINI, Raquel P.
[16]
ANDRADE, Otávio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana Barreiros de;
Gestão Ambiental - Enfoque estratégico aplicado ao Desenvolvimento Sustentável;
p.8.
[17] Conexão
Empresarial - SEBRAE; Reciclagem; p.6; Dezembro 2.000.
[18]
Retirado do Site:< www.cempre.gov.br>;
26/09/2001.
[19] Conexão
Empresarial - SEBRAE; p.7; Dezembro de 2.000.
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