Musical rhythm as a question in singular verbal manifestations of autistic individuals
Le rythme comme question dans les manifestations verbales singulières de l'autiste
El ritmo como objeto de las singulares manifestaciones verbales del autista
Die Beachtung des musikalischen Rhythmus bei einzigartigen autistischen sprachlichen Äußerungen
Glória Maria Monteiro de Carvalho
Doutora em linguística pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (Campinas, SP, Br); professora e pesquisadora (CNPq) no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Recife, PE, Br)
RESUMO
Neste artigo, assumimos a proposta de que a música, em sua dimensão rítmica, possibilitaria, de forma singular, a produção e circulação de significantes nas verbalizações da criança com diagnóstico de autismo. Assim, acompanhamos sessões de gravação em vídeo – de um menino autista com sua terapeuta – das quais recortamos alguns episódios que exemplificam manifestações rítmicas do menino. Por sua vez, tais manifestações apontaram para a hipótese de que a descontinuidade do ritmo constituiria um meio inicial, primitivo, de inscrição singular do significante no corpo dessa criança.
Palavras-chave: Autismo, música, melodia, ritmo, significante, singularidade
ABSTRACT
In this article we take up the proposition that music, in its rhythmic dimension, uniquely enables the production and circulation of signifiers in the utterances of children diagnosed with autism. We have studied video recorded sessions with an autistic boy with his therapist. From this study we more closely investigated several episodes that exemplify rhythmic manifestations by the boy. These events lead to the hypothesis that discontinuities in his rhythm constitute an initial and primitive means of unique inscriptions of the signifier on the boy's body.
Key words: Autism, music, melody, rhythm, signifier, uniqueness
RESUMÉ
Dans cet article, nous défendons l'hypothèse selon laquelle la qualité rythmique de la musique facilite, de façon singulière, la production et la circulation de signifiants dans les verbalisations des enfants autistes. Nous avons donc suivi des sessions d'enregistrement sur vidéo d'un garçon autiste avec sa thérapeute en découpant certains épisodes qui illustrent les manifestations rythmiques du garçon. À leur tour, ces exemples renforcent l'hypothèse que la discontinuité du rythme est un moyen primitif au travers duquel le signifiant s'inscrit sur le corps de l'enfant.
Mots clés: Autisme, musique, mélodie, rythme, signifiant, singularité
RESUMEN
En este artículo asumimos la propuesta de que la música, en su dimensión rítmica, posibilitaría de manera singular la producción y circulación de significantes en las verbalizaciones del niño con diagnóstico de autismo. De esta manera, acompañamos sesiones grabadas en video de un niño autista con su terapeuta, de las cuales recortamos algunos episodios que ejemplifican las manifestaciones rítmicas del niño. Esas manifestaciones apuntaron hacia la hipótesis de que la discontinuidad del ritmo constituiría un medio inicial, primitivo, de descripción singular del significante en el cuerpo de ese niño.
Palabras clave: Autismo, música, melodía, ritmo, significante, singularidad
ZUSAMMENFASSUNG
Ausgangspunkt dieses Beitrages ist die Annahme, dass die rhythmische Dimension der Musik auf einzigartige Weise die Bildung und den Fluss von Bedeutungselementen in den sprachlichen Äußerungen von als autistisch diagnostizierten Kindern ermöglicht. Dazu wurden Videoaufnahmen von Behandlungen eines autistischen Jungen mit seiner Therapeutin untersucht und einige Situationen herausgeschnitten, in denen rhythmische Äußerungen des Jungen festgestellt werden können. Diese Äußerungen, wiederum, weisen auf die Hypothese, dass die Unterbrechung des Rhythmus eine erste Bedeutung bildet, die primitiv in ihrer eigenartigen Einprägung des Bedeutungselements im Körper des Kindes ist.
Schlüsselwörter: Autismus, Musik, Melodie, Rhythmus, Bedeutungselement, einzigartig
Introdução
Pretendemos, neste artigo, dar destaque ao estatuto de singularidade das verbalizações infantis, considerando a resistência que tais verbalizações oferecem à sua escuta pelo investigador ou pelo clínico. Por sua vez, essa resistência, ao que tudo indica, ganha especial visibilidade quando se trata de uma criança que apresenta severos obstáculos em sua trajetória linguística, como é o caso daquela que recebe diagnóstico de autismo. Assumimos, então, que a música, notadamente em seu aspecto rítmico, possibilitaria a produção singular de significantes nas verbalizações dessa criança os quais poderiam, de algum modo, surpreender aquele que os escuta.
Quanto ao conceito de singularidade, convém notar que não estamos nos referindo ao singular no sentido do particular, na sua oposição ao universal (Carvalho; Guerra, no prelo). Nessa dicotomia, universal vs singular/particular, o singular seria uma realização de leis gerais/universais, na perspectiva neopositivista. Com base na discussão realizada por Rajagopalan (2000), seria um caso dessas leis, podendo ser único, não passível de repetição. Concebemos o singular como uma realização subjetiva que transgride uma lei estabelecida, ou melhor, quebra um padrão linguístico, ou modelo de investigação, ou ainda, opõe resistência a esse padrão ou modelo. É nesse sentido que singularidade e resistência estão amalgamadas na escuta (do investigador e/ou do clínico) para a fala da criança, tendo sido realçada, no nosso caso, a escuta do investigador.
Como consequência, seria também na direção dessa escuta da singularidade/resistência que se poderia tentar sair de uma linha de abordagem de manifestações verbais da criança que sofreu um obstáculo no seu percurso linguístico, linha essa marcada por uma negação, ou pela afirmação de um desvio, de uma falha, de um vazio.
É comum, na literatura sobre o autismo, conceber a existência de um vazio subjetivo, conforme indicam algumas expressões usadas em relação ao autista, como: tomadas desligadas, conchas, fortalezas vazias, papagaio. No tocante a sua manifestação verbal, embora haja várias discordâncias, predomina a concepção de uma imobilidade, como um traço básico da definição de ecolalia, desde a primeira definição proposta por Kanner (1943): "uma combinação de palavras ouvidas e repetidas como um papagaio" (p. 149), sem valor semântico ou qualquer caráter de comunicação. Assim, é comum encontrar, na literatura, afirmações negativas decorrentes da concepção de que não se pode considerar o autista como sujeito, porque ele estaria fora da linguagem com as várias consequências que essa exclusão acarreta: por exemplo, as suas manifestações linguageiras, na sua imobilidade, seriam rígidas, cristalizadas, permanentes, não apresentando, dentre outros aspectos, o funcionamento simbólico. A esse respeito, existem, entretanto, várias contradições. Segundo Cavalcanti e Rocha (2001), o próprio Kanner, num artigo de 1946, sugere que não se pode afirmar a ausência de sentido da linguagem na síndrome do autismo infantil precoce, chegando a alegar uma inacreditável capacidade poética e criadora dessas crianças, destacando que a linguagem dos autistas é metafórica e seus processos linguísticos não diferem dos empregados por pessoas ditas normais. De acordo com Rego (2006), essa suposta contradição de Kanner teria sido imposta pela observação clínica das manifestações verbais das crianças que surpreendiam e traziam questionamentos ao conceito de autismo apreendido pela via da deficiência, insuficiência ou ausência de linguagem.
Na posição de tentar positivar as singularíssimas manifestações do autista, coloca-se Cavalcanti (2006), propondo que "essa posição implica o reconhecimento da subjetividade em qualquer modo de existência humana, por mais distante que possa se apresentar das referências presentes na cultura para descrever o humano" (p. 98); diríamos, por mais que esse modo de existência quebrasse/transgredisse as formas, culturalmente estabelecidas, de manifestações subjetivas.
Essa é também a direção tomada por Soler (1998) que, convocando a proposta lacaniana, afirma que o sintoma é o mais interessante de um sujeito, porque é graças a seu sintoma que uma pessoa se difere de outra. O sintoma é, assim, o princípio de singularidade, de diferença. Mais adiante, coloca que o sintoma provém do real – do corpo, das pulsões nos termos freudianos – "e interfere, se opõe, objeta a conformidade do ser social" (p. 69; tradução e grifos nossos) o qual é definido por uma cultura, por uma civilização. Especificamente em relação ao autismo, também de acordo com a proposta lacaniana, diz essa autora que o que ela chama de sintoma autista, liga diretamente um real a um elemento simbólico, sem que o objeto imaginário aí seja concernido. Assim, um corpo e suas pulsões, ou melhor, um corpo pulsional tem de ser, necessariamente, considerado na abordagem da singularidade dos modos de manifestação do autista.
Corpo e linguagem: um golpe de força
Vale lembrar que o corpo que fora excluído da pesquisa científica com o humano, desde a época da filosofia positivista – de acordo com Lebrun (1997) e Leite (2003) –, precisaria ser resgatado nesta proposta de estudo das manifestações infantis, durante o seu percurso linguístico com ou sem obstáculos. A esse respeito, baseamo-nos em Lemos, sobretudo por meio do seu texto "Da angústia na infância" (2008). Destacamos, então, a resistência que a criança concebida como corpo pulsional opõe à sua captura pelo significante. Segundo essa autora, uma tal captura não é pacífica, mas implica conflito – conflito a esperar do embate entre heterogêneos – corpo e linguagem.
Nessa perspectiva, o corpo da criança resiste a sua captura simbólica, podendo essa resistência ser indicada através daquilo que escapa à captura, ou daquilo que falha, como é o caso, por exemplo, dos erros, incluindo-se tanto os erros previsíveis quanto as produções infantis insólitas. Assim, os erros produzidos pela criança indicariam, de algum modo, o conflito – e a angústia dele resultante – entre um corpo e o significante. Nessa proposta que assumimos, o erro foi concebido, então, como movimentos singulares de resistência, na dialética da alienação ao Outro. A esse respeito, podemos pensar, com fundamento em Leite (2003), que o funcionamento da linguagem como estrutura consiste numa rede de inibições e, acrescentaríamos, uma rede de inibições implantada num corpo.
Esse conflito (ou embate) não se dá a ver, ficando oculto se, durante a sua trajetória linguística, a criança não se depara com uma dificuldade que produza efeitos de obstáculo a essa trajetória. Tudo aconteceria, conforme realça a autora citada (Lemos, 2008), como se a criança seguisse um percurso suave (cor-de-rosa) que não daria visibilidade àquele embate inicial o qual pode, contudo, ser indicado. Nesse sentido, Pereira de Castro e Figueira (2006) apontaram para lugares privilegiados de ocorrência dos erros: são as chamadas zonas de turbulência, tendo sido destacados, dentre outros, os erros de gênero. No entanto, se algum obstáculo vem à tona, com ele se torna visível um corpo, ou melhor, um corpo que aparece na sua resistência oferecida à palavra, à implantação do significante, ou ainda um corpo pulsional que se expressa e por isso aparece, não deixando que essas expressões se inibam, sejam esquecidas ou sejam recalcadas pela palavra. A esse respeito, Lemos ( 2002) cita o caso de uma criança que emite blocos verbais intactos de comerciais de televisão, "em contraste com murmúrios e sussurros que apontam para o canto em que se aloja uma subjetividade abortada" (p. 51). Poderíamos falar na suspensão de uma subjetividade possível, deixando ver um corpo cujas manifestações de um certo tipo – murmúrios e sussurros – apontam para uma resistência à palavra/significante que inibiria tais manifestações.
Fazemos apelo a Bergès & Balbo (2001; 2002), na abordagem do mencionado embate entre corpo e linguagem, a partir da expressão golpe de força por eles utilizada em vários momentos de seus escritos sobre o tema. Nessa proposta, segundo os autores, diante de expressões do corpo da criança, a mãe formula uma hipótese sobre um saber que a criança teria, isto é, a mãe antecipa, faz uma hipótese de que seu filho compreende o que ela diz, havendo a suposição de que a própria criança seria capaz de formular hipóteses. Trata-se, portanto, de uma hipótese antecipatória. Quando, por exemplo, diante de ruídos/vocalizações emitidos pelo bebê, a mãe diz: você está com muito calor, ela permite que o ruído se transforme em demanda e que, portanto, a criança se identifique com o discurso sustentado pela mãe a esse respeito. A criança que investiu na voz como objeto pulsional oral precisa, assim, renunciar a esse tipo de satisfação da pulsão oral através do objeto voz, para que possa aceder à fala. No entanto, continuam os autores, a mãe somente pode atribuir ao bebê um corpo – que vivencia calor – a partir de suas próprias vivências corporais, constituindo a forçagem transitivista materna. Nesse sentido, a criança não se identificaria apenas ao discurso da mãe, mas também ao saber que esse discurso veicula sobre o calor. É nessa perspectiva que a "mãe jamais responde verdadeiramente à demanda de seu filho; ela não responde senão ao que ela supõe ser sua demanda" (Bergès & Balbo, 2002, p. 27), em virtude de um desconhecimento de uma imagem (a do seu filho), desconhecimento que ela tenta reduzir através das suposições (de demandas de seu filho) no seu discurso, inscrevendo-a, portanto, no simbólico.
Na abordagem que se fundamenta num sujeito dividido, sujeito do inconsciente, vários autores dão especial realce a esse golpe de força, utilizando inclusive outras expressões como palavras impostas (Laberge, 2008), o jugo da fala (Didier-Weill, 1999, p. 154). Esse golpe de força, forçagem ou palavras impostas traduzem bem aquilo a que nos referimos (citando Lemos, 2008) como sendo um conflito decorrente do embate entre corpo e linguagem, bem como consequentes sinais de resistência do corpo a esse embate. Surge, contudo, em relação a esse aspecto, um problema: Bergès & Balbo (2002) constataram que algumas mães não conseguem imprimir em seu bebê a mencionada forçagem transitivista, não havendo, consequentemente, o embate entre corpo e linguagem. Perguntamos então: seria possível, na posição assumida, pensar num ser humano sem que tenha havido um tal embate entre corpo e linguagem, seja qual for a sua natureza, ou o modo em que esse embate ocorra? Se respondêssemos afirmativamente não estaríamos admitindo um ser sem possibilidade subjetiva, ou mais ainda, não lhe estaríamos negando um corpo, concebendo-o apenas como ser-organismo?
Tentaremos abordar essa questão mais adiante, sendo, entretanto, importante assumir algumas posições no que toca à questão da subjetividade.
Conforme foi colocado em Carvalho & Guerra (2009), de um modo muito geral e resumido, no pensamento lacaniano, o sujeito se constituiria a partir da alienação especular no Outro, tratando-se, nesse momento inicial, do Outro primordial, aquele outro que ocupa um lugar na Função Materna. Em outras palavras, o sujeito se constituiria a partir da possibilidade de se perder – mesmo, paradoxalmente, sem ainda ser – nesse Outro, nele se dissolvendo para assim se constituir, isto é, dissolvendo-se/alienando-se na imagem fornecida pelos outros, para poder constituir sua própria imagem. Essa alienação daria lugar ao movimento de separação, ou melhor, permitiria que se instalasse o corte simbólico pelo Outro – nesse momento instanciado por aquele outro que ocupa um lugar na Função Paterna, função de lei, de interdito (Carvalho & Guerra, no prelo).
No autista teria havido, portanto, segundo autores lacanianos, um fracasso no tempo da alienação na constituição do sujeito, o que equivaleria a um fracasso da imagem corporal pela ausência do olhar na relação especular com o outro, ou seja, pela ausência de uma mensagem de reconhecimento no discurso daquele que ocupa a Função Materna – o que, em última instância, resultará no fracasso da instauração da função simbólica, isto é, da constituição do eu (sujeito). Desse modo, o autista teria tropeçado ainda num momento aquém do estádio do espelho, tendo sido, portanto, impedido de vivenciar o momento seguinte – o corte simbólico – onde se daria a sua emergência subjetiva.
Assim, a negação da condição de sujeito ao autismo, acarreta outras negações, como, por exemplo, a de que o autista está fora da língua (Rodriguez, 1999), a de que não se pode falar em corpo, na medida em que ele não entrou no estádio do espelho.
Assumimos, contudo, a posição segundo a qual seria uma condição de natureza estrutural – a antecipação –, isto é, uma condição de possibilidade, de vir-a-ser sujeito, que necessariamente inscreveria vestígios de subjetividade, em qualquer que fosse a patologia, a despeito das lacunas e especificidades que viessem a marcar tal subjetividade.
Ao se negar essa condição estrutural, caberia então indagar – de acordo com Carvalho & Guerra, (no prelo) – sobre o que seria esse ser que, não tendo possibilidade de vir-a-ser sujeito, também não seria integrante do reino não humano, não podendo sequer ter sofrido os efeitos de um olhar ou de um discurso de não reconhecimento.
Essa proposta se apoia em Balbo (2004) que fala numa antecipação virtual do real. Trata-se, portanto, de umavirtualidade que toma outro caminho no autismo. Há, segundo esse autor – que coloco numa citação livre –, uma função simbólica da antecipação do real e de suas virtualidades (p. 133) que, no caso do autismo, encontram um obstáculo. Tal obstáculo (ou tropeço) se impõe, se o outro familiar não tomar a criança no discurso próprio, dando consistência a esse real percebido (p. 137).
Para Balbo (2004, p. 154) todo objeto reenvia o autista, em espelho, a um fragmento do seu corpo. No entanto esse reenvio, embora seja especular, diz o autor, não é unificador.
Desse modo, existiriam, em todo bebê, as antecipações, as virtualidades perceptivas que ficariam suspensas, por conta de algum tropeço, de algum obstáculo, ou melhor, tomariam outro caminho, diferente da trajetória da criança que não se deparou com tal obstáculo. Assim, essas antecipações pressupõem um tipo de espelhamentoque, embora extremamente singular, diferente do que se trata de nomear com esse termo, impede de se considerar o autista como um não sujeito, como um fora da linguagem. Ao mesmo tempo, abre uma fenda por meio da qual as suas verbalizações sejam abordadas do ponto de vista de possibilidades, tentando sair de uma postura de negação, de exclusão, procurando, de algum modo, vencer a resistência na escuta dessas verbalizações com seu caráter singular. Trata-se, enfim, de uma abertura para que se possam abordar manifestações sonoras do corpo do autista.
Musicalidade da voz materna: ritmo e inscrição significante da voz
Retomando a questão do objeto voz, conforme referido antes, convém dizer que foi, a partir da leitura de Scarpa (2005), que ficamos atentas à sua relação intrínseca com a música. Essa autora, citando Didier-Weill (1999) no que toca à pulsão invocante, indica a dupla face – continuidade e descontinuidade – da materialidade fônica da voz materna. Fala então na insistência desse autor "num primitivo do contínuo melódico sonoro que antecipa a segmentação, mas que não é substituído por ela" (p. 26), convivendo assim as duas dimensões: a descontinuidade da lei simbólica tende a ser abolida pela continuidade, isto é, pela pura sonoridade da sonata materna.
Segundo Didier-Weill (1999), "... a passagem ao logos implica o recalque originário do espírito da música", chamando a atenção para "Essa passagem de uma essência dançante a uma existência falante..." (p. 58). Assim, é preciso esquecer esse espírito da música e essa essência dançante para que seja criado um sujeito, ou seja, para que o falante tenha existência. Por sua vez, em alguns momentos, por exemplo, quando o sujeito escuta uma determinada música, esse espírito ou essa essência – ou melhor, essa melodia da voz materna – podem vir à tona, podem retornar, fazendo com que o sujeito sem saber o sentido do que ouve, creia no que ouve. Essa colocação do referido autor está de acordo com o que diz Balbo (2004) sobre a voz que canta, na música lírica, essa voz no que ela tem de mais iletrado, isto é, a voz da mãe: "O que é sempre bem interessante nas óperas é o que se escuta da música e que não se conhece jamais o texto" (p. 172).
Assim, diz esse último autor, para entrar na língua e na fala, é preciso deixar escapar – deixar perder/esquecer/recalcar – a voz e conservar o sentido, o que, entretanto, somente ocorre se o objeto voz se mantém, no sujeito, como inscrição significante. A fala, portanto, exige que a voz seja esquecida/recalcada.
No entanto, continua esse autor, há crianças que resistem a essa perda da voz materna, ou melhor, o corpo da criança (sua pulsão invocante) resiste a essa perda. Trata-se, portanto, de uma resistência oposta pelo corpo da criança (com dificuldades), embora de um modo diferente da resistência oposta pela criança que, em alguns momentos de sua trajetória linguística (sem grandes obstáculos), deixa ver, no embate entre corpo e linguagem(Lemos, 2008), pontos em que seu corpo resiste ao golpe de força que, sobre ele, a palavra imprime. É nessa direção que tentamos abordar as questões colocadas anteriormente. No entanto, para assumirmos, consequentemente, essa abordagem, temos que nos filiar a uma proposta que lhe é anterior: a de que se trata de corpo, e não de organismo. Filiamo-nos, portanto, à proposta daqueles autores segundo a qual não há equivalência entre corpo e organismo biológico ou entre corpo e sujeito psicológico, por exemplo: Leite (2003), Lier-De Vitto (2005), Pereira de Castro & Figueira (2006). Nesse sentido, nos trabalhos de Lier-De Vitto e do grupo de pesquisadoras por ela liderado, vem sendo realçada a questão do corpo pulsional da criança, na investigação dos chamados sintomas de linguagem.
Com base nos autores invocados, podemos inferir a importância de se realçarem as manifestações sonoras do corpo da criança com hipótese diagnóstica de autismo. Assumimos então que, no caso do autismo, também se trataria de um embate entre corpo e linguagem, ou melhor, de uma resistência que o corpo opõe à linguagem. Ao que tudo indica, seria, contudo, uma resistência que o corpo opõe à linguagem, pela via de uma recusa/resistência à perda/esquecimento/recalque do objeto voz materna.
Campos (1994), ao falar sobre a musicalidade da poesia, afirma que a melodia instaura a linearidade, a horizontalidade, poderíamos dizer, instaura a continuidade temporal, sendo, portanto, o ritmo aquilo que rompe essa continuidade, pelo cadenciamento, pela alternância.
Com fundamento no que foi posto até agora, indagamos: poderia ser indicada, na criança autista, alguma relação entre ritmo e significante?
Nessa perspectiva, lançamos mão de Allione (2005) que assume a posição de que o ritmo funda o sujeito. O indivíduo nasceria com uma apetência rítmica que precisaria realizar de diversas maneiras e cuja saída inelutável seria a palavra pronunciada em outros espaços rítmicos. Mencionando uma passagem em que Lacan (1955) evoca o movimento da porta, aberta depois fechada, depois aberta, depois ainda fechada, engendrando uma oscilação, ou seja, uma escansão, aquele autor coloca: "O ritmo é o fundador primitivo do símbolo e, portanto, do significante que cadencia o sujeito. Poderíamos reler à luz disso o texto de Freud sobre o fort-da, e das inumeráveis exegeses que viemos a fazer depois. O fort-da também é rítmico e ritmante" (Allione, 2005, p. 292; tradução nossa).
No item que se segue, numa tentativa de abordar empiricamente a questão formulada antes, recortaremos alguns exemplos de manifestações verbais de uma criança – Carlos – que apresenta grave obstáculo em sua trajetória linguística, consistindo, no caso, numa hipótese diagnóstica de autismo.
O que Carlos tem a nos dizer sobre uma relação entre ritmo e significante?
Carlos é o nome fictício de uma criança de quatro anos e meio que chegou a uma instituição de acompanhamento terapêutico da cidade em que mora, com hipótese diagnóstica de autismo. Recortamos algumas das manifestações dessa criança, em várias sessões de terapia, as quais foram registradas em vídeo quinzenalmente, durante o período de seis meses, fazendo parte de um Banco de Dados.1 Nessas sessões, Carlos apresenta, de forma dominante, muitos movimentos corporais (com ou sem vocalização), bem como expressões verbais com a marca de ecolalia.
Repetidas vezes, movimenta-se de um lado a outro e titubeia os dedos das mãos. Algumas vezes, emitiu vocalizações ininteligíveis e, outras vezes, ficou de costas para a terapeuta, parecendo não escutar o que ela falava, chegando a fechar os olhos, em certa ocasião, ou ainda permaneceu em silêncio, olhando para um objeto, parecendo não escutar o apelo da terapeuta que, insistentemente, chamava pelo seu nome; em vários momentos, repetiu fragmentos da fala da terapeuta. Essas manifestações da criança se encaixavam bem nas definições e conceitos tão comuns na literatura sobre o tema da linguagem no autismo, como por exemplo: ecolalia, estereotipia, rigidez, inflexibilidade. Recortaremos, contudo, episódios que pretendem exemplificar alguns tipos de manifestações rítmicas de Carlos as quais pudemos escutar como sendo quebras ou rupturas naquelas manifestações dominantes no menino, ou melhor, que pudemos escutar na sua singularidade, ao mesmo tempo em que nos deparamos com alguns efeitos significantes. Daremos, portanto, destaque a tais efeitos assumindo, sobretudo, que se trata apenas de uma tentativa, de uma diretriz para uma maneira de escutar o autista em sua singularidade.
Numa determinada sessão, o menino repete um fragmento (room, room) de uma sonorização (uma onomatopeia) que a terapeuta produziu (room, room, bi, bi) para acompanhar, de forma ritmada, um movimento que ele fazia com um objeto (empurrar um carrinho). Esse movimento terminara fazendo parte de um jogo em que a terapeuta, ao empurrar o carrinho, produzia parte da expressão onomatopaica (room, room) e a criança a complementava com a outra parte (bi, bi), de forma ritmada. Em outras palavras, desse ritmo ou cadência participam a produção verbal da terapeuta e a da criança, bem como os movimentos sobre o objeto realizados por cada uma, como exemplifica o episódio 1. Convém referir que a criança, várias vezes, empurrava o carrinho com uma parte do seu corpo: com a boca, com o queixo, com os pés etc.
C = criança T = Terapeuta
Episódio 1 (C – quatro anos e sete meses)
T: Rom, rom, rom, bi, biii!
C: Rom, rom, rom. [Empurrando o carrinho]
T: Rom, Rom, Rom [mais rapidamente]. Eu vou fazer nesse carro [Pega um carro de brinquedo]. Esse é o meu carro. Rom, rom, rom, bi, biii [Empurra o carro na direção da criança]
C: [Deitado no chão, olha para o lado oposto da terapeuta e do carrinho]
T: [Empurra novamente o carro na direção da criança] Rom, rom, rom, bi, biii! [o carro bate na criança]
C: [Vira-se e empurra o carro na direção da terapeuta]
T: Rom, rom, rom, bi, biii! [Empurra o carro para a criança]
C: [Deitado no chão, empurra novamente o carro na direção da terapeuta]
T: [Segurando o carro por instantes] Rom, rom, rom
C: Bi, bii!
Parece importante realçar que a criança, no início de outra uma sessão de terapia (episódio 2), produz a – cabou, após a terapeuta ter falado sobre cantar uma música. Tal produção fragmentária traz a marca de uma equivocidade; poderia, ao que parece, referir-se tanto a um fragmento verbal da cena do término das sessões em que a terapeuta produz, frequentemente, enunciados que contêm acabou, como poderia ser o fragmento de uma canção (ciranda, cirandinha) cantarolada em sessões anteriores. A terapeuta a interpreta, contudo, como demanda da música ciranda, cirandinha e canta essa canção, parando sempre num determinado ponto (a...) que a criança complementa com cabou.
Episódio 2 (C – quatro anos e dez meses)
T: Tu nem me ajudou desta vez.
C: [Corre em direção à casinha de brinquedo]
T: Tu nem me ajudou a cantar a música.
C: [Pega um brinquedo que estava no chão próximo a casinha e anda em direção à terapeuta]
T: Tu tava mais interessado na máquina de filmar.
C: A – cabou, A-cabou
T: Então tá bom. Agora, presta atenção. Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar. Vamos dar a meia volta. Volta e meia vamos dar. O anel que tu me desse era fino e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se a...?[Bate com os pés no chão fazendo som]
C: [Pega a espada na carroceria do carro grande] Cabou
T: Eita! Muito bem C.
No episódio 3, Carlos produz a expressão deixa aí e, imediatamente, puxa aí. Provavelmente, deixa aí retornou, na manifestação verbal de C, como um fragmento verbal de cenas anteriores em que a terapeuta produziu: deixa aí, deixa aqui, deixa vir, deixa ir etc.
Por sua vez, o termo puxa da expressão puxa aí do episódio 3 teria retornado como um fragmento verbal de uma canção conhecida de C (Gata pintada). Após essa produção de C, a terapeuta começa a cantar a música e, em seguida a criança passa a cantá-la, fazendo o movimento ritmado de beliscar a mão.
Episódio 3 (C – cinco anos e dois meses)
C: [Bate com as mãos rapidamente nas costas. Pega uns bonecos]
C: Deixa aí. deixa aí. [Põe os bonecos ligados pela cabeça] Puxa aí.
T: Ah, puxa aí. [Canta Gata Pintada]
T: Canta. Agora é tua vez.
C: [Canta, fazendo o movimento de beliscar a mão. Canta a música toda e fica fazendo puxou, puxou]. "Amanhã, amanhã. Amanhã". "Amanhã, amanhã. amanhã" [Faz barulhos internos na garganta] "Rrum, rrum. [Senta-se na outra cadeira e canta Gata pintada]
T: Agora eu vou cantar outras músicas com os palhaços [Canta a música Ciranda, cirandinha]
C: Completa a música na última palavra.
O que mais chamou nossa atenção foram tanto o fato de que, no episódio 3, o deixa convocou o puxa que possui o mesmo morfema final /xa/, como também o fato de que, após a produção de puxa – no episódio 4, a seguir –, a criança produziu várias palavras com esse mesmo morfema, em posição inicial. Poderíamos dizer que a repetição diferida do fragmento puxa teria dado lugar a uma transformação significante em que o morfema /xa/ teria circulado por vários termos, mudando também de posição e tendo provocado um efeito de surpresa no investigador.
Episódio 4 (C – cinco anos e três meses)
C: [Tenta colocar a caneta, em pé, no cume da casa. Senta-se. Aperta as pernas entrelaçadas.] Ra, a, ra [Silêncio] Puxa, xu, xape.
T: Cha – ca?
C: [Olha para a terapeuta]
T: Xu, cu, chá?
C: Xaspion
T:Ah!, é xaspion
C: Xa, xion, pi.
T: Xeigeman.
C: Xaspion. [Olha para a terapeuta]
T: Xeigeman
C: Xaspe
T: Xaspe
No nosso entender, dois pontos merecem realce, antes de passarmos ao item seguinte. Primeiramente, os episódios destacados apontam para formas não somente heterogêneas, mas também surpreendentes, imprevisíveis, pelas quais reconhecemos que a criança está envolvida num movimento rítmico, isto é, pelas quais reconhecemos que suas manifestações obedecem a uma alternância rítmica. Em outras palavras, tais manifestações, embora raras e pontuais, surpreenderam-nos, permitindo-nos reconhecer a sua singularidade, ao quebrarem, em nossa escuta, concepções tradicionais ligadas ao rótulo de autista. Em segundo lugar, chamou-nos a atenção os ecos significantes que ressoam nessas alternâncias, fazendo-nos apreender um entrecruzamento entre essas alternâncias. Explicando melhor, palavras como acabou e puxa que aparecem, em determinados episódios, compondo canções ou jogos rítmicos, realizados entre a criança e a terapeuta, reaparecem em outros episódios, em outras composições. Talvez se possa falar no início de uma circulação significante nesses cruzamentos, como parecem indicar os episódios recortados. Nesse sentido, realçamos o episódio 4 em que – a partir de um jogo onde significantes se alternam entre a terapeuta e a criança, na cançãoGata pintada (episódio 3) –, o morfema /xa/, desprendendo-se de puxa, circula entre os vários significantes estranhos, inusitados, produzidos por Carlos. A alternância, nesse caso, estaria restrita à constante mudança de posição da criança, ou melhor, ao seu constante deslocamento entre a posição daquele que fala e a posição daquele que escuta a fala do outro.
Algumas palavras finais
Este artigo teve a pretensão de constituir mais um estudo que procurou sair do negativismo com que tem sido tratada a questão do autismo, imprimindo-lhe, portanto, nessa procura, uma marca de possibilidades. Por sua vez, pretendeu-se também reafirmar a proposta de que não se poderia falar em criança que se situasse fora da linguagem, ou melhor, cujo corpo não fosse capturado pelo funcionamento linguístico/simbólico, mesmo que tal captura ocorresse de modo singular.
Mais especificamente, este estudo pretendeu mostrar que, embora de forma muito singular e precária, a criança com hipótese diagnóstica de autismo, em momentos raros, fragmenta a fala do outro, fazendo circular esses fragmentos, tendo-se destacado, nessa fragmentação, o papel da música, sobretudo no seu aspecto rítmico.
Nas manifestações de Carlos, dominam os movimentos corporais repetitivos (com ou sem sonorizações) e as ecolalias. No entanto, como foi mostrado, mesmo de forma pontual, em meio a tais manifestações, a criança recorta fragmentos da fala do outro e, em momentos raros, nas manifestações verbais do menino, esses fragmentos se movimentam, circulam e se transformam.
Pretendemos destacar os momentos em que essa circulação parece ocorrer na fala de Carlos, no corpus de que dispomos: realçamos, portanto, aquelas cenas em que se fazem presentes, algumas vezes, a melodia e/ou o ritmo. Isso nos faz assumir a hipótese, com base em Didier-Weill (1999) e em Scarpa (2005) do papel fundamental desempenhado – na trajetória linguística da criança – pela musicalidade da voz materna em que continuidade e descontinuidade são indissociáveis.
Poderíamos supor que crianças com hipótese diagnóstica de autismo, por algum motivo, teriam ficado presas à musicalidade da voz do outro, o que teria constituído um obstáculo a sua trajetória linguística. Supomos, contudo, por mais paradoxal que possa parecer, que essa mesma musicalidade constituiria momentos privilegiados em que elas poderiam se movimentar, embora de forma bastante singular.
Os movimentos destacados nos fazem também assumir a hipótese de que o ritmo funda primitivamente o significante, levando-nos, assim, a finalizar esta discussão com a seguinte pergunta: não seria o ritmo, componente descontínuo da música, um meio inicial pelo qual o objeto voz pudesse vir a se manter, no corpo da criança com diagnóstico de autismo, como inscrição singular do significante?
Referências
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Recebido/Received: 4.10.2011 / 10.4.2011
Aceito/Accepted: 13.12.2011 / 12.13.2011 Financiamento/Funding: Esta pesquisa é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq / This research is funded by National Council of Technological and Scientific Development – CNPq.
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